segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ele se foi



"Não houve uma despedida digna. Ele simplesmente partiu sem avisar. E eu fiquei imobilizado. Sem reação clara, por alguns minutos, tentando acreditar que aquela evidência fosse apenas alguma confusão de minha vista ou de minha memória. Mas não era um equívoco. Era real. Ele se foi de verdade. Sumiu..."



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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Conexão Subterrânea 94

Nesta edição:

- Prospecção no encontro do Rio Pilões e Ribeirãozinho/Buenos (Iporanga/SP)
- Colômbia: um maravilhoso carste praticamente desconhecido
- EspeleoInfo – Informativo Cecav
- Edital para contratação Cecav
- Notas de falecimento - perdas importantes para a espeleologia nacional
- Desejo de matar
- Caverna aparece na listagem de 20 destinos para aventureiros da National Geographic
- Petrobras e Vale avaliam parceria para projeto em SE
- Neandertais construíam casas com ossos de mamute
- Morcegos ameaçados pelo desconhecimento
- I Congresso Latino-americano de Espeleologia será realizado na Argentina
- Centro Excursionista Universitário (CEU) pode fechar por falta de pessoas para assumir a administração
- Governo elabora edital para uso turístico de quatro unidades de conservação do Amazonas
- Novo equipamento – Kinect - revoluciona captação de imagens 3D
- Jovem fica presa pelos cabelos durante rapel a 30m de altura, no Paraná
- Espaço Cartoon

Para fazer download do Conexão acesse o link:
http://www.redespeleo.org.br/admin/arquivos/74059134_Conexao_Subterranea_n94.pdf

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Prospecção no encontro do Rio Pilões e Ribeirãozinho/Buenos

Primeira cahchoeira do Rio Pilões

O Zé e sua família continuam nos tratando bem, então a gente volta! Dia 7 e 8 de janeiro, Cezinha, Zé, Iscoti e Eu (Marcos) voltamos à Bulhas D’água para prospectar a região e estrear o novo trator verde do Zé, mais rápido e garboso que o simpático vermelhinho.

Novo trator do Zé

Duas grandes manchas nas renovadas imagens do Google Earth fizeram nossa imaginação ir longe e então partimos em direção ao que seria uma grande caverna no encontro dos rios Pilões e Ribeirãozinho/Buenos.

Região de bulhas e o percurso da caminhada

Com pesar deixamos para trás a casa dos guardas na sede de Bulhas, agora desabitada e esquecida às ruínas do tempo e seguimos em direção à primeira cachoeira do Rio Pilões. A trilha tranquíla ficava mais íngreme na aproximação da Gruta da Lontra. Uma parada para fotos e indagações sobre possíveis conexões e continuamos a caminhada pelo leito do rio.

Rio Pilões

Gruta da Lontra
Escorregando pela encosta para evitar a grande cachoeira, alcançamos a sua base. Observamos uma pequena gruta na margem esquerda do rio e as estruturas de uma antiga galeria de caverna, interceptada pela cachoeira. 
Cachoeira no Rio Pilões

Cachoeira no Rio Pilões

Seguimos em direção ao encontro dos rios pelo meio do vale e aproveitamos uma parada para olhar um grande paredão na margem esquerda, onde o Pilões faz a curva. Checando apenas a base do primeiro patamar encontramos algumas pequenas cavidades e um rio encachoeirado que poderia ser o Córrego Feital ressurgindo, necessita ser checado.

Paredão na margem esquerda do Rio Pilões

Encontro dos rios Pilões e Ribeirãozinho/Buenos

Encontro dos rios Pilões e Ribeirãozinho/Buenos

Apesar dos urros da chuva decidimos seguir pelo vale da Ribeirãozinho a voltar pela trilha da ida. Enquanto tropeçávamos nos blocos do rio observávamos os paredões virgens que atiçam nossa curiosidade. Estará lá a grande caverna? 

Ribeirãozinho/Buenos

Por enquanto encontramos apenas uma pequena cavidade às margens do Rio, Gruta da Primeirinha, uma galeria de 10m com muitos morcegos, um pequeno curso d’água e interrompida por blocos. Um grande abrigo com pequenos patamares na margem direita do Ribeirãozinho, cenicamente linda, mas sem continuação, nos animou por alguns instantes. 

Abrigo na margem direita do Vale da Ribeirãozinho

Seguimos subindo o rio e procurando a ressurgência do Rio Buenos, que deve sair da Gruta Buenos IV em algum ponto do vale. Suspeitamos de um amontoado de blocos logo antes do rio ressurgir no leito, neste ponto o rio corre totalmente por baixo dos blocos deixando o leito seco, ou mais acima na junção com o Ribeirãozinho, o que é mais provável. Nada de conclusivo.

Blocos no leito do Ribeirãozinho e preocupação com a chuva

A chuva só fez medo mas não alterou o volume d’agua e logo chegamos na trilha da Ribeirãozinho III, completando a travessia do vale. Uma parada para recarregar energia e seguimos firmes para o alto e avante, chegando ainda com luz na estrada.

Ribeirãozinho
Após passar frio na carreta do trator, fomos recebidos com milho assado e uma bela janta preparada no forno à lenha. Então a gente volta...


Desejo de matar


Tool, o deformado Mickey Rourke de Sin City e 9 1/2 Semanas de Amor, é brutalmente assassinado e  seus companheiros prometem vingança e de quebra salvar a humanidade de um cruel ditador
Este original enredo é a desculpa para reunir um bando de caras-de-mau-em-fim-de-carreira em mais um caça níqueis cinematográfico, quem sabe a turma* mais barra pesada do cinema pós Charles Bronson e seu eterno desejo de matar.

Considerada um dos mais importantes habitats naturais para morcegos na Europa, a Caverna Devetashka foi cenário para as gravações do filme Mercenários 2 e segundo o centro de proteção e estudos de morcegos da Bulgária, diversos morcegos foram encontrados mortos após as filmagens e sua população teria sido reduzida a 1/4, de 30.000 para 8.000. 


Realizada durante o período de hibernação dos morcegos as filmagens teriam violado leis de proteção ambiental e causado diversos problemas ao meio ambiente da caverna e entorno com cortes de vegetação, ruídos e distúrbios pela presença de um grande número de pessoas e equipamentos.

Em troca de um valor irrisório a permissão teria sido dada por um órgão ambiental local sem poder para tal e sem a autorização do órgão Europeu de Conservação de Morcegos. 

foto: Nikola Grancharov/Wikimedia

Durante o Curso Internacional de Impactos Ambientais e Manejo em Carste e Cavernas, em Belo Horizonte, George Veni citou o filme e solicitou que façamos protestos contra ele pelos impactos causado à Caverna e sua fauna. Mesmo sem provavelmente afetar a sua bilheteria deveríamos fazer nossa parte recusando-nos a assistir e incentivando que outros o fizessem em protesto ao impacto e pouco caso da produção do filme em relação à caverna.

*Sylvester Stallone, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger, Chuck Norris, Jean-Claude Van Damme, Dolph Lundgren, Jet Li entre outros


Para saber mais: 

Curso Internacional de Impactos Ambientais e Manejo em Carste e Cavernas - Dr. 
George Veni

Entre os dias 23 e 27 de novembro de 2011 aconteceu em Belo Horizonte o Curso Internacional de Impactos Ambientais e Manejo em Carste e Cavernas, ministrado pelo Dr. George Veni e organizado pelo Instituto do Carste.

Visita à Gruta da Lapinha


Visita ao lixão de Matozinhos

Doutor em geologia, Diretor Executivo do National Cave and Karst Research Institute dos EUA e com vasta experiência como consultor ambiental e pesquisador, George Veni é um dos maiores especialistas do mundo no tema.

O curso foi dividido em três dias de teoria no auditório do Ibama e dois dias de campo, na região de Lagoa Santa na qual foram visitados, entre outros, o aterro sanitário (na verdade um lixão) da cidade de Matozinhos, uma mineração de calcário desativada, o Parque do Sumidouro, a zona urbana de Lagoa Santa e a Gruta da Lapinha. Com um conteúdo bastante amplo, da geologia à ocupação urbana e ao manejo de áreas cársticas e sempre enfatizando que as áreas cársticas são complexas, composto por diversos elementos interconectados e que não podem ser reduzidas às suas partes em qualquer análise.


mineração desativada


Gruta Rei do Mato

George fez questão de destacar o papel da água nos processos e sua importância para manutenção do equilíbrio do sistema cárstico, além do controle dos fatores de impacto, do uso de recursos, da poluição, da urbanização entre outros. Falou do conceito de manejo, de que manejamos o uso, a atividade e não o recurso, o carste ou a caverna. E que, portanto, devemos adaptar o uso ao recurso e sempre baseados em pesquisa científica e não em nossas crenças pessoais. Ou seja algo que possa ser medido, testado e analisado.

George insistiu bastante em alguns temas e muitas vezes aproveitou os comentários dos participantes para dar seus recados. O primeiro é da educação ambiental. A importância do envolvimento das populações locais, dos visitantes e dos pesquisadores para que as ações dêem certo. E fundamental informar corretamente para que as pessoas conheçam e preservem o patrimônio natural, em especial sobre a sua gênese, morfologia e importância.


dolina na região urbana de Lagoa Santa

 
Parque do Sumidouro

Outro “conselho” do George é de que devemos ter uma postura proativa e propositiva, que apenas reclamar e apontar problemas não resolve. E para finalizar, disse, aos que reclamam do governo, que devemos ter uma postura política crítica para mudanças na legislação de proteção do patrimônio natural. Quem não gosta de políticos não se pode deixar comandar por eles.

Vale destacar a sua simpatia, didática e o empenho em ser extremamente compreensível, inclusive com um inglês sem sinal de sotaques, esforço pessoal em suas palestras pelo mundo. Enfim, uma grande oportunidade de aprendizado e troca de ideias, que continuava nos bares com os amigos de Belo Horizonte, Brasília, São Paulo...

uma das confraternizações em BH

Um agradecimento ao Instituto do Carste e aos patrocinadores pela realização do curso e à Cooperação Técnica entre a SBE, VC e RBMA pelo apoio à participação. Ao Augusto Auler pela ajuda nas traduções e pelas informações durante a parte teórica e no campo. E em especial ao Allan Calux pela hospedagem e amizade. 

Para saber mais: