Quando uma caverna está sendo explorada, geralmente, o
grito de “continua!” é recebido com entusiasmo pela equipe, mas nem sempre é assim. As vezes, a complexidade de uma caverna é tanta que os espeleólogos comemoram mesmo é quando o grito anuncia um conduto sem laterais ou novas continuações. Na caverna Toca dos Ossos, em Ourolândia, norte da Bahia, é assim. Seu processo de formação ocasionou uma morfologia particular, com centenas de condutos caóticos, se desenvolvendo em diferentes níveis e direções. Em alguns pontos, vastos salões com teto a meia altura e sem laterais aparentes transformam o mapeamento em uma baita dor de cabeça. Este labirinto subterrâneo fez com que a caverna estivesse até hoje sem um mapa produzido, embora a topografia tivesse sido iniciada por diferentes grupos em outras épocas.
Entre Dezembro de 2013 e Janeiro de 2014 cerca de vinte espeleólogos do Grupo Bambuí se dedicaram ao mapeamento detalhado da Toca dos Ossos. Uma topografia anterior, do mesmo grupo, apresentava a
caverna com cerca de 2km de extensão. O mapa mostrava um grande conduto
freático e inúmeras possibilidades de continuações laterais. Hoje, com a
conclusão da expedição, a nova topografia apresenta mais de 16km de galerias
exploradas, colocando a Toca dos Ossos entre as maiores cavernas do Brasil.
O mapeamento foi motivado pela reedição do livro “As Grandes
Cavernas do Brasil” e contou com o apoio de uma mineradora local, com interesse
na delimitação das áreas de amortização e proteção ambiental. A complexidade da
caverna exigiu um processo diário de lançamento dos dados de campo e revisão
imediata dos erros e dúvidas topográficas junto às equipes. A
técnica acabou se tornando em uma tradição diária, visto o entusiasmo e a
ansiedade de ver a linha de trena crescendo durante a própria expedição.
Foram oito intensos dias de muito trabalho, mas também de diversão, cerveja, amizade, compartilhamento e (embora pouco) descanso.
Foram oito intensos dias de muito trabalho, mas também de diversão, cerveja, amizade, compartilhamento e (embora pouco) descanso.
Lavra interrompida - a poucos metros abaixo da retirada de calcário encontram-se dezenas de condutos.
Equipe de topografia quase inteira (faltando Jussy e Malone).
Equipe de forró, banda "Trio Ourolândia".
Luciana se espremendo na conexão entre dois condutos da caverna.
Conduto freático principal, próximo a uma das três grandes dolinas da caverna.
Uma das laterais do grande conduto freático.
Conduto típico, com cerca de 1m de altura e morfologia "esponjosa".
Salas superiores, com inúmeras possibilidades de continuações.
Luciana e Adelino avaliando a topografia de uma abismo
(fenda para conduto freático).
(fenda para conduto freático).
Abismo (fenda) ligando um salão superior com o conduto freático da gruta.
Equipe de topografia após parada para lanche.
Revivendo a topografia através do croquis e da cerveja.
Tradição noturna de lançamento de dados, correções e planejamento do dia seguinte.
Linha de trena final (16km de labirinto subterrâneo).
Trena plotada sobre a superfície: galerias se estendendo abaixo da Lavra e da estrada.