domingo, 12 de janeiro de 2014

Mapeamento da caverna Toca dos Ossos

Quando uma caverna está sendo explorada, geralmente, o grito de “continua!” é recebido com entusiasmo pela equipe, mas nem sempre é assim. As vezes, a complexidade de uma caverna é tanta que os espeleólogos comemoram mesmo é quando o grito anuncia um conduto sem laterais ou novas continuações. Na caverna Toca dos Ossos, em Ourolândia, norte da Bahia, é assim. Seu processo de formação ocasionou uma morfologia particular, com centenas de condutos caóticos, se desenvolvendo em diferentes níveis e direções. Em alguns pontos, vastos salões com teto a meia altura e sem laterais aparentes transformam o mapeamento em uma baita dor de cabeça. Este labirinto subterrâneo fez com que a caverna estivesse até hoje sem um mapa produzido, embora a topografia tivesse sido iniciada por diferentes grupos em outras épocas.

Entre Dezembro de 2013 e Janeiro de 2014 cerca de vinte espeleólogos do Grupo Bambuí se dedicaram ao mapeamento detalhado da Toca dos Ossos. Uma topografia anterior, do mesmo grupo, apresentava a caverna com cerca de 2km de extensão. O mapa mostrava um grande conduto freático e inúmeras possibilidades de continuações laterais. Hoje, com a conclusão da expedição, a nova topografia apresenta mais de 16km de galerias exploradas, colocando a Toca dos Ossos entre as maiores cavernas do Brasil. 


O mapeamento foi motivado pela reedição do livro “As Grandes Cavernas do Brasil” e contou com o apoio de uma mineradora local, com interesse na delimitação das áreas de amortização e proteção ambiental. A complexidade da caverna exigiu um processo diário de lançamento dos dados de campo e revisão imediata dos erros e dúvidas topográficas junto às equipes. A técnica acabou se tornando em uma tradição diária, visto o entusiasmo e a ansiedade de ver a linha de trena crescendo durante a própria expedição.

Foram oito intensos dias de muito trabalho, mas também de diversão, cerveja, amizade, compartilhamento e (embora pouco) descanso.

Lavra interrompida - a poucos metros abaixo da retirada de calcário encontram-se dezenas de condutos.
Lavra interrompida - a poucos metros abaixo da retirada de calcário encontram-se dezenas de condutos.

Equipe de topografia quase inteira (faltando Jussy e Malone).

Equipe de forró, banda "Trio Ourolândia".

Luciana se espremendo na conexão entre dois condutos da caverna.

Conduto freático principal, próximo a uma das três grandes dolinas da caverna.

Uma das laterais do grande conduto freático.

Conduto típico, com cerca de 1m de altura e morfologia "esponjosa".

Salas superiores, com inúmeras possibilidades de continuações.

Luciana e Adelino avaliando a topografia de uma abismo
(fenda para conduto freático).

Abismo (fenda) ligando um salão superior com o conduto freático da gruta.









Equipe de topografia após parada para lanche.

Revivendo a topografia através do croquis e da cerveja.

Tradição noturna de lançamento de dados, correções e planejamento do dia seguinte.

Linha de trena final (16km de labirinto subterrâneo).

Trena plotada sobre a superfície: galerias se estendendo abaixo da Lavra e da estrada.