Texto: Daniel Menin e Leda Zogbi
Entre os dias 13 e 20 de Fevereiro de 2021 foi realizada mais uma expedição espeleológica na região de Natalândia. O município está localizado no Noroeste do Estado de Minas Gerais, a 585km de Belo Horizonte, 266 de Brasília e 998km de São Paulo.
A expedição foi organizada voluntariamente pela espeleóloga Leda Zogbi. Contou com a participação de diferentes grupos de espeleologia (Meandros, EBG e Bambuí) e apoio do poder público local cedendo estrutura para acampamento e instalação das equipes. A viagem teve como objetivo dar andamento em uma topografia iniciada em 2020 e documentar outras cavernas da região.
Entre as descobertas, destaca-se a caverna do Alto da Serra, uma gruta de amplas salas e uma ressurgência subterrânea. Sem referências espeleológicas, a caverna já era conhecida e visitada pela população local. Atenção especial também para a abundância de pinturas rupestres na entrada de algumas cavidades (incluindo o conhecido sítio arqueológico de Columbia (Iphan-MG) e às interferências na Lapa da Pantera, que além de pinturas em sua entrada foi possível encontrar vestígios de mineração rudimentar.
A região de Natalândia possui um relevo cárstico exuberante, com afloramentos verticalizados entre uma paisagem de matas e fazendas de criação de gado.
A geologia regional, é atribuída ao período Pré-Cambriano, pertencentes ao supergrupo São Francisco, Bambuí, Paranoá e Subgrupo Paraopeba (COMIG, 2003 apud XAVIER, 2008). Os carbonatos fazem parte, na sua maioria, do Subgrupo Paraopeba, pertencente ao Grupo Bambuí, cuja deformações datam do Proterozóico inferior (540 milhões de anos). A região representa relevante acervo de informações arqueológicas em sítios de superfície, abrigos e em cavernas (XAVIER, 2008). Em uma gruta de Unaí (Caverna do Gentio) foi descoberta uma múmia de 3.500 anos, o que pode nos revelar importantes partes sobre a ocupação humana na região (UIANET, 2019).
Análises de satélite revelam que a região tem potencial para muitas outras expedições, com áreas ainda inexploradas do ponto de vista espeleológico.
Os valores histórico, cultural, paisagístico e científico também são evidentes, o que pode estimular novos estudos no contexto de geoconservação, manejo, investigações científicas e educação ambiental.
Outras viagens deverão ser organizadas em breve para dar continuidade nas topografias em andamento, documentação e novas prospecções.
Referências:
XAVIER, Leandro Augusto Franco. Arqueologia do Noroeste Mineiro: análise de indústria lítica da bacia do Rio Preto-Unaí, Minas Gerais, Brasil. 2008. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
UIANET - Conheça Acauã, a múmia unaiense de 3.500 anos. 2019. Disponível em: https://unainet.com.br/conheca-acaua-uma-mumia-brasileira/
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Uma das fotos mais marcantes: a ressurgância na Caverna do Alto da Serra
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Afloramentos verticalizados são uma característica do carste da região (Foto Leda Zogbi). |
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Ampla sala de abatimento na Caverna do Alto da Serra
| Ampla sala de abatimento na Caverna do Alto da Serra. Até o presente momento, a caverna de maiores volumes da região. |
| Caverna do Alto da Serra e algumas salas bastante ornamentadas. |
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Trilha de acesso à caverna, uma íngrime descida margeando o paredação da ressurgência
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Uma das entradas na Caverna 6 Bocas. Além da entrada, é possível observar na imagem um jardim suspenso sobre uma clarabóia. |
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A mesma entrada (Caverna 6 Bocas) pela perspectiva interna. |
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Interior labiríntico da Lapa da Pantera. Grande concentrações de guano e labirintos em diferentes níveis tornam o mapeamento deste setor da caverna um desafio. |
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Ossos encontrados no interior da Lapa da Pantera. Provavelmente uma vaca acidentada entre grandes blocos próximo à entrada. |
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Pinturas rupestres no sítio arqueológico da Caverna Columbia, em Unaí. A entrada e os paredões estão repletos de pinturas e vestígios da ocupação humana. |
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Painel de pinturas na Caverna Columbia. Os desenhos se encontram em diferentes níveis e alguns deles mais afastados e escondidos. |
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Condutos labirínticos na Lapa da Pantera revelam contatos e mergulhos do carbonato. |
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Vestígios de mineração rudimentar encontrados no interior da Lapa da Pantera. Mesmo os condutos mais distantes da entrada sofreram intervenções para extração de algum material.
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Condutos labirínticos na Lapa da Pantera. |
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Parte dos espeleólogos no final de um dia de mapeamento.
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Topografia formando rede de condutos labirínticos também representa um desafio para o mapeamento. |