segunda-feira, 11 de julho de 2022

Descobertas nas cavernas do Diabo e Laje Branca revelam potencial das escaladas subterrâneas

Por Daniel Menin

Entre os dias 26 e 30 de Abril foi organizada mais uma expedição ao Alto Vale do Ribeira. Os objetivos da viagem se dividiram entre trabalhos na Unidade de Conservação do PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira) e no Parque Estadual da Caverna do Diabo (CAD).

No PETAR os trabalhos se concentraram em uma visita de documentação na Caverna Ouro Grosso e na continuidade das explorações verticais de mapeamento na Caverna Laje Branca, realizada pelo grupo de espeleologia Meandros. Nesta última, uma escalada realizada em um conduto afluente levou a equipe a galerias ainda inexploradas e de difícil acesso, mas com relevantes trechos descobertos e mapeados. Um conduto ativo se desenvolve afastando-se da caverna em um ângulo que varia entre 40 e 60 graus de inclinação. Trechos amplos e com vento indicam que novas descobertas estão por vir em viagens futuras para continuidade do trabalho. Toda a subida foi realizada com o uso de equipamentos de escalada artificial sendo muito difícil a progressão sem estes recursos. Participaram da escalada os espeleólogos Daniel, Maria, Allan Calux, Thiago Lima e o norte americano John Fioroni da The Cave Exploration Society, de Boston.

Outra atividades realizada foi de documentação fotográfica na Caverna Ouro Grosso, no contexto de projeto de inventário e geração de materiais de comunicação científica e educação.

Croquis de parte do conduto escalado na Caverna Laje Branca (PETAR)

Um dos garrafões na Caverna Ouro Grosso documentados durante a atividade

Na caverna do Diabo (Gruta da Tapagem)

Já no Parque Estadual da Caverna do Diabo as atividades foram de continuidade do trabalho de mapeamento conduzido pelo Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas. Com o mapa desenhado, sobraram algumas possibilidades de exploração em pontos de escalada e trechos de maior dificuldade de acesso. A viagem se concentrou em 4 pontos, escalando partes no Lago do Silêncio, a parede do Salão Meca, uma lateral no conduto de rio e um salão superior cuja entrada é visível a partir do Delta 8. As primeiras escaladas não renderam continuidades relevantes, mas a última levou à descoberta de um novo salão para a caverna.

Embora a entrada estivesse visível a quem passasse pelo local, o salão descoberto não estava em nenhum mapa anterior e sequer haviam traços de visitas anteriores. Provavelmente por conta de seu acesso ser bastante difícil, aparentemente acessível apenas através de uma escalada em negativo. 

Após estudar possíveis rotas de acesso, a equipe decidiu investir por um caminho lateral, em uma escalada mais fácil, e então acessar o conduto pelo lado, através um corrimão.  A estratégia foi bem sucedida e o salão topografado na tarde do dia 01 de Maio.  Estavam na escalada 2 espeleólogos do Bambuí (Daniel e Maria) e um do Grupo Mandurí (Maurício), além de uma equipe de apoio formada por mais 2 espeleólogos (Priscila, do Bambuí e Eduardo, Mandurí).

A primeira parte da escalada foi realizada livremente pelo Maurício, com segurança a partir de baixo. Uma vez acessada uma parede vertical e com poucos apoios, o percurso foi concluído por mim (Daniel) com o uso de equipamentos de escalada artificial (furadeira, parabolts e multimontes). 

Pouco a pouco a Caverna do Diabo deve somar mais alguns metros em sua Projeção Horizontal, hoje com 8.650m.

Novas viagens devem ser organizadas pelo Grupo Bambuí tanto para a continuidade das pendências na Caverna do Diabo quanto na Caverna Laje Branca, entre outras frentes abertas na região no Lajeado e em Bulha D'água, PETAR.


Croquis do salão "Maumandú", descoberto após escalada na Caverna do Diabo.

Perfil do novo salão. O ponto de escalada foi a partir do Delta 8, visível à direita do croquis.