segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Gouffre Gros Gadeau - França


Cidade: Pequena vila próximo de Besançon – Montrond le Château;
Departamento: Dobs – Ao Norte da região do Jura;

Saída de final de semana junto ao Speleoclub de Paris.

Mais uma vez paramos o carro bem próximo à entrada da gruta. Após alguns passos (isto mesmo, o carro estava a metros da caverna) na beira da estrada chegamos à uma dolina e à cavidade. Logo na entrada da caverna, como já é de costume na região, podemos observar um cartaz de advertência dizendo os riscos e perigos da mesma prevenindo assim entrada de turistas ou espeleólogos não preparados. Ao adentrar na caverna um bonito lance de cerca de 15m da acesso a uma sala de onde continua-se a descida por outro poço mais à direita. Apesar de parecer bastante ativa, a caverna de Gros Gadeau não era conhecida como uma caverna perigosa até que em Novembro de 1996 foi palco de uma dramática operação de resgate durante o alagamento de suas galerias em uma tromba d´agua, frequente em épocas de chuva. Nossa descida foi relativamente tranquila. Olivier foi na frente equipando a caverna enquanto que eu e o outros espeleólogo seguíamos atrás. Descíamos sucessivos poços em meio a cachoeiras de pouco volume mas o suficiente para nos deixar completamente molhados já no primeiro lance. Olivier tanto estava compenetrado com as amarragens que nem percebeu a presença de uma serpente, em um pequeno lago, entre seus 2 pés e logo abaixo de dois spits. Ao meio do barulho d´água das cachoeiras e com um francês bem meia boca tentei explicar para ele a presença da cobra e perguntar se ele a tinha visto. Sem dar muita bola ou por não ter entendido ele sorriu e continuou a equipagem, descendo logo em seguida.
Chegamos até o fundo dos maiores puits, a cerca de 85 metros de profundidade. Caminhamos um pouco por uma galeria, desescalamos alguns pequenos lances, descansamos alguns minutos e começamos a subida de volta a superfície. Como já estava virando costume, fui o último a subir e, portanto, o responsável pela desequipagem. A cada lance que subia eu pensava na serpente da descida. Eu não me lembrava mais em que poço ela estava. Será que a água a carregou abismo abaixo ou será que ela continua no mesmo lugar? Será que eles a viram ao subir? Será venenosa? A resposta de onde ela estava não demorou a tardar. Durante a subida ela me aguardava na beira do penúltimo lançe com a cabeça levantada como que olhasse quem vinha subindo pela corda. Para evitar uma trombada de cara com na cobra tive que fazer um certo malabarismo escalando pela parede da esquerda, em oposição e ainda me mantendo sob tração na corda para evitar algum choque em caso de queda. Passado o obstáculo descobri que a cobra estava era atrás de iluminação pois a mesma vinha sempre em minha direção. Não tinha muito espaço para fugir uma vez que estávamos em um pequeno platô que dividia 2 lances verticais e onde se encontrava um pequeno lago e um fracionamento a ser desequipado. Experiência memorável porém não muito agradável esta de desparafusar o spit e fugir da serpente apagando minha lanterna de quando em quando para que ela parasse de me seguir.
Chegando ao carro mais uma vez fui perguntar da serpente mas ninguém a viu. “Tranquilos demais esses caras...” pensei comigo mesmo. No Brasil estamos sempre preocupados com serpentes e olhamos o tempo todo principalmente sa saída das cavernas mas na França pouco se tem a temes visto que raríssimos são os casos de cobras venenosas.
Depois de um banquete de Arricot vert, queijos e é claro, vinho, seguimos estrada para Paris, como sempre, sem tomar banho.

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