terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Novos trabalhos de mapeamento na Caverna Laje Branca - PETAR

Espeleólogos dos grupos Meandros, EGRIC e Bambuí estiveram no final e semana dos dias 12 e 13 de Dezembro na Caverna Laje Branca, localizada na região do Lajeado, no PETAR, SP.

Por muito tempo, a caverna fez parte de tradicional circuito turístico da região devido principalmente à seus valores cênicos: largas galerias, um colossal salão subterrâneo e a bela vista de seu paredão.

Há alguns anos, com a exigência de um plano de manejo espeleológico para abertura regulamentada das atividades turísticas, a caverna foi fechada e sua visitação ficou restrita apenas à pesquisadores e sobre autorização dos donos da terra.

Pela cavidade não estar dentro dos limites do PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira), mas em terras particulares, o manejo e uso turístico ficou sobre responsabilidade da iniciativa privada não saindo desde então do papel.

Há alguns anos, um projeto de pesquisa paleoclimática, liderado pelo Instituto de Geociências da USP (IGc), solicitou mapeamento com cortes e perfis específicos para o trabalho e uma equipe do Grupo Meandros esteve no local realizando a topografia. Desta vez, de maneira voluntária, espeleólogos de diferentes grupos se uniram para dar andamento a um novo mapa, bem mais detalhado e preparado para futuras análises de uso turístico.

Durante a viagem 3 equipes se organizaram para topografar a maior parte da caverna e também realizar alguns registros fotográficos. Como de costume, a viagem contou com o apoio do Parque e do Instituto Florestal.

Novas atividades deverão ser organizadas para os próximos meses dando andamento ao mapeamento, a algumas explorações e documentação fotográfica. As equipes serão montadas de acordo com as demandas e objetivos de cada viagem e estão abertas a espeleólogos de diferentes grupos.


Sala acessada logo após transposição da fenda.


Sala dos travertinos, localizada em área distante da entrada, após transposição de uma fenda horizontal ao final do grande salão.

Sala dos travertinos. Ao fundo é possível ver o conduto superior de acesso ao rio. 

Equipe revisando detalhes no mapa após trabalho de campo.


Visitante noturno na casa de pesquisa.


Visitante diurno na casa de pesquisa.






quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Retomada dos trabalhos no sistema Areias, PETAR - SP

Em Outubro de 2020, após mais de uma década da publicação do Livro sobre o Sistema Areias, contemplando também o mapa da Caverna Areias de Cima, uma frente de trabalho deu entrada a um novo projeto para retomar as explorações e documentações espeleológicas na região.

Ora realizado entre 2005 e 2006 pelo GPME (Grupo Pierre Martin de Espeleologia), parte dos mesmos espeleólogos assumiram o projeto em 2020 através do Meandros Espeleo Clube. A mudança de instituição é uma mera formalidade uma vez que espeleólogos de coordenação no passado também estão trabalhando no projeto atual. Além disso, as atividades são abertas a diferentes grupos desde que os espeleólogos tenham comprovada experiência. 

Uma primeira viagem foi realizada em Novembro de 2020 quando, em dois dias de atividades, 3 equipes retopografaram toda parte conhecida da caverna Areias de Baixo. Novas galerias também foram incorporadas no mapa bem como continuidades do sistema.

Além da caverna, também foram identificadas drenagens e dolinas com potencial de aumentar a relevância espeleométrica das cavidades do sistema.

Como de costume, as viagens têm apoio do PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira) e do Instituto Florestal e seguem todas as recomendações de segurança diante das restrições da pandemia.


Formações típicas de água turbulenta (Squellops) em condutos superiores da caverna



Contudo típico do sistema, em forma de fenda.


Novo conduto fóssil incorporado no mapa

Grande sala já conhecida em mapeamentos anteiores.

Boa parte da caverna é realizada em condutos vadosos



Recepção na saída da caverna.

sábado, 21 de novembro de 2020

De volta à Paripiranga e Uauá

 Uma nova expedição à Paripiranga e Serra do Uauá foi realizada em Novembro de 2020. Os objetivos eram principalmente dar continuidade à coleta de dados de campo para pesquisas paleoclimáticas e topografar uma caverna encontrada na última viagem. Também foram mapeadas as cavernas do Cazuza e o Abismo do Meio do Morro do Parafuso, em Paripiranga. Ambas já conhecidas e parcialmente estudadas, mas ainda sem mapas.

Devido aos cuidados decorrentes da pandemia, um grupo reduzido de espeleólogos participou das atividades e a equipe buscou estar isolada, principalmente no município de Uauá. Um relatório de pesquisa e geoconservação referente às cavernas da região foi gerado e disponibilizado para a prefeitura, uma vez que as cavernas estão dentro de uma unidade de conservação, o Parque Municipal da Serra do Jerônimo.

As cavernas até o momento mapeadas pelo projeto são: Grutas do Jerônimo I e II (Uauá), Absimo do Meio do Morro do Parafuso e Caverna do Cazuza. 

O projeto é coordenado pelo Instituto de Geociências da USP e conta com o apoio de espeleólogos do Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas (GBPE) e do Grupo Mundo Subterrâneo de Espeleologia (GMSE).

Vista de dentro da caverna Jerônimo II

A caverna do Jerônimo II está localizada no meio de um paredão rochoso no contato entre Ferro Bandado (BIF) e rocha Carbonática o que atribui à gruta um alto interesse geológico e científico. 



Marcas de extração de salitre, usada para produção de pólvora na caverna Jerônimo II, demonstram o valor histórico regional da caverna.


Espeleotemas corroídos provavelmente por biocorrosão.


Cúpolas e amplas salas com acúmulo de guano são características da caverna.






Análises químicas realizadas dentro da Caverna do Bom Pastor (Paripiranga)





quinta-feira, 15 de outubro de 2020

O retorno à Bulha D'água

Aos poucos vamos retomando nossas atividades espeleológicas. 

Nos dias 11 e 12 de Outubro demos andamento aos trabalhos do Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas na região de Bulha D'água, em São Paulo. A atividade foi autorizada e seguiu as normas de orientação de segurança publicadas em Diário Oficial para atividades de pesquisa na região.

Os trabalhos realizados foram de registro fotográfico na caverna Buenos I, coletas de aranhas e pendências topográficas na Buenos IV. Esta última com mapeamento quase pronto, entretanto fazia-se necessário realizar uma conexão de uma grande sala fóssil com o conduto ativo de rio.

No Sabado a atividade decorreu sem nenhum problema e foi relativamente fácil, com fotografias e coletas em condutos freáticos da caverna Buenos I. Já Domingo, não somente pelas dificuldades normais de progressão na caverna, mas principalmente pela topografia e lances verticais a atividade foi mais longa e cansativa. Parte da equipe ficou no apoio enquanto outra parte buscava entre desmoronamentos e lances verticais, um bom caminho para se chegar ao rio. A passagem correta foi encontrada somente no período da tarde o que fez o tempo de atividade se prolongar. Após equipagens e topografia de parte do conduto freático, a equipe iniciou seu retorno chegando na casa de pesquisas às 23h30. Segunda-feira, feriado em São Paulo, foi dia de organização e lavagem de equipamentos.


Maior lance vertical que dá acesso ao rio
Equipes Sábado de manhã.

Marcas de onças pelo caminho: uma constante nesta região.

Conduto freático da caverna Buenos I

Entrada - Buenos I

Ossos recentes próximo à uma claraboia

Chuveiro em conduto freático da caverna Buenos I

Conduto freático da caverna Buenos I

Animais por todo lado, ainda bem!

Conduto freático da caverna Buenos IV.
Com um pouco de esforço, é possíve ver a corda ao fundo.


Como sempre, as trilhas estavam escorregadias.

"Máquina de lavar cordas"

Bulha é Bulha: nem tatu de kichute caminha tranquilo. 

Salões superiores
Salas superiores com claraboias e acúmulo de sedimentos (Caverna Buenos I)


Domingo, 23h30. É assim que saímos da caverna!


quinta-feira, 8 de outubro de 2020

Parte Michel Le Bret


Por Daniel Menin

Mais um nome da história na espeleologia Brasileira nos deixa.

Eu não tive a oportunidade de cavernar com Michel Le Bret. Por ironia, quando ele esteve no Brasil para sua última expedição em grutas, eu estava na sua terra natal, a França.
Mas tempos depois eu tive a felicidade de lhe fazer uma visita e ser muito bem recebido em sua casa, no Vale do Loire. Ele e sua esposa tiveram o cuidado de preparar um almoço brasileiro, com arroz e feijão e de por um dia todo falar português comigo. Passeamos por seu museu, pelo jardim e por parte de sua fazenda de búfalos. Empolgado, ele contava histórias de seus anos vivendo no Brasil.

Até então eu o conhecia apenas pelo livro "Maravilhoso Brasil Subterrâneo" e o admirava muito. A obra me inspirou e me fez viver com ele grandes aventuras de descoberta e exploração em cavernas que eu conhecia bem: Abismo da Paçoca, Areias, Agua Suja, entre outras também em São Paulo e Goiás.

Michel foi fundador da SBE - Sociedade Brasileira de Espeleologia e explorou algumas das mais consagradas cavernas do nosso país. Era um exímio croquista e, como algumas vezes explorava as cavernas sozinho, mapeava à sua maneira desenhando a caverna de memória.

O corpo de Michel se foi para os subterrâneos, mas posso arriscar que sua alma também continua debaixo da terra, explorando as cavernas brasileiras.

A Edição 412 do Informativo SBE Notícias publica uma série de textos em homenagem à Michel. Você pode ter acesso ao informa através do site ou entrando em contato comigo.



Michel em seu museu pessoal.

Meu pai, Michel, sua esposa e eu em sua casa (2005)


"Não saia do carro, os búfalos são bravos", disse ele para nós.

Croquis em planta e perfil da caverna Paçoca, feito por Michel em 1967. Uma das histórias mais emocionantes do livro "Maravilhoso Brasil Subterrâneo"e que me inspirou a remapear e continuar suas explorações nesta caverna anos mais tarde.


sexta-feira, 19 de junho de 2020

Grupos realizam ações solidárias para ajudar condutores ambientais



A crise sanitária e econômica em que se encontra o Brasil, desde março de 2020, demanda solidariedade de cada um e da sociedade como um todo. O Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas (www.bambui.org.br; CNPJ 21.945.100/0001-60) por seu protagonismo nos estudos espeleológicos, apresenta-se como agente efetivo buscando minimizar a carência conjuntural dos condutores (guias / monitores) de cavernas turísticas que, via de regra, não têm emprego formal e dependem desta atividade, hoje fechada ao público. Nesse contexto, iniciamos uma campanha de arrecadação de recursos para alguns grupos de condutores, em especial, na primeira fase, para aqueles que atuam na Chapada Diamantina, Iraquara-BA. São 31 guias que representam em torno de 140 familiares diretos. Contamos com sua doação e ajuda na divulgação desta iniciativa.

É super fácil contribuir. Basta entrar no site abaixo e através de QR codes vc consegue escolher a região que deseja ajudar e já faz sua doação. Os grupos estão organizando a entrega para as pessoas.

Visite o site do projeto NESTE LINK.

sábado, 6 de junho de 2020

I Simpósio Brasileiro Virtual de Espeleologia - SBVEspeleo

No dia 06 de Junho de 2020 aconteceu o 1˚ Simpósio Brasileiro Virtual de Espeleologia - SBVEspeleo. Organizada pela Espeleonordeste - Sociedade Nordestina de Espeleologia, uniu um dia inteiro de conteúdo em forma de palestras e debates virtuais sobre espeleologia.

E o melhor é que este conteúdo todo fica gravado para poder ser acessado a qualquer hora, por qualquer pessoa democratizando o conhecimento sobre a espeleologia.

Se você perdeu alguma palestra, visite o canal no Youtube da Espeleonordeste.


quinta-feira, 4 de junho de 2020

Matéria da TV de Uauá sobre as pesquisas realizadas na Gruta do Jerônimo

A TV local da cidade de Uauá veiculou recentemente uma matéria produzida durante expedição realizada no Parque Municipal da Serra do Jerônimo, em Uauá, Bahia. Na matéria, espeleólogos falam sobre o projeto e a importância da caverna para a ciência e a conservação.


segunda-feira, 18 de maio de 2020

Campanha de proteção às cavernas brasileiras

Uma campanha coordenada pela Sociedade Brasileira de Espeleologia tem conquistado espaço não somente entre espeleólogos e especialistas, mas também na imprensa.

No domingo, dia 17 de Maio, foi ao ar uma matéria na TV Cultura no programa Reporter Eco com especial atenção às ameaças que esta mudança unilateral representa. O programa foi todo construído na quarentena, utilizando em boa parte fotos e filmagens do projeto Luzes na Escuridão.

Além do programa de televisão, a SBE acaba de colocar no ar um hotsite agrupando de maneira organizada todas as informações necessárias para que qualquer pessoa conheça e entenda a magnitude do problema. No site também é possível ter acesso e baixar documentos técnicos e jurídicos que apoiem qualquer tomada de decisão.

Visite, participe e ajude a protejer as cavernas brasileiras!


www.protejacavernas.com.br