segunda-feira, 24 de junho de 2024

Exposição no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu traça uma história de 600 milhões de anos atrás à um futuro impactado pelas mudanças climáticas



Quem já visitou o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu certamente se deparou com o Centro de Visitantes, um espaço amplo e bem construído na entrada do parque. 

Em janeiro de 2021, um projeto foi concebido para aproveitar este espaço e construir uma exposição permanente sobre o parque. Com o apoio do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (ICMBio/Cecav), por meio do Termo de Compromisso de Compensação Espeleológica (TCCE/2018), e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o projeto foi desenvolvido e executado por uma equipe de profissionais de diversas áreas do conhecimento.


A exposição levou mais de três anos para ser concluída, não apenas devido aos desafios impostos pela pandemia, mas também por seu caráter participativo, que envolveu as comunidades locais desde a concepção até a execução do projeto.

Infelizmente, um dos idealizadores e maiores entusiastas da exposição, Luís Beethoven Piló, veio a falecer pouco depois da aprovação do projeto. Em homenagem e reconhecimento de sua relevância para a criação do parque, foi a ele atribuído o nome da exposição.


Palestra de abertura da exposição para pesquisadores, condutores e população local


Conteúdo:

A exposição está dividida entre duas áreas de visitação: o Centro de Visitantes Principal e o Centro de Visitantes Janelão. Nestes locais, os visitantes são conduzidos por diferentes temas relacionados à origem do Vale do Rio Peruaçu e suas principais características geológicas, biológicas e ocupação humana, desde os tempos pré-históricos até os desafios climáticos e sociais atuais.

Na curadoria e gestão do conteúdo, procurou-se integrar o conhecimento científico mais recente com os saberes locais, apresentando informações e depoimentos coletados junto às comunidades regionais.

Uma ampla equipe multidisciplinar de conteúdo científico foi formada com pesquisadores de diferentes laboratórios e universidades. 

Espaço de acolhimento, no Centro de Visitantes Principal, com vídeos e imagens da população local.


Espaço de conteúdo científico, no Centro de Visitantes Janelão. Paineis e amostras remontam de 600 milhões de anos até os desafios ambientais atuais.


Desenho do perfil do Janelão com "descoberta" de animais "escondidos" ao longo da caverna.

Peças arqueológicas com artesanatos atuais em ordem cronológica demonstram a evolução no uso da cerâmica local.

Nicho com espeleotemas e anel de árvore ilustrando a conexão entra os trabalhos de paleoclima e dendrocronologia


Processo participativo:

Durante todo o processo, da criação à montagem da exposição, foi incentivada a participação das comunidades locais. Reuniões com diferentes grupos sociais, depoimentos, consultas e contratação de mão de obra regional foram constantes, fazendo desta exposição uma realização construída por muitas mãos.

As estruturas mais importantes para abrigar o conteúdo, por exemplo, foram construídas por artesãos e serralheiros locais. O trabalho de trança com palha é reconhecidamente uma especialidade de longa data no Vale do Peruaçu. Este conhecimento, transmitido de geração em geração, agora está presente nas estruturas que sustentam as obras apresentadas.

Processo de criação e montagem, com reuniões e participação das comunidades locais.


Espaços expositivos em construção e em finalização. Reuniões com representantes locais e Xakriabás, peça arqueológica encontradas em trabalhos de campo e réplicas impressas em 3D para a exposição. Finalizações in loco da maquete 3D, cuja produção levou 6 meses de impressão. Painel gigante com mapa e atrativos do parque.

O projeto foi coordenado pelo Professor Francisco William da Cruz Jr (Chico Bill) e o doutorando Daniel Menin, ambos do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP). 

Em destaque, além dos painéis no Centro de Visitantes Janelão, uma maquete tridimensional apresenta projeções com trilhas, cavernas e outras características da região, incluindo mudanças na vegetação ao longo das estações climáticas.

Maquete tridimensional com diferentes projeções ajudam em aulas, palestras e discussões sobre a região,

A exposição contou ainda com a doação de inúmeros documentos, fotografias, mapas, amostras, réplicas, equipamentos, livros e conteúdos históricos sobre a região. 

Agradecimentos especiais ao Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), à Dayanne Ferreira dos Santos Sirqueira, gestora da Unidade de Conservação, ao Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE-USP), Instituto de Geociências (IGc-USP), ao Grupo de Espeleologia Meandros que prontamente cedeu mapas de cavernas da região, ao Projeto Luzes na Escuridão, à Universidade Federal de Minas Gerais (departamentos de Arqueologia e História) e à Universidade Federal de Lavras (Centro de Estudos em Biologia Subterrânea – CEBs-UFLA).


Momento de abertura da exposição no Centro de Visitantes Principal

Entrada do público na exposição logo após a abertura das portas


Palestra de abertura


Apresentação de vídeo inaugural com Augusto Auler e Luís Beethoven Piló


Desenho do Perfil do Janelão feito por Vitor Moura

Área expositiva no Centro de Visitantes Janelão

Área expositiva no Centro de Visitantes Janelão

Apresentação de vídeos no Centro de Visitantes Janelão

Apresentação da maquete tridimensional

Os professores André Prous e Francisco W da Cruz Jr sobre a maquete tridimensional.

Augusto Auler em vídeo sobre a história da espeleologia no Vale do Peruaçu


Pesquisadores, autoridades e povo local interagem durante evento de inauguração

Daniel Menin, Maria Souza, Renata Andrade e Fox reunidos durante evento de inauguração.


Alguns números da exposição:
29 pesquisadores envolvidos no conteúdo científico;
10 Instituições de pesquisa envolvidas;
33 metros de painéis expositivos;
200 minutos de conteúdo audiovisual;
+ de 20 peças expositivas (amostras geológicas, réplicas arqueológicas, equipamentos e  peças de artesanato);




quarta-feira, 5 de junho de 2024

Luzes na Escuridão nas mãos do Presidente da República e criação de mais uma Unidade de Conservação

Texto por Leda Zogbi, Daniel Menin e Lucas Padoan de Sá Godinho

No Dia Mundial do Ambiente, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto de criação de mais uma importante Unidade de Conservação em área cárstica no Brasil: o Monumento Natural Cavernas de São Desidério. 

O município de São Desidério, localizado à Oeste do Estado da Bahia, abriga algumas das cavernas mais espetaculares do Brasil, entre elas a Caverna Lagoa do Cemitério, onde está situado o maior lago subterrâneo do Brasil.

Durante o evento, Lula foi presenteado por Jocy Brandão Cruz, chefe do ICMBio/CECAV - Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas com o livro de fotografias "Luzes na Escuridão", Volume 3, uma obra recém-publicada sobre as cavernas da Amazônia.

As cavernas consistem em um patrimônio natural ainda pouco conhecido pela sociedade, com valores científico, histórico, cultural e educativo, as cavernas guardam histórias sobre a evolução de nosso planeta e da vida que nele se abriga.

O projeto Luzes na Escuridão procura contribuir com a conscientização do público sobre a importância desse patrimônio, para assim promover a sua conservação. É uma honra termos chegado às mãos do Presidente da República. Sem dúvida um passo importante para toda a espeleologia Brasileira.

Agradecemos ao CECAV pelo importante apoio ao nosso projeto e pelos esforços na defesa das nossas cavernas.








terça-feira, 21 de maio de 2024

Eventos de lançamento do livro Luzes na Escuridão em Brasília, São Paulo e Belho Horizonte

A alegria de publicar um livro sobre as cavernas de uma região tão relevante como a Amazônia não poderia passar sem grandes comemorações. Os eventos em Brasília, São Paulo e Belo Horizonte têm sido ocasiões de celebração e de união entre amigos, familiares e, sobretudo, espeleólogos de diferentes grupos e gerações. Estes eventos são momentos de divulgação de um patrimônio natural tão rico quanto desconhecido: as cavernas amazônicas.

No Distrito Federal, além do evento de lançamento, no dia 04 de Maio, foi inaugurada uma exposição no MAB (Museu de Arte de Brasília), em comemoração à Semana da Europa no Brasil. O evento, coordenado pela EUNIC (European Union National Institutes for Culture), foi patrocinado pelas embaixadas de países de origem de alguns dos fotógrafos do projeto (Espanha, França, Hungria e Suíça), além da Embaixada da União Europeia no Brasil e pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas - ICMBIO/CECAV.

A exposição foi uma oportunidade de divulgar as cavernas brasileiras para um público muito além de quem já está acostumado ao tema. 

Em São Paulo, a comemoração de lançamento aconteceu no dia 11 de Maio, no mesmo local do evento do Volume 2 e a festa agregou familiares e amigos da capital e de cidades próximas. Os eventos contaram também com apresentação de fotografias em 3D e a venda de livros autografados. 

Em Belo Horizonte, o evento está marcado para a data 23 de Maio no Museu de Minas e do Metal, na Praça da Liberdade, 680. 

Compareça!
















quinta-feira, 4 de abril de 2024

Uma Amazônia subterrânea revelada

O Projeto LUZES NA ESCURIDÃO apresenta seu mais novo livro de fotografia de cavernas: AMAZÔNIA.

O terceiro volume desse grande projeto percorreu muitos quilômetros de barco, trem, carro e avião cruzando a floresta amazônica para fotografar as principais cavernas da região. A beleza natural destes ambientes vai além da escuridão das cavernas, o livro revela um patrimônio espeleológico com relevante potencial científico, histórico e arqueológico.

O livro está na gráfica e já tem lançamentos confirmados em Brasília (05/05/2024), São Paulo (11/05) e Belo Horizonte (23/05). Todas as pessoas simpatizantes de aventura, arte e ciência estão convidadas!

Compartilhamos aqui algumas imagens inéditas e com histórias inusitadas que aconteceram na viagem.

Venha prestigiar!

Textos e fotos: Daniel Menin, Luzes na Escuridão

"ESPERA, PÁRA, NÃO!!!!"
Nem sempre a foto sai como a gente quer.
As vezes ela sai...... MELHOR!
Obrigado equipe maravilhosa. O ralado no joelho não foi nada perto do benefício de fotografar esse momento único com nossas atrizes @maria_s.z_ @camillaecasella e @elizandragomig

"WAIT, STOP, NO!!!!"
Not always the photo turns out the way we want.
Sometimes it turns out... BETTER!
Thank you wonderful team. The scraped knee was nothing compared to the benefit of photographing this unique moment with our actresses.


Água de caverna é limpinha né?
CLARO!
Guano, morcegos mortos boiando e até um Jacaré: tudo dentro em uma sopa quente pra vc rastejar. Isso é atravessar algumas cavernas no coração da Amazônia.

Cave water is clean, right?
OF COURSE!
Guano, dead bats floating, and even an alligator: all inside a warm soup for you to crawl through. That's traversing some caves in the heart of the Amazon.



AVIÃO, TREM, CARRO, BARCO E TRILHA.
Tudo isso pra chegar até esse lugar e descobrir que...
NÃO FOMOS OS PRIMEIROS!
Mas valeu a pena. No coração da Amazônia, deixaram umas artes rupestres pra gente fotografar!

PLANE, TRAIN, CAR, BOAT, AND TRAIL.
All this to get to this place here and find out that...
WE WEREN'T THE FIRST!
But it was worth it. In the heart of the Amazon, they left some drawings for us to photograph!



Estava eu concentrado e dentro do rio, com água até a cintura, fazendo essa foto.
Por conta do barulho da cachoeira, me comunicar com a modelo @MariaSouza, já estava difícil, mas piorou muito com outras pessoas lá na beira do rio gritando freneticamente. Oras! Que barulheira é essa?
Foi quando entre uma tentativa e outra, olhei para trás e vi que estavam gritando era comigo mesmo, para sair da água. Vi eles e a causa da gritaria: UMA SUCURI NADANDO DO MEU LADO!
Esse dia foi loko!

Look what happened here!
There I was, focused and in the river, water up to my waist, taking this photo.
Because of the noise from the waterfall, communicating with the model @MariaSouza and the assistant was already difficult, but it got much worse with other people on the riverbank shouting frantically. Well! What a racket is that?
It was when, between one attempt and another, I looked back and saw that they were shouting at me to get out of the water. I saw them and the reason for the shouting: A SUCURI SNAKE SWIMMING BESIDE ME!
That day was crazy!








quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Expedição registra o patrimônio espeleológico do Rio Grande do Norte para projeto de livro e outros materiais de divulgação







Texto: Daniel Menin e Diego de Medeiro Bento
Fotos: Daniel Menin


Entre os dias 22 de janeiro e 02 de fevereiro de 2024 aconteceu a primeira expedição de pesquisa e documentação fotográfica às cavernas do Estado do Rio Grande do Norte, referente ao projeto “CaverRNas, o Carste Potiguar”. O projeto objetiva produzir material de divulgação científica ricamente ilustrado sobre as cavernas potiguares, reunindo o conhecimento atual sobre os diversos temas que permeiam o patrimônio espeleológico do RN. 

Em 12 dias de viagem, uma equipe composta por servidores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas - ICMBio/CECAV e espeleólogos locais percorreu 18 principais cavernas abrangendo os municípios de Jandaíra, Mossoró, Baraúna, Felipe Guerra e Governador Dix-Sept Rosado. Durante as atividades, foi realizada uma curadoria de campo sobre o banco de dados gerado pelo mecanismo de qualificação de cavernas da região e, também, registrados em imagens os principais pontos de interesse de cada caverna.
A viagem gerou um acervo de mais de 700 fotografias e vídeos ao projeto, incluindo imagens aéreas. As imagens em alta resolução registram alguns aspectos particulares das cavernas do RN, e subsidiarão o livro e outros materiais de caracterização do Patrimônio Espeleológico do Estado. Está prevista ainda uma segunda expedição para o segundo semestre, que terá como foco principal cavernas de outras regiões do RN.
Coordenado pelo CECAV, o projeto “CaverRNas, o Carste Potiguar”, conta com uma equipe de 18 autores do Cecav e de seis universidades brasileiras que desenvolvem pesquisas nas cavernas potiguares há anos, abrangendo diferentes áreas do conhecimento. Deverá, assim, gerar e organizar informações abrangentes envolvendo a documentação, a pesquisa e a conservação das cavernas do Estado. O projeto está inserido no Termo de Compromisso de Compensação Espeleológica no 01/2022, firmado entre o ICMBio e a Vale S.A., e atende aos componentes 1 e 5 do Programa Nacional de Conservação do Patrimônio Espeleológico (Portaria 358/2009/MMA).
Os produtos do projeto envolvem um livro com 12 capítulos, um cordel ilustrado e um “mini atlas” sobre as principais cavernas potiguares, além de vídeos, folders e cartazes. Todo o material será publicado em versões impressa e digital e será de acesso aberto, compondo assim um rico acervo público sobre a Espeleologia Brasileira.

Equipe de campo em Felipe Guerra.
Da esquerda pra direita: Daniel Menin, Gessy Oliveira, Geilson Fernandes, Jocy Cruz, José Iatagan de Freitas e Diego Bento