segunda-feira, 24 de março de 2008

Abismo Só Dois


6 de maio de 2006
por Daniel Menin


Encontrei com o Jura enquanto eu lavava equipamentos no rio Betary durante o feriado de segunda-feira, dia 01 de Maio. Empolgado, ele me contou ter encontrado uma dolina bem próxima ao Abismo do Juvenal. No fundo desta dolina, um estreito conduto dava acesso a um buraco onde as pedras atiradas voavam no vazio por alguns longos segundos até darem sinal de impacto. Entendi na hora a empolgação do Jurandir. Por estar próximo ao Abismo do Juvenal, um grande abismo teria um bom potencial de conexão, o que seria uma importante descoberta.
Chegando em SP liguei para o Toni que, imediatamente, aceitou a empreitada de viajar na mesma semana para explorar mais a fundo o tal “buraco”. Quinta-feira a tarde confirmamos com o Jura nossa ida e Sexta à noite partimos de São Paulo em direção à essa nova exploração.
Chegamos ao Abismo ás 11hs da manhã, abrindo uma trilha no Lageado, próxima ao caminho para o Juvenal. Estávamos Eu, o Jurandir, o Toni e o Cateto. Logo na entrada, uma dolina cheia de sedimentos e argila. Apesar dos vários blocos soltos e afiados lapiás logo no início da caverna, o abismo não apresentou grandes dificuldades. Após alguns spits, derivações e fracionamentos eu já estava no final do primeiro lance. Desci na frente equipando o abismo. Logo depois desceu o Toni e em seguida o Cateto. Em um salão de médio porte em forma de fenda acessamos um conduto que nos levou até uma segunda sala na qual bem no centro encontramos mais um lance do abismo. Jogando algumas pedras pudemos observar que esse lance continuava consideravelmente, porém não era possível se aproximar muito devido à instabilidade do solo que parecia estar prestes a desmoronar. Tivemos algumas dificuldades para encontrar uma ancoragem segura devido a grande quantidade de argila e dos blocos. A saída foi encontrar um bom ponto de ancoragem no conduto que dava acesso ao salão e utilizar proteções de corda para direcioná-la à descida principal. Instalamos outras proteções ao longo da descida começamos a explorar a continuação da caverna até que fui obrigado a parar de descer antes de atingir o fundo do garrafão, era o fim da corda. Felizmente tínhamos mais alguns metros de outra corda conosco, o que foi suficiente para atingirmos a parte mais profunda do abismo.
Eu e o Cateto seguimos explorando as possibilidades de continuação do abismo enquanto o Toni seguia o caminho de volta. Tratava-se de um amplo salão dividido em blocos desmoronados e uma outra parte com chão homogêneo e de argila. Nitidamente este era o ponto de vazão da água. Observamos também marcas de que esta parte da caverna tratava-se de um poço, nesta época, com pouquíssima água, mas que enche em épocas de mais chuva. Excluídas as possibilidades de continuação para baixo acabamos explorando alguns condutos na parede do salão, porém o único caminho que apresentava algum potencial (com vento!) era uma estréia fenda ao qual nem o menor dos humanos consegue passar...
Na volta nos deparamos com o Jura impedindo que um enorme bloco despencasse da boca do abismo sobre nossas pobres cabeças. Todos a salvo e fora da caverna, acabamos por derrubar o bloco abismo abaixo para evitar acidentes futuros. Retirá-lo estava fora de cogitação devido à sua dimensão e peso.
A atividade de exploração foi encerrada às 21h da noite quando retornamos diretamente para o bar do pastel.
No dia seguinte acordamos, separamos e lavamos o material e retornamos a São Paulo.

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