por Daniel Menin
Conforme divulgado na lista, tínhamos como objetivo na viagem deste feriado do dia 7 de Setembro avaliar algumas cavernas com lances verticais e abismos no que se refere à qualidade de equipagem e existência de topografias.
As pessoas que participaram da viagem foram eu, a Renata e o Casar, velho amigo das cavernas de antes de eu entrar no grupo.
Como eu e a Renata estávamos um pouco gripados acabamos optando por não viajar na noite da Quarta, mas sair de SP somente na Quinta-feira cedo. Acabamos saindo de SP lá pelas 10h e chegamos no Bairro da Serra à tarde.
Ao chegarmos decidimos ir até o Lajeado tentar encontrar um abismo onde estivemos (eu e o Cesar) anos atrás por recomendações da Sra. Idadty, dona da pousada onde costumávamos nos hospedar. Batemos um pouco de mato e logo encontramos a entrada do abismo. Isso que é memória! Ou sorte! Trata-se de um sumidouro, vazão ocasional da água da chuva, entre duas montanhas, próximo à entrada da trilha das Areias. Como já estava tarde decidimos voltar no dia seguinte, devidamente equipados para descer o abismo e avaliá-lo com maiores detalhes.
A idéia inicial era descer o abismo e subir topografando. Se sobrasse algum tempo pretendíamos pocurar a entrada de cima do Tobias, alternativa que foi posteriormente descartada pela falta de tempo. Nossa Sexta-feira acabou sendo toda dedicada a este abismo, entramos cerca de 11 da manhã e saímos 12 horas depois. Topografamos o fundo e alguns salões encontrados em uma das laterais. Encontramos vários ossos de uma vaca, vítima da grande entrada vertical da caverna ou que tenha sido jogada. Encontramos ainda alguns pneus bem na parte mais profunda da caverna. Detalhe que a Idaty comentou que o pai dela jogava animais mortos naquele lugar.
Antes de subir topografando resolvemos fazer uma investida em um outro conduto horizontal localizado em uma das laterais do abismo. Surpresa! O conduto seguia bastante e tinha uma forma curiosa. Localizado a uns 8m acima do fundo do abismo trata-se de um conduto fóssil de rio com uns 5m de diâmetro e teto baixo que vai descendo na medida em que vai se afastando do garrafão. A impressão é que este conduto estava localizado em um antigo fundo do abismo e que hoje funciona como vazão ocasional em grandes chiuvas, quandoparte do abismo enche de água.
Exploramos o conduto até uma pequena passagem de onde pude observar um acúmulo de água. Vi a água mas não vi o teto o que coloca como uma pendência para uma outra vez. Como já estávamos cansados deixamos essa empreitada e o restante da topografia para uma próxima ocasião.
No quesito equipagem encontramos alguns spits batidos por nós na ocasião anterior, mas batemos mais 3 para nos certificar. Talvez ainda seja necessário bater mais algum para melhorar o conforto em uma topografia vertical...
Pegamos as coordenadas mas ainda não sabemos se o abismo está cadastrado ou tem algum nome. Na ocasião em que estivemos lá, há alguns anos, acabamos não cadastrando e nem pegando coordenadas. Também não sabermos ao certo que nome dar ao abismo. Pode ser Abismo dos Ossos, Abismo dos Pneus, Abismo da Idaty, etc. Vamos ainda pesquisar no cadastro e com moradores próximos...
- croquis do abismo
NOTA: os trabalhos continuaram neste abismo em outras viagens e tivemos boas surpresas. Para acompanhar busque pelo nome Mastodonte.
No Sábado a idéia era ir até a caverna Passoca para também avaliar os mapas que tínhamos e a equipagem do abismo.
Ao chegar na caverna observamos, pela primeira vez, que o conduto principal, antes do abismo, estava seco. A água aparece alguns metros antes do garrafão e cai em cachoeira na lateral esquerda da descida como já era de costume. Para a descida utilizamos a equipagem pronta do abismo. Apesar de ter vários spits batidos, em alguns pontos ainda existe contato da corda com a rocha. Para a próxima vez vamos bater mais 1 ou 2 spits duplicando os fracionamentos e produzindo um novo fracionamento. Descemos eu e a Renata e o Cesar se privou da roubada do dia.
Uma vez lá embaixo a intenção era explorar o lado esquerdo, conduto do rio que acaba em uma cachoeira. Mas antes disso resolvemos dar uma “olhadinha” no lado direito. Bom, essa olhadinha se espremeu, espremeu e acabou continuando um pouco. Em estreitos condutos cheios de lama, galhos e pequenos animais o forte vento anunciava que esse provável “sifão de verão” nos levaria a uma evidente continuação. Mais algumas rastejadas e acessamos um salão seco, cheio de escorrimentos. Mais um pequeno aperto e lá estava uma galeria de rio (tbém seco) por onde pudemos andar de pé e em boa velocidade. A continuação da caverna é, de certa forma, labiríntica o que nos obrigou a marcar o caminho de volta com flechas desenhadas com argila nas rochas. Me parece que esta área não estava em nenhum dos mapas que vimos antes.
Avançamos pelo conduto principal até um certo ponto de esmagamento onde resolvemos deixar a continuação para uma próxima vez. Voltamos olhando algumas laterais. Encontramos o leito seco de um “rio verde” em um salão onde os escorrimentos eram, todos verdes, provavelmente por influência deste suposto rio. Os geólogos talvez possam explicar melhor o porquê deste “verde”.
Voltamos são e salvos, mas deixamos várias laterais em aberto. A caverna continua seguindo uma laje horizontal levemente inclinada para a direita. Sobre essa laje, um conduto fóssil de rio que, pelos detritos e pedaços de galhos, deve encher em épocas de cheia.
Chegando ao salão central da subida da volta resolvemos fazer uma rápida investida na parte esquerda da caverna (conduto do rio ativo) onde reforçamos o que eu já lembrava: a caverna também continua para a esquerda, mas vai requerer uma boa escalada artificial.
Chegando em SP a Renata conseguiu o mapa da GEO na USP e pudemos nos certificar que esta área da direita não estava no mapa. Já a parte da esquerda está mapeada até a parte da escalada deixando interrogações para cima. Hoje, 13/09 recebemos do Allan novamente o mapa da GEO e também o mapa do Michel Le Bret e pudemos ver que neste ultimo, Le Bret ultrapassou o “sifão de verão” e caminhou até o início das maiores galerias porém não continuou a mapear. Portanto temos bastante trabalho para as próximas viagens.
Deveremos avaliar as cavernas do entorno da Passoca (umas 2 ou 3) e bater mato sobre a parte da esquerda. Essa é uma área onde cai muita água para dentro da caverna de um teto que fica a uns 30m de altura. Com certeza deve haver algum sumidouro ou outras galerias sobre a Passoca. Já a parte da direita pode conectar com alguma outra caverna local.
Quem estiver a fim de participar das próximas investidas é só falar.
Um abraço!
Daniel.
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