quinta-feira, 26 de julho de 2018

O que o espeleoresgate brasileiro tem a dizer sobre resgate na Tailândia


Texto original: Luiz Lo Sardo
Colaboração: Diego Ferreira e Rodrigo Severo
Revisão: Daniel Menin


A Espeleologia no Brasil, bem como o Espeleorresgate, são atividades praticamente desconhecidas da maioria da população. 

O acidente na caverna da Tailândia despertou enorme comoção das pessoas e da mídia. Durante os últimos quinze dias este assunto foi muito comentado e discutido nos diversos meios de comunicação. 


Nenhuma operação de resgate é simples, mas em caverna geralmente as condições são muito agravadas pelo ambiente inóspito que elas oferecem. É um ambiente muito particular e cheio de obstáculos, por exemplo, ramificações a partir do conduto principal, tetos baixos, abismos, condutos estreitos, sifões, etc. Por isto mesmo os resgates dentro de cavernas são complexos, costumam ser longos e demandam um grande efetivo.  Além disso, é necessário ajudar a(s) vítima(s) sem piorar seu estado clínico ou psíquico e ainda evitar que novos acidentes aconteçam em cadeia no decorrer do resgate inicial. Por isso, as pessoas acostumadas a esse ambiente - os espeleólogos - são as mais indicadas para executar um resgate debaixo da terra.



O Brasil possui um grupo voluntário de espeleorresgate. Formado por espeleólogos experientes e treinados na sua especificidade, estão aptos a efetuar uma operação de resgate em qualquer condição ou lugar dentro de uma caverna. Esse Grupo está ligado a Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE), através da Comissão de Espeleo Resgate (CER), treinado pelo Spéléo Secours Français (SSF) é uma das entidades mais respeitadas no mundo.



Abaixo segue uma análise da Comissão de Espeleo Resgate do Brasil (CER) não somente sobre o ocorrido na Tailândia, mas dando um panorama geral do assunto no âmbito nacional.


As estruturas nacionais


Alguns países possuem grupos voluntários de espeleorresgate, formados por espeleólogos experientes e treinados na sua especificidade para efetuar uma operação de resgate em qualquer condição ou lugar da gruta. O Spéléo Secours Français (SSF) é uma das entidades mais respeitadas no mundo, sua expertise é compartilhada com diversos países, inclusive o Brasil.

Nos últimos dez anos integrantes do SSF veem qualificando brasileiros, através de cursos básicos e avançados tanto no Brasil como na França. Uma parte desse grupo de espeleólogos capacitados estão reunidos e organizados através da Comissão de Espeleorresgate (CER) da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE). Até o momento aproximadamente 250 brasileiros já participaram do treinamento para atuarem em resgates espeleológicos das mais variadas formas e de acordo com os padrões e organização professados pelo SSF. 

Suas especialidades são: gestão, assistência e socorro à vítima, comunicação, exploração, sistemas verticais, bombeamento, desobstrução, ventilação, evacuação, mergulho, entre outras.

É importante ressaltar que no Brasil o Corpo de Bombeiros Militar (CBM) é a instituição legalmente responsável por todo tipo de resgate, entretanto o CBM possui muitas outras atribuições ligadas à ocorrências mais comuns no dia a dia como acidentes de trânsito, combate à incêndio, busca e salvamento em matas, afogamento, etc. Sendo assim a CER defende uma cooperação entre CBM e CER, exatamente como ocorre em outros países, incluindo a França.


O mergulho em caverna no Brasil


Durante os últimos 12 anos, o desenvolvimento do mergulho em cavernas no Brasil foi significativamente reprimido, através da Instrução Normativa nº 100/2006 do IBAMA (IN 100/2006). A idéia de regulamentar o mergulho em cavernas no país acabou por, praticamente, proibir a atividade. A Instrução Normativa nº 2/2018 do IBAMA revogou a IN 100/2006 do mesmo órgão. Com ela o mergulho em cavernas no Brasil foi novamente autorizado, exigindo-se que sejam respeitadas as regras, seja da Unidade de Conservação, seja do Plano de Manejo, a depender da localização da cavidade ser em áreas de proteção públicas ou privadas respectivamente.

A CER/SBE e o Brasil já contam com um primeiro mergulhador de resgate em cavernas treinado pelo SSF (Spéléo Secours Français) desde outubro de 2016. Esse treinamento acontece dentro do programa de formação de espeleorresgatistas iniciado a cerca de 10 anos.

O Brasil também conta com dois coordenadores regionais da IUCRR (International Underwater Cave Rescue and Recovery), uma instituição voltada para o resgate e recuperação em cavernas completamente alagadas, diferentemente do SSF, que abrange também o interesse por cavernas mistas (secas e com trechos alagados denominados sifões), como no caso da Tailândia. Acidentes em cavernas completamente alagadas raramente oferecem a chance do resgate das vítimas com vida, entretanto alguns casos já foram registrados.


A Espeleologia e o Espeleorresgate no Brasil


No Brasil, a Espeleologia e o Espeleorresgate são atividades pouco conhecidas. O acidente na caverna da Tailândia despertou enorme interesse e comoção das pessoas e da mídia. E, durante os últimos quinze dias, esse assunto foi muito comentado e discutido nos diversos meios de comunicação e nas mídias sociais. Se, por uma lado essa repercussão foi positiva por evidenciar a atividade, por outro lado foi negativa, pois concepções errôneas sobre o resgate e a própria atividade foram veiculadas por pessoas com pouco conhecimento sobre estas atividades.


Mobilizados mas não acionados


O acidente com o espeleólogo espanhol Cecílio Lopez Terceiro à -400 m de profundidade e a 2 km da entrada da Caverna Intimachay, localizada na Amazônia Peruana, que explorava, junto com outros três espeleólogos em 2014, resultou em uma operação de resgate que demorou 12 dias, mobilizou um efetivo de cerca de 100 pessoas, dos quais mais da metade eram espanhóis.

Uma equipe composta por espeleorresgatistas brasileiros, hoje integrantes da CER/SBE, permaneceu em alerta e pronta para partir por 7 dias para auxiliar nesse resgate. Esta equipe contava com 12 integrantes que aguardavam somente a luz verde do governo peruano para atuar e acabou não sendo acionada.

Da mesma maneira, agora em 2018, uma equipe de 20 espeleorresgatistas do SSF com 6 toneladas de equipamentos se mobilizou para auxiliar no resgate na Tailândia. Também neste caso acabou não sendo acionada.


Cronologia do resgate na Tailândia



Sábado 23/06/2018

Um time de futebol com doze meninos de 11 a 16 anos e seu treinador de 25 anos entram na Caverna Tham Luang Nang Non após o treino de futebol para comemorar o aniversário do garoto Pheeraphat. Não voltam para casa e são dados como desaparecidos.

Domingo 24/06/2018

As autoridades começam as buscas e acham bicicletas e chuteiras perto da entrada da caverna. A suspeita é que ficaram presos por fortes chuvas e provável inundação da gruta. Polícia e funcionários do parque iniciam as buscas no interior da caverna. As chuvas continuam castigando a região. Pegadas e marcas de mãos são encontradas e desconfia-se que eles foram forçados a entrar mais e mais para fugir da enchente.

Segunda-Feira 25/06/2018

Mergulhadores da marinha tailandesa continuam as buscas. Devido às fortes chuvas que seguem acredita-se que o grupo estava num local chamado Praia de Pattaya. Santuários são montados para os pais orarem.

Terça-Feira 26/06/2018

Mergulhadores da marinha tailandesa são forçados a voltar ao chegar a um sifão apertado formado perto da Praia de Pattaya. O líder da Junta da Tailândia pede à Tailândia que apoie o resgate. O SSF, com apoio do governo francês, inicia a conversa e entrega uma proposta de ajuda no resgate para o governo da tailandês.

Quarta-Feira 27/06/2018

Trinta militares americanos que atuam no Pacífico chegam à noite ao local. Eles se juntam a três espeleomergulhadores britânicos mas não conseguem progredir na caverna devido ao aumento do nível da água ocasionado pelas fortes chuvas.

Quinta-Feira 28/06/2018

As chuvas não cessam e as buscas são interrompidas. São instaladas bombas de drenagem de água. Espeleólogos britânicos percorrem a montanha em busca de entradas alternativas.

Sexta-Feira 29/06/2018

É encontrada uma fenda que precisa ser explorada para verificar se existe conexão  com a galeria principal. A Embaixada da França em Bangkok contacta o SSF para obter detalhes dessa proposta de ajuda.  O SSF oferece gratuitamente para a Tailândia o apoio de uma equipe composta de 20 espeleorresgatistas com especialistas em diversas áreas como: logística e gestão, mergulhadores, médicos mergulhadores, especialistas em comunicação com ou sem fio (Speleofone e TPS), bombeamento, desobstrução, etc. Para essa operação seriam enviados aproximadamente 6 toneladas de equipamentos. A partir da luz verde estariam prontos para partir em 24horas. 

Sábado 30/06/2018

As chuvas diminuem e os espeleomergulhadores britânicos conseguem reiniciar as buscas. Soldados Tailandeses fazem exercícios de evacuação.

Domingo 01/07/2018

Uma pausa nas chuvas permite maior avanço dos mergulhadores. Inúmeros cilindros de ar comprimido são levados para a caverna, propiciando o avanço das equipes de busca. As negociações avançam e o SSF aguarda para implementar toda a sua capacidade e expertise em resgates subterrâneos.

Segunda-Feira 02/07/2018

Os espeleomergulhadores britânicos Richard Stanton e John Volanthen  encontram o grupo cerca de 400 m após a Praia de Pattaya onde se imaginava inicialmente que estariam. Todos vivos e sem ferimentos significativos. A prioridade agora é levar alimentos e primeiros socorros. O SSF continua em alerta esperando a solicitação oficial do Governo Tailandês.

Terça-Feira 03/07/2018

Alguns soldados e um médico acompanham os meninos. Cobertores de emergência e alguns sorrisos são vistos em fotos.

Quarta-Feira 04/07/2018

A família de Pheeraphat guarda na geladeira o bolo para o aniversário de 17 anos de seu filho. São avaliadas alternativas para o resgate.

Quinta-Feira 05/07/2018

O mergulhador ex-integrante da marinha tailandesa Saman Kunan morre após deixar suprimentos aos garotos. Com esta fatalidade fica ainda mais evidente que a alternativa de sair com os meninos mergulhando é bastante arriscada.

Sexta-Feira 06/07/2018

É introduzido um duto de ar para garantir o suprimento de ar aos meninos, treinador e resgatistas pois os percentuais de oxigênio e dióxido de carbono na caverna estão respectivamente descendo e subindo atingindo níveis preocupantes. Vários mergulhadores estrangeiros chegam à Tailândia como voluntários.

Sábado 07/07/2018

Cartas são enviadas aos familiares. Técnico pede desculpas às famílias. Previsão de bom tempo por três ou quatro dias e a instalação de várias bombas de sucção podem permitir evacuação por mergulho mais curtos.

Domingo 08/07/2018

A operação de resgate começa na madrugada. Meninos saíram mergulhando, com máscaras Full Face e acompanhados pelos mergulhadores especialistas. Pela manhã os quatro primeiros meninos estavam fora da caverna.

Segunda-Feira 09/07/2018

Após pausa para o descanso, os mesmos mergulhadores voltam e retiram mais quatro meninos. Helicópteros e ambulâncias aguardam na saída.

Terça Feira 10/07/2018

Os últimos quatro meninos são resgatados. Às 8:50h sai o  técnico, a última vítima. Soldados e o médico anestesista australiano são os últimos a deixar as áreas de mergulho. Durante a desmobilização as bombas de sucção param de funcionar e o nível da água sobe. Os resgatistas precisam evacuar a caverna às pressas.
Conclusão

Finalizamos este texto com sentimento de alívio, pois, embora infelizmente tenha havido a morte de um dos resgatistas, todas as vítimas foram resgatadas com sucesso.

A nós cabe parabenizar pelo sucesso da operação que envolveu militares e muitos civis que puderam auxiliar de maneira importante por serem especialistas em uma ou mais técnicas necessárias ao resgate. Este é mais um exemplo de que a cooperação entre órgãos públicos, e instituições especializadas que congregam pessoas que estão frequentemente se atualizando e treinando, como é o caso da CER, é uma excelente saída para resgates altamente técnicos como o que ocorreu na Tailândia.


Comissão de Espeleorresgate
Luiz Lo Sardo Neto
CER 100SP12


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terça-feira, 3 de julho de 2018

Los 3 Amigos, a saga continua

Aproveitando o embalo da viagem anterior, voltamos ao abismo Los Três Amigos no primeiro final de semana de Julho.

A viagem contou com os espeleólogos Thomaz Rocha e Silva (Vagalume), Bia Hadler, Ivo Paris, Eduardo e este que vos escreve, Daniel Menin. Como sempre, também nos ajudaram o Zé Guapiara e seu filho Silas.

Resolvidos todos os preparativos, conseguimos sair da casa do Zé, de trator, as 7h30 do Sábado, meia hora antes do previsto.

Após a costumeira parada na casa de pesquisa para deixar as coisas e fazer os lanches, pegamos a trilha as 10h30 da manhã e por volta das 11h45 estávamos na caverna já instalando a corda da entrada. 

O objetivo desta viagem era descer até o rio e caminhar para o extremo Oeste da caverna. Deveríamos continuar a topografia pelo conduto fóssil deixado em aberto e também buscar alguma conexão com a caverna João Dias. A plotagem da linha de trena da caverna indicava que estávamos a poucos metros de distância da João Dias e uma conexão seria histórica, além de evitar o penoso e longo caminho pelo abismo. Enquanto eu, Bia, Vagalume e Eduardo entrávamos na gruta, o Ivo e o Zé ficariam de apoio e prospecção externa.

Descemos até o salão em cerca de 3 horas. Após um lanche rápido na parte seca, seguimos em busca da corda que leva até o conduto de rio.

Eu me lembrava que a corda estava fixada em um grande bloco e descia no meio do desmoronamento até o rio, cerca de 20m abaixo. Caminhar nesta parte da caverna é difícil e demorado. Os blocos são enormes e os desníveis exigem várias passagens escorregadias. Após cerca de 1h procurando, encontramos o ponto de descida. Feita uma verificação na corda, desci primeiro por uma parede inclinada e escorregadia. Um desvio evita o desgaste da corda em uma superfície cortante e leva até o piso do conduto, a uns 3m abaixo. Ali ao lado, a água e um vasto conduto de rio segue para ambos os lados.

Caminhamos pelo conduto belíssimo, com represas mais profundas e água corrente transparente. O conduto na maior parte do tempo é largo. Ora o teto é mais baixo, ora está a mais de 40m de altura conectando com grandes condutos superiores. Algumas passagens são mais difíceis, com desmoronamentos a serem vencidos, mas nada que impeça a passagem.

Em um dado momento somos obrigados a subir entre os blocos e sair do rio. Após passar um enorme chuveiro, conseguimos acessar um gigante conduto superior. A sala é enorme e apresenta grandes desníveis. Uma área mais baixa na lateral, com piso plano, escorrimentos e formações. Do outro lado, uma parte desmoronada e muito alta, com blocos grandes. O teto está a mais de 45m e alguns condutos laterais superiores parecem dar continuidades, mas são inacessíveis. O rio segue por baixo e a este momento se desenvolve por um conduto independente.

Feita uma fotografia rápida, resolvemos seguir a exploração verificando o caminho mais evidente para então topografar na volta.

É preciso tempo, paciência e cuidado para encontrar os melhores caminhos. Seguimos pelo grande conduto acessando outras salas. A caverna parecia não ter nem sinal de terminar.

Em um momento parece ter uma subida muito íngreme e exposta, mas é possível descer pelos blocos até chegar a parte mais baixa do salão. De lá escutamos novamente o barulho do rio e seguimos um caminho acessando o nível inferior. Era um terraço com cerca de 8m de altura. Embaixo, corria o rio em um conduto amplo e bem delimitado. Como tínhamos uma corda de aproximadamente 10m, resolvemos descer. Instalamos ela em uma grande estalactite e rapelamos facilmente até o conduto. As possibilidades eram claras para os dois lados. Resolvemos seguir a direção mais promissora, seguindo à montante. Parecia termos chegado à caverna João Dias ou alguma outra gruta conhecida. Procurávamos constantemente pegadas ou algum sinal de visita humana, mas não encontramos nada evidente, apenas algumas pegadas de paca. Seguimos pela água do rio, deixando para trás várias possibilidades de escalada para grandes condutos superiores.

Resolvemos parar a exploração em um desmoronamento após testar algumas passagens mais apertadas. Por baixo, a agua segue entre blocos e é preciso se molhar completamente espremendo-se entre as pedras. Uma forte corrente de vento entre os blocos indica boas continuidades. Por cima é possível acessar um conduto amplo através de uma escalada não muito difícil. Por se tratar de um lance negativo de certa de 3m, resolvi não arriscar sem o apoio e equipamentos adequados. 

Paramos a exploração naquele ponto e começamos a retornar topografando todo o caminho.

Pelo rio, seguimos além do rapel por mais uns 150m. Já cansados e sem chances claras de terminar, deixamos uma base fixa em uma sala desmoronada e voltamos para a corda. Topografamos a subida para a sala fóssil e boa parte do grande conduto até conectar com a base da topografia anterior. Foram cerca de 440m topografados e várias continuidades deixadas em aberto. Acabamos a topografia por volta das 23h do Sábado.

O retorno foi penoso. Estávamos muito cansados e cientes de que nada poderia dar errado. Uma torção de pé naquele ponto já seria crítico e causar problemas enormes. Ao chegar no salão, resolvemos iniciar de imediato a subida visto que o grande lance leva cerca de 30min por pessoa. Fomos subindo lentamente cada lance de corda. O combinado era nos encontrarmos na cota de -40m, onde deixamos em uma sala seca e plana água e alguma comida para antes da saída.

A Bia foi na frente, eu no meio e o Eduardo por último. A cada lance fui parando e me certificando que estava tudo bem com todos. Quando eu me aproximava dos -40 escutei conversas da Bia com alguém. O Vagalume tinha decidido não descer para o grande salão, mas eu não imaginava que ele nos esperaria por toda a jornada até a madrugada do dia seguinte.

As 3h00 cheguei ao ponto combinado e encontrei o Vagalume e a Bia batendo papo e esquentando água para chá e comida no fogareiro. Que alívio estar somente a 40 metros da saída e em um conduto seco! O Vagalume me emprestou um isolante que utilizei para me manter aquecido enquanto comia um banquete de comida liofilizada.

As 5h30 estávamos os quatro fora da caverna. O dia ainda estava escuro e seguimos mata adentro com o restante de luz que ainda nos sobrava. Durante a trilha o dia foi amanhecendo. Chegamos na casa de pesquisa já claro momentos antes da chegada do Ivo e do Zé Guapiara.

Tentei dormir um pouco, mas o cansaço físico era tanto que não consegui relaxar na cama. Também sentia frio e depois de cerca de 1h30 resolvi levantar para arrumara as coisas. A Bia e o Vagalume não descansaram na casa. A Bia varou completamente enquanto que o Vagalume estava mais descansado pois havia dormido o dia todo no salão enquanto nos esperava.

As 10h estávamos lavando os equipamentos no Rio. Chegamos em São Paulo por volta das 20h do Domingo e estou até agora me recuperando, dia a dia do cansaço extremo da viagem.

Serão necessárias outras muitas viagens a caverna Los Três Amigos para continuar a desvendar este enorme quebra-cabeça subterrâneo. Continuidade pelo Rio, condutos superiores, laterais, desmoronamentos, muita coisa segue inexplorada em ambas as extremidades da gruta. 

Por enquanto a saga de ter que entrar pelo abismo, descer 200m de corda e seguir por condutos desmoronados gigantes continua. Quem sabe até quando desvendarmos o segredo de alguma entrada mais fácil ou conexão com cavernas próximas...

Saída da casa de pesquisa. Todos inteiros e felizes...
1h15 de trilha, fomos bem rápido desta vez.



Pegadas de onça, muito comum nas trilhas de Bulha

Primeiros lances verticais, logo na entrada da caverna

Descidas até o -40, sala quente.
Grande salão com o lance "Vôo-livre". Ao fundo é possível ver a luz do Eduardo ainda na corda.

Início da topografia, no extremo Oeste da caverna. Ao fundo escorrimento do grande chuveiro.

Momento de chegada na casa de pesquisa. 7h da manhã do Domingo (só o que sobrou de nós...)
Algumas partes do Croquis gerado na topografia das áreas novas.



Plotagem da caverna Los 3 Amigos e as grutas mais próximas. A área topografada nesta viagem é a mais próxima à caverna João Dias. As duas grutas estão a menos de 200m de distância, mas começaram a se desenvolver em sentidos diferentes. Já a caverna Ribeirãozinho II está em direção ao rio do Los 3 Amigos, mas a quase 1km de distância. No extremo sul a gruta segue inexplorada e sem cavernas próximas.