"E impelido pela minha ávida vontade, imaginando poder contemplar a grande abundância de formas várias e estranhas criadas pela artificiosa natureza, enredado pelos sombrios rochedos cheguei à entrada de uma grande caverna, diante da qual permaneci tão estupefato quanto ignorante dessas coisas. Com as costas curvadas em arco, a mão cansada e firme sobre o joelho, procurei, com a mão direita, fazer sombra aos olhos comprimidos, curvando-me cá e lá, para ver se conseguia discernir alguma coisa lá dentro, o que me era impedido pela grande escuridão ali reinante. Assim permanecendo, subitamente brotaram em mim duas coisas: medo e desejo; medo da ameaçadora e escura caverna, desejo de poder contemplar lá dentro algo que me fosse miraculoso"

Leonardo Da Vinci

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Avaliação sobre diferentes movimentos de conversão em corda e auto-resgate

Eis mais um conteúdo interessante que eu tinha em meu micro e resolvi publicar aqui.
Trata-se de uma série de avaliações de Técnicas que fizemos enquanto escrevia o livro de Tecnicas Verticais. Serve para nos embasar. Obrigado a todos que participaram!

Técnicas de conversão e movimento de passagem de emenda de corda

Data: 23/10/2007
Local: Torre de bombeiros, GB Aeroporto;















Participantes:
Adilson
Caê
César
Cláudio
Daniel Menin
Jânio (espectador palpiteiro)
Ovo (espectador palpiteiro)
Sylvio Junior (espectador palpiteiro)
Renata Andrade
Renato Kbelo

Objetivo:
Avaliar algumas técnicas diferentes de conversão em subida e de movimento de passagem de emenda de corda em descida com a finalidade de validar vantagens e desvantagens de cada técnica além de identificar novos pontos ainda não percebidos.

Metodologia:
Cada participante foi convidado antes de qualquer avaliação a realizar os movimentos livremente da forma em que estava acostumado. Passado esta etapa os participantes realizaram novamente estes movimentos, porém agora seguindo o passo a passo das técnicas propostas.

Técnicas avaliadas e resultados obtidos:

1. Conversão em subida: Técnica A:

1. Interromper a subida e instalar o descensor na corda, abaixo do blocante ventral;
2. Verificar se o descensor está corretamente conectado à corda e bem fixado na Malha Rápida de cintura. Realizar a trava de segurança no descensor;
3. Se for necessário, baixar um pouco o blocante de punho na corda para que ele fique cerca de 10 a 20cm acima do blocante ventral;
4. Apoiando-se no estribo do blocante de punho, desconectar o blocante ventral da corda;
5. Descer o corpo lentamente, até que o seu peso esteja 100% no descensor;
6. Verificar novamente se o descensor está conectado corretamente à corda;
7. Remover o blocante de punho da corda, desfazer a trava de segurança e iniciar a descida.


Técnica B:

1. Interromper a subida;
2. Conectar o longe curto no blocante de punho e suspendê-lo até o longe ficar esticado;
Se apoiando no estribo, soltar o blocante ventral da corda e sentar novamente (ficando preso no longe curto);
3. Instalar o descensor na corda e realizar a trava de segurança;
4. Verificar se o descensor está corretamente conectado à corda e bem fixado na Malha Rápida de cintura;
5. Apoiando-se novamente no estribo do blocante de punho, levantar-se e retirar o longe curto, descendo para apoiar o peso no descensor travado;
6. Remover o blocante de punho da corda, desfazer a trava de segurança e iniciar a descida.

Observações Gerais:
Das 7 pessoas que participaram do treino 5 pessoas realizaram automaticamente a Técnica A como técnica já utilizada. As outras 2 pessoas não lembravam como realizar esta manobra e foram direto ao passo-a-passo proposto. Apenas uma pessoa teve problemas em uma das técnicas (B) no momento de recuperar o blocante de punho (ficou muito alto na corda).

Uma vez realizadas as 2 técnicas (A e B) a maioria das pessoas atribuiu nos quesitos rapidez e facilidade a técnica B porém também a colocaram como mais perigosa pois o indivíduo fica suspenso apenas por um blocante.
Sugestões:
Na Técnica B, o resultado foi melhor realizando a conexão do longe curto na parte superior do blocante de punho. Isto facilitou sua retirada da corda no momento em que o peso do espeleólogo estava no descensor.
Outra sugestão é verificar bem a altura do descensor na corda (deve este bem para cima) antes de soltar o longe curto do blocante.

Conclusão:
Concluímos que a Técnica B é mais fácil e rápida do que a Técnica A. Isto pois disponibiliza mais corda livre para a conexão do descensor o que facilita o trabalho além de evitar o mal colocamento deste na corda pela posição da mesma. Por outro lado, esta técnica apresenta um certo risco adicional uma vez que o espeleólogo fica por alguns segundos preso apenas por um blocante. Esta situação pode se agravar em atividades práticas em caverna e com lama, pois o blocante pode não funcionar direito ocasionando em queda.


2. Passagem de emenda de corda na descida: Técnica A:

1. Descer com o descensor até pouco antes nó;
2. Para segurança de backup, conectar o longe curto na alça do nó feito antecipadamente para este fim;
3. Conectar o blocante de punho acima do descensor;
4. Apoiando-se no estribo do blocante de punho, conectar o blocante ventral na corda (acima do descensor). Seu peso passou para o blocante.
5. Desconectar o descensor e o reconectá-lo na corda abaixo do nó, fazendo em seguida uma chave de segurança;
6. Posicionar o blocante de punho o mais para baixo possível, o suficiente para poder levantar-se utilizando o estribo;
7. Utilizando este apoio desconectar o blocante ventral da corda. Com este movimento, descer até que seu peso fique no descensor.

Técnica B:

1. Descer com o descensor até pouco antes nó;
2. Conectar o longe curto no blocante de punho e conectar este blocante na corda (acima do descensor);
3. Posicionar o blocante o mais acima possível (até esticar o longe curto);
4. Desconectar o longe longo do blocante e para segurança de backup conectá-lo na alça do nó feito antecipadamente para este fim;
5. Desconectar o descensor e o reconectá-lo na corda abaixo do nó, fazendo em seguida uma chave de segurança;
6. Utilizando o apoio do estribo desconectar o longe curto do blocante blocante e descer até que seu peso fique no descensor;
7. Recuperar o blocante de punho da corda, tirar o longe de segurança da alça do nó e reconectá-lo ao blocante;
8. Continuar a descida.


Técnica C:

1. Descer com o descensor até pouco antes nó;
2. Conectar blocante de punho na corda, um pouco acima do descensor;
3. Apoiando-se no estribo, conectar no blocante o longe curto de forma que seu peso fique neste blocante (pode-se conectar o longe no mosquetão do blocante ou na corda, acima do blocante – testar os 2 modos);
4. Desconectar o longe longo do blocante e para segurança de backup conectá-lo na alça do nó feito antecipadamente para este fim;
5. Desconectar o descensor e o reconectá-lo na corda abaixo do nó, fazendo em seguida uma chave de segurança;
6. Utilizando o apoio do estribo desconectar o longe curto do blocante blocante e descer até que seu peso fique no descensor;
7. Recuperar o blocante de punho da corda, tirar o longe de segurança da alça do nó e reconectá-lo ao blocante;
8. Continuar a descida.


Observações Gerais:
Das 7 pessoas em treinamento 3 pessoas realizaram automaticamente a técnica A (2 blocantes) e as outras 4 resolveram seguir diretamente para o passo a passo.
A diferença básica entre a Técnica A com a B e C é o fato de a primeira ser realizada através dos 2 blocantes enquanto que a B e a C são realizadas através do principio da conexão do longe curto no blocante de punho.
Na técnica A, apenas uma pessoa teve efetivamente problemas com a altura do blocante no momento de recuperá-lo enquanto que nas técnicas B e C este problema foi bastante freqüente. Cabe lembrar que em alguns casos teve-se que utilizar parte da técnica A (blocantes) para corrigir a técnica B ou C saindo de situações difíceis. No final desta etapa concluiu-se que apesar das técnica B ou C serem mais rápidas estas exigem mais treino e gera maiores riscos. 100% dos avaliadores preferiram a técnica A.
Segue uma lista de avaliação levantada nos treinamentos:

Técnica A: Vantagens:

- Mais fácil de regular a altura do blocante de punho para recuperá-lo depois;
- Não há risco de perder o blocante de punho, pois este está sempre conectado ao longe longo;
- Não há risco de continuar a descida com os longes trocados (longo solto e curto no blocante de punho) devido às trocas durante o movimento;
- Pode-se descer tranquilamente até bater com o descensor no nó (o que não pode acontecer na técnica B);

Desvantagens:
- A utilização de 2 blocantes pode ser um pouco fatigante no momento de bem posicioná-los na corda.
- O reposicionamento dos blocantes (abaixando-os sem abrir) pode causar pequenos machucados na corda devido aos dentes dos blocantes.

Técnica B ou C: Vantagem:

São mais rápidas e podem despender menos energia. A técnica C possui a vantagem de poder “bater” com o descensor no nó enquanto que a técnica B deve-se tomar mais este cuidado para isto não acontecer. O fato de parar com o descensor acima do nó dificulta ainda mais o processo de retirada do blocante em passos futuros, pois este vai ficar ainda mais acima na corda.

Desvantagens:
- Exige maior treino;
- Difícil de acertar a altura do blocante de punho;
- Pode possibilitar uma queda de maior fator durante a soltura do longe curto do blocante caso o espeleologo esteja muito cansado;
- Mantém o blocante de punho separado do longe longo podendo ocasionar na perda deste por esquecimento na corda ou deixando cair;

Sugestões:
Para a técnica B e C sugerimos conectar o longe curto na parte superior do blocante de punho (buraco para este fim ou na própria corda). Caso o longe curto esteja mais curto que o normal (por falta de regulagem) isto pode se tornar mais difícil. Neste caso é melhor conectá-lo na parte de baixo do blocante de punho.
Conclusão:
Ao final do treinamento todos os participantes optaram pela técnica A, pois é mais simples e as possibilidades de se enroscar são menores.

Techniques Légeres - Técnicas Leves em Espeleologia Vertical

Salve Salve caro leitor dos subterrâneos!

Segue aí um artigo que escrevi há algum tempo sobre Tecnicas Leves em Espeleologia Vertical. A mesma matéria foi publicada recentemente na revista O Carste (edição de Outubro/2008), mas aqui vai comalgumas imagens suplementares.

Espero que vcs gostem!

Um abs,
Daniel Menin


Técnicas Leves em Espeleologia Vertical

Os obstáculos verticais, de certa forma, sempre estiveram presentes na história da espeleologia. De um lado as fendas, abismos e complexas redes verticais se apresentavam como grandes desafios para os primeiros espeleólogos exploradores. Do outro, cabos de aço, escadas de ferro, canos, cordas de vários tipos e espessuras, homens e mais homens na segurança. Diversos eram os meios de projeção vertical utilizados para que a curiosidade humana não ficasse apenas na imaginação.
E muitos destes obstáculos subterrâneos ficaram décadas esperando que as técnicas e os equipamentos evoluíssem a ponto de possibilitarem ao homem a se aventurar nesses novos mundos.

Os espeleólogos sempre buscaram aprimorar suas técnicas e equipamentos, mas foi por volta da década de 50 que as explorações verticais mais se aperfeiçoaram e conseqüentemente geraram suas maiores descobertas. Em 12 anos de explorações a medida da caverna mais profunda do mundo praticamente dobrou de tamanho e esse resultado é, principalmente, conseqüência do surgimento de equipamentos mais adaptados à esse tipo de atividade e de técnicas mais precisas. Cordas melhores e mais resistentes, cadeirinhas de espeleologia, surgiram os freios e blocantes.
Na década de 70 padronizou-se o uso de corda simples como principal meio de transposição vertical e com ela difundiram-se as técnicas de progressão em corda que, de certa forma, utilizamos como base até hoje.

Observamos, nos últimos tempos, uma boa evolução tecnológica na produção de equipamentos (principalmente cordas), porém as técnicas de base tanto em progressão, quanto em amarragem continuaram bastante próximas às anteriores.

Explorações cada vez mais longas e profundas obrigam os espeleólogos a uma constante busca por materiais mais leves e que ofereçam ainda o mesmo grau de segurança e confiabilidade dos tradicionais equipamentos. No início da década de 90 alguns grupos já utilizavam materiais em seus kits que hoje se encaixam na lista de equipamentos ditos “leves”. Essa crescente utilização acompanhada por uma evolução industrial neste sentido fez com que a Federação Francesa de Espeleologia reconhecesse essas técnicas e, junto à Escola Francesa de Espeleologia, estudasse e estabelecesse padrões na utilização da mesma. Foi criado o título Thecniques Legéres que, de certa forma, trouxe um novo fôlego à espeleologia vertical. Surgiram algumas publicações sobre o tema (Arnaud et al, 2005) e hoje essas técnicas fazem parte da formação e especialização de espeleólogos nos estágios oferecidos pela EFS (Escola Francesa de Espeleologia).

Thecniques Legéres, como é chamada na França, se traduziria tendencialmente em Técnicas Ligeiras. Porém, talvez a tradução mais precisa e apropriada pode ser Técnicas de Utilização de Materiais Leves na Espeleologia Vertical. Isto porque Thecniques Legéres não se refere necessariamente a algo voltado à velocidade, mas principalmente ao peso.

O objetivo deste texto não é ensinar Thecniques Legéres, mas sim oferecer informações suficientes para que o leitor saiba de sua existência, reconheça seu material e identifique a necessidade ou não de sua aprendizagem. A Revista O Carste e o autor não se responsabilizam pelo uso indevido destas técnicas ou do equipamento aqui descrito.


Conceito:

Thecniques Legéres tem como conceito e objetivo básico oferecer ao espeleólogo a possibilidade de atingir uma maior PROFUNDIDADE em caverna utilizando MENOS PESO e MESMA SEGURANÇA em relação às técnicas tradicionais. Para tal adota-se a utilização de equipamentos específicos e técnicas adaptadas a esses tipos de equipamento.
O ganho de peso não é necessariamente um fator concreto e estático. Um espeleólogo pode carregar o mesmo peso que antes, porém a quantidade de material transportado em um mesmo kit lhe permitirá ir mais longe ou mais profundo em uma gruta.


O Equipamento:

Cordas de 8mm:
Por norma de fabricação, as cordas tradicionais (9mm, 10mm) são classificadas pela indústria como cordas tipo A ou B de acordo com sua elasticidade, durabilidade, resistência à fator de choque, resistência à abrasão, etc. Cordas de 8mm são classificadas (na França) como cordas de tipo “L“ (“Ligeiras”) e não se encaixam nas normas e padrões de fabricação como é o caso das cordas de tipo A ou B. A Federação Francesa acompanha e impõe, no seu país de origem, uma série de requisições de segurança na fabricação de cordas de 8mm e utiliza atualmente a marca Beal como referência para este tipo de corda.

Considerações:
O motivo da utilização da corda de 8mm é obvio. Sendo mais fina, é também mais leve e ocupa menos espaço. Porém exige alguns cuidados extras no seu uso. Deve-se prezar pela ausência absoluta de atrito com a rocha, seguir um pensamento constante de antecipação de rupturas e possíveis atritos e também ter uma boa prática na progressão evitando trancos ou velocidade descontrolada.

Micro conector ou Malha Rápida de abertura fácil (MR de Overture Vitte ):
Trata-se de um tipo de malha rápida de abertura mais fácil para ser usada em ancoragens ou derivações. Em formato assimétrico, tem uma rosca com menos voltas o que possibilita a abertura mais rapidamente e substitui o tradicional mosquetão.


Considerações:
É menor e mais leve que qualquer tipo de mosquetão tradicional. Exige cuidados extras principalmente no seu posicionamento. A rosca deve sempre estar posicionada para baixo, caso contrário, a lei da gravidade junto à movimentação natural da ancoragem pode fazer com que o MR se abra sozinho diminuindo consideravelmente sua resistência ou até fazendo com que ele se solte da ancoragem.
Pode ser utilizado na conexão entre chapeleta e corda ou na montagem de derivações junto à utilização de um cordelete de Dyneema;

Cordelete de Dyneema:


Sem dúvida nenhuma, dos equipamentos utilizados em Técnicas Leves, o cordelete de Dyneema com 5mm de diâmetro e alta resistência (através do sistema de amarragem com AS - Amarage Souple = "Amarragem flexível") é aquele que mais chama a atenção. Seu uso foi iniciado no início da década de 90. Espeleólogos o utilizavam na produção de estribos para o blocante de mão. Devido à sua alta resistência ao atrito, o cordelete de Dyneema passou também a ser usado em ancoragens naturais substituindo a tradicional fita. Na mesma década de 90 a Federação Francesa entrou em contato com a Beal e juntos desenvolveram um cordelete específico para o uso na espelologia (100% Dyneema, capa e alma).
Nasceu o codelete usado hoje para ancoragens e derivações na espeleologia moderna. Com resistência de cerca de 800 Kg e alta resistência ao atrito, o cordelete pode ser usado com o auxílio do AS (uma espécie de chapeleta desenvolvida especialmente para o cordelete), com as tradicionais plaquetas ou através de ancoragens naturais.


Considerações:
O cordelete de Dyneema substitui o mosquetão e oferece uma grande possibilidade de ancoragens diferentes, facilitando bastante o trabalho de equipagem. Pode ser conectado ao MR de abertura rápida ou diretamente na corda. Porém alguns cuidados especiais devem ser tomados:

O cordelete é 100% estático transferindo todo impacto da corda diretamente para a ancoragem. Por esse motivo o cuidado com os famosos “trancos” deve ser redobrado. As amaragens com o cordelete devem também estar totalmente tensionadas. Amarragens que não seguirem esse princípio correm o risco de gerar impacto sobrecarregando diretamente a ancoragem;

O cordelete de Dyneema é inflamável. Muito cuidado com a chama do carbureto quando estiver trabalhando com esse tipo de material;

Como acontece em qualquer tipo de corda, a resistência do cordelete cai bastante quando este é colocado em torção. Cuidado na confecção das ancoragens (e dos nós) para que o cordelete não fique “todo torcido”.

Usar em forma de anel e em ancoragens duplas. A grande maioria das aplicações do cordelete de Dyneema em ancoragens é através de confecção de um anel (unindo suas 2 pontas e o utilizando duplamente) e usando 2 pontos de fixação, ou seja, ancoragens duplas em “Y”. Um cordelete de cerca de 800kg de resistência produz um anel de cerca de 1600kg. Já uma ancoragem dupla com 2 anéis de Dyneema oferece uma boa margem de resistência.

Para fechar os anéis utilize nó de pescador duplo deixando ainda uma boa margem (mínimo uns 2,5cm) de sobra. Para uni-lo à corda, vários nós podem ser usados. O melhor nó depende da configuração da ancoragem;


Chapeletas:

A política de chapeletas não muda em relação às técnicas tradicionais. Utiliza-se com eficiência tanto as chapeletas tipo Coudées como as de tipo Vrillées. Sua escolha vai depender principalmente da superfície da rocha e configuração da ancoragem. Evita-se chapeletas de aço devido ao peso;





Considerações:

É importante ressaltar que 90% das chapeletas serão utilizadas com o MR (Malha Rapida Speedy) ou com um anel de cordelete de Dyneema. Bom senso na arrumação dos kits é o fator determinante na validação das técnicas e na economia de peso e espaço. Se estiver levando muitos AS, não serão necessárias muitas chapeletas;



Alguns princípios importantes no uso de materiais leves em espeleologia vertical:

É necessário que tenhamos claros alguns conceitos básicos antes de tentarmos nos aventurar na utilização desse tipo de material ou técnica. Devemos partir do princípio que todo material pode estar sujeito à ruptura, menos a corda. Esta deve estar protegida e precavida de todo tipo de causa que pode lhe gerar danos estando ainda conectada do início ao fim do abismo (salvo algumas exceções).
A melhor postura para essa atividade é a antecipação de rupturas das amaragens e derivações. Devemos constantemente nos colocar a questão: “o que acontecerá com a corda e com o espeleólogo caso esta amarragem se romper?”;
Praticamente todas as amarragens devem ser duplas e estar tensionadas. No caso de ruptura de uma das amarragens o trajeto da corda deve estar protegido.

É imprescindível que tenhamos uma iluminação eficiente e elétrica. Isto nos possibilita uma boa observação dos detalhes da caverna, a configuração do caminho de corda a seguir e a análise das possibilidades de ancoragens. Uma iluminação elétrica também evita o risco de incêndios subterrâneos.

Bom senso. Nunca force os limites sejam eles de qualquer natureza. Limites físicos, psicológicos, de equipamento ou de membros da equipe. Saber analisar a situação e identificar a necessidade de intervenção ou desistência é pré-requisito para um líder em uma atividade vertical envolvendo principalmente equipamentos e técnicas específicas;

Quando falamos em qualquer tipo de técnica avançada em espeleologia falamos também em equipes homogêneas no conhecimento destas técnicas. Não é acompanhando um grupo heterogêneo (contendo iniciantes) de espeleólogos que você treinará seus conhecimentos em técnicas específicas e o uso de material leve.

Boa organização na montagem das mochilas e kits. Um planejamento prévio e o hábito na utilização desses materiais fazem com que o espeleólogo organize seu kit de forma clara e eficiente transmitindo maior segurança e bons resultados na equipagem da caverna. Se já conhecer a caverna, criar uma ficha técnica com os equipamentos a utilizar pode economizar surpreendentemente o peso e volume de seus kits.

O uso de material leve na espeleologia vertical é aplicado no conjunto de equipamentos coletivos como conectores, cordas e sistemas de ancoragens. Os equipamentos individuais, salvo alguns detalhes não apontados neste texto, continuam os mesmos utilizados nas técnicas tradicionais.

Principais aplicações para as Técnicas Leves:
(Quando / Onde / Porque / Por quem)

Quando:
- Em todas as ocasiões onde os fatores equipamento e peso forem determinantes para o bom andamento da expedição;
- Em todas as atividades onde não há possibilidade de carregar grandes kits de equipamentos;
- Em viagens de prospecção e exploração a lugares distantes (outros estados ou países);

Onde:
- Em abismos profundos e difíceis no carregamento de material;
- Em cavernas ou abismos onde a caminhada de aproximação é longa e cansativa.
- Em investidas de prospecção e avaliação de continuidade vertical em áreas dentro de uma caverna;

Por que:
Para ganhar agilidade e praticidade;
Para ir mais longe carregando menos material e peso;

Por quem:
Por uma equipe homogênea e pequena;


Referências bibliográficas:
Judicaël ARNAUD, Sylvain BORIE, Nicolas CLEMENT, José MULOT. Groupe d'Etudes Techniques EFS. 2005. La cordelette Dyneema® et son utilisation en spéléologie. Spelunca n°97

Sergio Garcia – Dils De La Vega. 2004. Los Cordinos de alta resistencia y su aplicación en espeleología. Subterránea, 22: 40 – 41.

Nome, Nome. Groupe d'Etudes Techniques EFS. 2007. Les Thecniques « Legeres ». Em preparação.

(Um agradecimento especial à Remy Limagne e Delphine Molas (EFS))