Entre os dias 07 e 15 de Dezembro de 2019 uma expedição com cientistas especialistas em geologia, climatologia e espeleologia percorreu mais de 1000km de empoeiradas estradas de terra no árido sertão do nordeste, no Estado da Bahia.
A expedição foi liderada pelo Professor Dr Francisco W da Cruz Junios (Chico Bill), do Instituto de Geociências da USP (IGC) e teve colaboração de espeleólogos da UFB (universidade Federal da Bahia) do GMSE (Grupo Mundo Subterrrâneo de Espeleologia) e do GBPE (Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas).
A viagem percorreu cavernas nos municípios de Paripiranga, Uauá e Campo Formoso e o objetivo era encontrar espeleotemas que pudessem fornecer registos climáticos de parte dos últimos 20 mil anos na região (final do Pleistocêno e Holoceno), um período relativamente recente em se tratando de idades geológicas.
O campo compreendeu a uma pequena etapa de um projeto que vem mapeando o clima da Terra nos últimos 200 mil anos e que já teve conteúdos publicados em revistas científicas de grande repercussão, como a britânica
Nature. Espeleotemas podem representar registos climáticos de boa parte do Pleistocêno, já foram coletadas estalagmites com 600 mil anos de registros sobre o regime e a origem das chuvas na região onde elas se encontravam.
Entender o clima do passado ajuda os cientistas a criar modelos que permitem explicar melhor as mudanças climáticas do presente bem como prevê-as no futuro.
Além das pesquisas climáticas as equipes também realizaram levantamentos topográficos e fotográficos de algumas cavernas da região.
(Texto e fotos, Daniel Menin)
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Por muito tempo a caverna de Bom Pastor foi usada em eventos religiosos recebendo visita maciça de fiéis. Recentemente espeleólogos locais têm feito trabalhos de isolamento de espeleotemas para determinar área de caminhamento e proteger de depredações. |
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Teto de conglomerado repleto de fósseis na Gruta do Bom Pastor |
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Escada de acesso construída na Gruta do Bom Pastor. |
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Rappel no fundo de uma dolina dá acesso ao Abismo do Cazuza. |
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Dezenas de baratas encontradas em uma região específica do Abismo do Cazuza. |
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Vista do alto da Serra do Jerônimo, onde encontra-se a Caverna do Jerônimo. |
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Cadáver em decomposição de uma cabra, provavelmente perdida na caverna (Caverna Jerônimo - Uauá) |
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Grandes salas e formações caracterizam a caverna do Jerônimo, em Uauá. Mesmo a caverna tendo sido amplamente depredada, ainda resta grande beleza cênica e de potencial científico e pedagógico. |
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Trabalhos de topografia na Caverna Jerônimo - Uauá |
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Ossada de um quadrúpede, provavelmente um bode perdido dentro da caverna. |
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Grande coluna com alto grau de intemperismo, encontrada na Caverna do Jerônimo. |
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Grandes salas na Caverna Jerônimo - Uauá |
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A caverna de Jerônimo também era amplamente visitada em cultos religiosos e extração de salitre. Por todos seus salões, encontram-se estalagmites e colunas depredadas. |
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A extração de salitre era realizada em escavações como esta visível na fotografia. Com o piso rompido pelas escavações, acumulam-se estalagmites quebradas próximo às áreas de extração. |
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A caverna de Jerônimo também era amplamente visitada em cultos religiosos e extração de salitre. por todos seus salões encontram-se estalagmites e colunas depredadas. |
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Algumas das formações já depredadas foram utilizadas como amostras |
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Grande espeleotema retirado de sua posição original durante escavações de extração de salitre. Na parte de baixo, à direita, é possível observar buraco deixado para as escavações. |
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Alguns condutos na Toca da Boa Vista apresentam marcas de água em diferentes níveis fornecendo dados sobre épocas chuvosas na região. |
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Toca da Boa Vista, Bahia |
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Equipe de trabalho |
Outras fotografias da expedição podem ser encontradas
NESTE LINK.