por Daniel Menin
Participaram da viagem:
Daniel, Renata Andrade, Renata Shimura, Leda, Ovo, Gelson, Adilson, Beth e Flávio (primos da Cris), Cris Albuquerque, Caê, Daisy, Cláudio, Carlos e Jânio... espero não ter me esquecido de ninguém !
Visto a variedade de pessoas e diferentes horários de chegada na Quinta-feira, resolvemos focar as atividades na região da Passoca em apenas 2 dias de trabalho (Sexta e Sábado). Na Quinta, portanto, resolvemos nos dedicar a apenas um bom churrasco no quiosque da pousada do Jura. Churrasco que durou até cair uma forte chuva e descobrirmos que o telhado do quiosque está precisando de uma urgente reforma...
Negociamos o transporte com um morador do Lageado, dono de uma Kombi de carreto que ficou encarregado de levar e buscar as pessoas por R$ 3,00 o percurso. Também fomos de Jipe como carro de apoio e com as pessoas que não couberam na Kombi.
Na Sexta Feira foram divididas 3 equipes para atuar na caverna do Agenor e o intuito principal era de terminar as áreas em aberto e topografar o grande salão.
De última hora foi formada mais uma equipe que acabou ficando fora da caverna e batendo mato próximo ao paredão. Foram encontrados vários sumidouros, mas nenhum com possibilidade clara de acesso...
Uma equipe formada por mim (Daniel), Re Andrade, Re Shimura e o Flavio, ficou com os condutos em aberto próximo à entrada da caverna e alguns condutos superiores que também encontram o salão.
Outra equipe, com a Leda, ficou de topografar o conduto ativo do rio após o salão. E a equipe do Ovo ficou de topografar o salão e escalar uma passagem superior para bater um spit e averiguar com maiores detalhes. Na expedição anterior pudemos escalar esta passagem e ver uma possível continuação mas, por falta de equipamento acabamos não prosseguindo.
Utilizando a trena a Laser, a equipe do Ovo realizou com sucesso e certa rapidez a topografia do salão sobrando mais tempo para a averiguada da possível continuação.
A escalada foi realizada pelo Carlos que foi também quem bateu o spit para o resto da equipe subir.
Após a passagem superior a equipe encontrou uma sala desmoronada onde existia um conduto obstruído por argila de onde saia uma sugestiva ventania. Ficou evidente que no próximo dia, precisaríamos de uma equipe de desobstrução para cavar o conduto e investigar de onde vinha todo aquele vento.
A equipe da Leda, logo no início da topografia após o salão teve uma surpresa: deram de cara com uma Jararacuçu de mais de um metro de comprimento atravessando o conduto. Certamente levada pela água das últimas chuvas, a cobra teria um péssimo encontro com espeleólogos rastejadores se a equipe não a tivesse surpreendido antes...
Sem muita alternativa a equipe foi obrigada a sacrificar o animal pela segurança de todos e diminuição do próprio sofrimento da cobra que com certeza, não sobreviveria na escuridão da caverna por muito tempo.
O Conduto do rio foi 100% topografado até o “lago dos bichos” que pelo nome, já se sabe o que se encontra em seu interior e entorno.
Também foi topografado um inclinado conduto lateral “escorregador” com belas formações.
Em uma das passagens superiores nossa equipe (do Daniel) acabou descobrindo, após uma passagem estreita, belos condutos e salas superiores que acabamos não topografando na ocasião por falta de tempo.
No segundo dia tínhamos várias pendências mas apenas 2 equipamentos completos de topografia (um dos clinômetros não estava preciso). O grupo de 15 pessoas (acho) foi dividido em 4 equipes sendo uma externa de prospecção, uma de desobstrução da passagem do vento (cavar mesmo!) e outras duas de topografia.
O Ovo e a Daisy ficaram na equipe externa, formada também pelo Sr. Agenor e seu fiel companheiro de trilha, o cachorro Sultão. Essa equipe prospectou alguns buracos na região, entre eles a “Gruta da Lapinha” do Lageado e um abismo também bem próximo à entrada da Passoca que foi nomeado em homenagem ao cachorro. A “Gruta da Lapinha” e o “Abismo do Sultão” foram croquisados pelo Ovo, mas ainda precisamos pegar as coordenadas. Existe também outro pequeno abismo bem próximo da área que eles estiveram que precisa ter seu devido croquis, eu e o César estivemos neste abismo e já temos as coordenadas (acho eu...). Na oportunidade exploramos um pouco o abismo e em uma primeira olhada concluímos ele não prossegue muito. O Ovo tbém produziu um mapinha com as localizações mais do que exatas destas grutas. Pra que GPS ?
Nas equipes internas: topografamos os condutos e salões próximos à entrada encontrados no primeiro dia, mas deixamos em aberto outros condutos que levam a um verdadeiro labirinto horizontal e vertical...
A outra equipe de topografia terminou um conduto perpendicular ao conduto principal do rio antes do salão, este conduto acabou se unindo com um dos condutos fósseis topografado no dia anterior. A equipe topografou também outro conduto do “segundo andar” de médias proporções.
A equipe da desobstrução não desapontou. Com uma colher de pedreiro, cavaram horizontalmente cerca de 4 metros e algumas horas após terem começado conseguiram uma passagem onde foi possível se espremer e passar para o outro lado.
A passagem se abriu em mais um grande salão. Este salão além das dimensões apresenta uma grande parede coberta por escorrimento de calcita e um solo coberto por micro travertinos e frágeis formações suspensas. Topografamos também este salão que aumentou bastante o desenvolvimento da caverna. A princípio o salão acaba e a única possibilidade de continuidade é através de uma escalada artificial em uma das paredes pois observamos um promissor conduto superior a uns 4m acima... Devido ao túnel cavado (linha 6 ) o salão foi nomeado de Banco Central.
Uma vez lançados os dados o mapa começa a aparecer e podemos já adiantar algumas informações:
Em linha de trena a caverna está com cerca de 1000m de desenvolvimento (considerando as radiações do salão);
O desnível é de cerca de 50m;
As áreas mais altas são a entrada e o conduto “escorregador” perpendicular ao conduto do rio.
A área mais remota da caverna (distante da entrada) ainda é o “lago dos bichos” que fica no fim da galeria do rio.
A caverna apresenta em algumas áreas bastantes sedimentos trazidos de fora como pedaços de galhos e folhas. Também observamos uma grande quantidade de animais. Muitas aranhas marrons, sapos, caranguejos e outros animais que podem terem sidos trazidos de fora pela água ou podem estar utilizando a caverna como abrigo. Algumas regiões da caverna, pela quantidade destes animais, tem grande potencial de estarem ligadas ao exterior por alguma passagem não muito distante.
Próximas viagens:
Para próximas viagens ficaram algumas pendências:
- Começar uma escalada artificial no Banco Central para acessar uma área superior;
- Refazer a topografia central do conduto do rio (problemas de fechamento);
- Refazer o fechamento da entrada;
- Começar a topografia do labirinto da entrada;
Precisamos também fazer uma viagem de prospecção exterior com promissora possibilidade de encontrar novas entradas ou outras cavernas. A área a ser verificada é a parte superior do morro onde a caverna se encontra, subindo o paredão pela sua esquerda.
Também será de boa utilidade mapas e croquis dos pequenos abismos e sumidouros encontrados na região e próximos à Passoca. Bater mato próximo a trilha após a caverna da Páscoa é uma boa chance para encontrar novos e promissores buracos.
"E impelido pela minha ávida vontade, imaginando poder contemplar a grande abundância de formas várias e estranhas criadas pela artificiosa natureza, enredado pelos sombrios rochedos cheguei à entrada de uma grande caverna, diante da qual permaneci tão estupefato quanto ignorante dessas coisas. Com as costas curvadas em arco, a mão cansada e firme sobre o joelho, procurei, com a mão direita, fazer sombra aos olhos comprimidos, curvando-me cá e lá, para ver se conseguia discernir alguma coisa lá dentro, o que me era impedido pela grande escuridão ali reinante. Assim permanecendo, subitamente brotaram em mim duas coisas: medo e desejo; medo da ameaçadora e escura caverna, desejo de poder contemplar lá dentro algo que me fosse miraculoso"
Leonardo Da Vinci
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