Cidade: Pequena vila próximo de Dijon;
Departamento: Cote D´Or - BOURGOGNE;
Final de semana específico de desobstrução.
04 e 05 de Junho de 2005
Aqui escrevo um pouco sobre um trabalho de desobstrução de um abismo que participei na França. Próximo à cidade de Dijon (já ouviu falar da Mostarda de Dijon?) existe uma vasta rede subterrânea. Trata-se de um labirinto com certa de 30km de galerias mapeados porém com um obstáculo logo no início o que dificulta imensamente os trabalhos de exploração. Um sifão a cerca de 1 km da entrada separa a parte exterior dos outros 29km de galeria.
Pois há anos este grupo descobriu um abismo localizado bem encima da rede de galerias porém, estrategicamente posicionado após a passagem do sifão. Uma dádiva se o abismo não estivesse completamente entupido por sedimentos. Iniciou-se aí um trabalho de cavar e extrair a argila fazendo renascer todo um abismo escondido e completamente enterrado pela natureza.
Passamos o final de semana trabalhando na desobstrução. O abismo tem hoje, em seu total, cerca de 20m de profundidade e quase todo o percurso foi desobstruído a partir de uma falha encontrada no solo calcáreo. Observa-se ao longo do abismo o claro trabalho da água em épocas passadas. Encontram-se algumas formações em calcita como escorrimentos, estalactities e cortinas que até então, estavam cobertas por argila. Na entrada do abismo foram utilizados explosivos mas agora o trabalho consiste em cavar o solo argiloso do fundo e, através de uma corda, extrair a terra em baldes alternados. Para esse trabalho são necessários pelo menos 5 espeleólogos.
Uma primeira pessoa desce até o fundo do abismo e realiza o escavamento propriamente dito. Um segundo espeleólogo fica preso na metade do percurso, em um fracionamento, auxiliando a passagem dos baldes cheios de pedras e argila do escavamento. Uma terceira pessoa fica na boca do abismo trocando os baldes e os esvaziando fora da caverna. O restante dos participantes são aqueles que tracionam a corda que, através de uma polia, leva os resíduos escavados até o exterior do abismo.
Pela primeira vez na França tive contato com um verdadeiro trabalho de exploração subterrânea. Uma atividade que não fosse meramente esportiva ou de treinamento em caverna.
Dormimos na beira da estrada, acampando em uma espécie de “barracão de pedra abandonado” bastante utilizado por espeleólogos ou viajantes sem grana para pagar uma hospedagem.
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