Por Daniel Menin
Recentemente estivemos de vota ao estado do Rio Grande do Norte, buscando as cavernas do Oeste do estado. Existem algumas areas cársticas na região, na sua maioria exposta através de lagedos. Sem grandes desníveis, boa parte das cavidades presentes nestas áreas tem morfologia similar. Predominantemente razas e próximas da superfície, não apresentam grandes volumes ou desníveis.
Em algumas cavidades encontramos pequenos abismos sendo necessário sempre levar consigo alguns metros de corda e um devido material de segurança (não leia improviso!). Algumas cavernas são bastante labirínticas e podem se estender por centenas de metros em areas afóticas ou semi-afóticas devido à alta quantidade de clarabóias. Sempre encontramos rica fauna espeleológica entre diversas espécies aranhas, ambiplígeos (alguns bem grandes), grilos e outros animais de caverna.
Uma das cavernas a serem mapeadas nesta viagem se tratava de um pequeno abismo. Com 28m de desnível o Abismo da Água não havia nenhum resquício de vizita humana apesar de sabermos que espeleólogos do SEPARN (…) já haviam descido na cavidade. Trata-se de uma entrada apertada no lagedo que leva a um lance direto para um poço d’água, no fundo da caverna.
Pendulando no meio da descida, pode-se acessar paratames dos 2 lados encontrando pequenas areas horizontais, porem sem continuação. Descendo até o fundo do abismo, chega-se diretamente na parte inundada onde o nivel da água claramente varia de acordo com a época do ano.
Vale a descida, para aqueles que querem treinar seu vertical, porem, sempre com muito cuidado pois qualquer resgate pode se tornar bastante complicado, mesmo em uma caverna simples como esta. A caverna pode ainda apresentar algum potencial paleontológico visto sua morfologia de lance direto (pitfall), porem a busca de fósseis deverá ser feita através de mergulho pois os ossos certamente estarão submersos. Outra barreira é a espessura da entrada, clara barreira à queda de animais grandes da mega-fauna.
Durante toda a atividade tivemos a companhia e apoio de técnicos do CECAV.
"E impelido pela minha ávida vontade, imaginando poder contemplar a grande abundância de formas várias e estranhas criadas pela artificiosa natureza, enredado pelos sombrios rochedos cheguei à entrada de uma grande caverna, diante da qual permaneci tão estupefato quanto ignorante dessas coisas. Com as costas curvadas em arco, a mão cansada e firme sobre o joelho, procurei, com a mão direita, fazer sombra aos olhos comprimidos, curvando-me cá e lá, para ver se conseguia discernir alguma coisa lá dentro, o que me era impedido pela grande escuridão ali reinante. Assim permanecendo, subitamente brotaram em mim duas coisas: medo e desejo; medo da ameaçadora e escura caverna, desejo de poder contemplar lá dentro algo que me fosse miraculoso"
Leonardo Da Vinci
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Abismo Toca Do Porco - Relatorios de atividades (mapeamento e enchente)
Por Marcos Silverio:
Na última saída paramos a exploração no início de um lance vertical. Havíamos levado
pouca corda pois, além de ser domingo, a caverna não prometia muito. Mas começamos a nos animar com o potencial da caverninha.
Desta vez voltamos com mais corda e disposição. Até o ponto em que paramos desc- emos sem qualquer dificuldade dois pequenos lances após uma caminhada rápida. O único problema é a água do rio que passa por uma casa e onde animados porcos passam seu tempo. O cheiro não é dos mais agradáveis.
Arrumamos um bom lugar para a ancoragem, longe do chuveiro e a Karen se candidatou a descer. Primeiro achamos que ela estava ama- relando :), mas a corda já estava no fim e não entendíamos nada do que ela gritava lá de baixo. Qualquer coisa que precisava de mais corda, que não via o fundo etc. O Luis desceu em seguida e se juntou a ela num pequeno patamar. O César foi o próximo e logo depois eu.
Todos empoleirados no minúsculo patamar na fenda, vertical nos primeiros 10m e depois uma rampa escorregadia até o patamar a 12m do fundo. Com mais 15m de corda para o último lance até o fundo. O Luis e a Karen desceram e confirmaram o que temíamos. Continua! Uma fenda no contato prometia não terminar tão cedo.
Eu e o Cesar voltamos até o carro para buscar mais corda, trocamos as duas cordas na fenda pela maior, para deixar um lance direto e logo estávamos juntos no fundo.
Havia mais uns 60m de corda em 3 pedaços, uma delas semi rompida na descida, provavelmente devido a um atrito por conta da rampa. Cortei a corda e equipamos até o início do lance seguinte.
O César fez as ancoragens e desceu, uma rampa inclinada até a beirada de um grande garrafão. A imagem era linda, mais de 20m abaixo, um salão largo e muito alto. Já era 16h e resolvemos iniciar a topografia deste ponto já que o abismo continuava além desse salão e novamente estávamos sem corda.
A subida foi lenta e aborrecida, a longa corda na rampa nos fazia parecer um io-io e o frio começava a pegar. Mas logo encontra- mos o pessoal da outra equipe do lado de fora, com 2 sacos cheios de lixo tirado da caverna e animados após visitar um outro abismo próximo.
Quem sabe o que a caverna vai aprontar conosco na próxima...
Equipe: César, Karen, Leandro, Leda, Luis, Marcos e Regiane.
Por Daniel Menin – 1 mês depois…
A primeira coisa que fiz após ler o relato do Marcos e ver o croquis do abismo foi marcar minha ida à São Paulo. A ansiedade era grande e a oportunidade apareceu cerca de um mês depois quando eu, o Marcos e a Renata conseguimos conciliar nossas agendas e nos reunir para em um final de semana em Itaóca. Como o tempo era escasso, pretendíamos explorar o restante do abismo e sair da caverna com ao menos toda a parte vertical topografada. Tudo isso em um só dia de atividade subterrânea.
Chegamos em Apiaí no Sábado a noite e separamos o Domingo para nossa incursão na caverna. Viajamos com as mochilas de caverna já prontas e fizemos apenas uma revisão pela manhã, o que agilizou o processo. Cerca de 230m de corda, muitas fitas, batedor, proteções de corda, spits, mosquetões, chapeletas e alguns equipamentos de técnicas leves. Água, comida, primeiro socorros e outros materiais menores. Tudo isto dividido em 4 mochilas (imagine o peso que elas ficaram...).
O tempo estava ameno. Fresquinho, com uma garoa fina, mas nada que prejudicaria os trabalhos na caverna.
Entramos na gruta às 10hs da manhã. O Marcos foi na frente, encarregado pela equipagem. Fui logo atrás dando o apoio necessário e a Renata seguiu descendo por último. Queríamos fazer tudo relativamente rápido e voltar até umas 4hs da tarde para não ficar muito cansativa à estrada de volta para São Paulo.
Cerca de duas horas depois chegamos ao amplo salão onde a equipe anterior havia parado por falta de corda, à -81m de profundidade. A partir deste ponto eu e o Marcos alteramos as posições. Passei a descer primeiro, equipando a caverna ao mesmo tempo em que fazia o trabalho de ponta de trena na topografia. O Marcos fazia as anotações e o croquis e a Renata a leitura dos equipamentos. A trena a laser facilitou muito o trabalho de topografia vertical viabilizando a equipagem e mapeamento ao mesmo tempo, apesar da equipe reduzida.
Assim que cheguei no fundo deste salão, encontrei uma base deixada pelo Cesar na topografia anterior. Uma estaca fixada na argila sobre um bloco bem no centro da sala. Mais adiante, uma desescalada entre blocos acessava mais uma descida livre. Fiz a segurança em um grande bloco e me debrucei para iluminar lá embaixo. Mesmo a forte luz da lanterna não foi o suficiente para ver o fundo do abismo. Enxergava-se cerca de 20m abaixo e, entre às laterais de rocha e blocos, um vazio negro indicava a promissora continuidade da caverna. Um calmo e contínuo filete de água vinha de cima e acompanhava a parede em umas das laterais do salão, a água infiltrava-se entre os blocos e aparecia mais abaixo seguindo por outra lateral.
Batemos um spit para duplicar a ancoragem, fizemos um desvio para evitar contatos indesejados da corda com a rocha e seguimos descendo e topografando com tranquilidade. Apenas escutávamos o barulho calmo da água descendo nas ranhuras da rocha na lateral esquerda do conduto. Descíamos com os pés na parede inclinada. Uma espécie de "rampão"vertical.
Além da corda em que estávamos pendurados, eu ainda carregava na mochila mais duas cordas não muito longas e esperava que as mesmas fossem suficientes para chegarmos a algum conduto ou area horizontal da gruta. Sorte ou acaso, os próximos dois lances verticais compreenderam exatamente ao mesmo comprimento das cordas. Mesmo com alguns fracionamentos e desvios ao longo do caminho, no final destas duas descidas, não sobrou nem faltou sequer um metro de corda.
Ao descer o último lance vertical à vista me deparei com mais um amplo salão. Não tão grande como as salas anteriores, mas o suficiente para se caminhar confortavelmente de pé. Apesar do volume, agora as possibilidades de continuação já não eram tão claras. Enquanto a Renata e o Marcos topografavam esta última descida eu resolvi dar uma rápida olhada buscando por alguma continuação. Eu estava tentando passar por entre os blocos de um desmoronamento quando escutei o Marcos, ainda pendurado na corda alguns metros acima, perguntar se o nível de água estaria aumentando. Me virei até ele e sem muita analise apurada respondi: "Impressão sua!". Mais alguns segundos e o barulho da água evidentemente começou a aumentar. Saí do desmoronamento e fiquei em pé no meio do salão. Foi quando pude sentir uma corrente de ar mais forte, indício de que algo se movimentava dentro da caverna diferentemente de antes. Olhei para a lateral do salão e na parede junto à corda eu não via mais apenas o filete de água escorrendo como antes. No lugar havia muito mais água descendo a parede violentamente junto à muita espuma. Foi questão de segundos mesmo. A este ponto a topografia já havia sido interrompida e a Renata, assim como o Marcos, ambos completamente molhados, desciam direto para o salão. Nas laterais da sala haviam várias áreas secas e lugares para nos abrigar caso a água aumentasse ainda mais. Contando com essas áreas de escape decidimos seguir um pouco adiante com a topografia e terminar logo o trabalho. Monitorando a variação fluvial da caverna mapeamos todo salão e também o restante dos condutos. Chegamos até a forçar alguma passagem seca, conduto lateral com alguns moradores morcegos, mas sem nenhuma continuação evidente. Toda a água que descia na caverna se infiltrava entre os blocos de rocha em dois diferentes pontos apertados no fundo do abismo. Diante da situação, demos por encerradas as possibilidades de exploração e mapeamento assim como a busca por continuidades.
Almoçamos e esperamos mais um tempo para analisar novamente o comportamento da água. O nível parecia estável, bastante volumoso, mas havia parado de aumentar. Tínhamos duas opções: iniciar a subida enfrentando a água, o que tornaria a volta à superfície claramente mais penosa ou aguardar o nível baixar para então começar a subir. Cabe lembrar que não estávamos no verão, época de constantes e fortes chuvas. Portanto, fora da época das inundações frequentes não estávamos muito preparados para passar dias aguardando a caverna "secar" ou ficar horas à fio molhados. Nesta época do ano, claramente havíamos sido pegos de surpresa. Aguardamos mais um pouco. Não observamos nenhum sinal de diminuição do volume de água, mas também nenhum sinal de aumento, então optamos por enfrentar a aguaceira toda e iniciar a subida.
Logo nos primeiros metros de corda já estávamos encharcados. Qualquer esforço a se manter seco era em vão.
A Renata foi subindo na frente enquanto que eu e o Marco nos alternávamos na desequipagem da caverna. Em alguns pontos, tentar enxergar o caminho afrente ou acima era impossível então nos guiávamos pela própria corda, presos por nossos equipamentos. Os movimentos, mesmos nas áreas mais horizontais ou amplas, deveriam ser realizados com calma e lentamente para evitar choques com saliências pontudas e afiados lapiás ao longo do caminho. Entre nós, tentávamos manter algum contato auditivo ou visual para saber se o companheiro estava bem e seguindo seu caminho. A cada lance de corda que eu escutava o companheiro de cima gritar "Liiiiivre!” me vinha um alívio duplo: era a indicação de que a corda estava livre para minha subida e de que a situação lá encima estava sob controle. Quando seu grito tardava a vir ou quando era de alguma maneira desproporcional eu já sabia que a subida tinha sido mais difícil que o usual.
Alguns lances verticais acima e chegamos ao maior salão da caverna. Como eu era o último da equipe a subir, rapidamente desamarrei a corda da ancoragem, guardei os equipamentos na mochila e em um raro momento de descanso pude contemplar a Renata subindo pela corda por uma parede à minha frente. Apaguei minha luz para economizar energias e confesso que vê-la subir por uma lisa parede de cerca de 20m verticais à frente de uma imponente cachoeira era uma visão espetacular. Pensei em fazer algumas fotos, mas tentar alguma comunicação com a Renata com o infernal barulho da água ou parar a subida para fazer fotos seria algo totalmente fora de cogitação. Cena difícil de descrever e mais difícil ainda de fotografar.
Naquele momento eu lembrava de algumas histórias de enchentes em grutas verticais e algumas técnicas para nos proteger delas. Passando pela experiência na própria pele eu podia me certificar de uma coisa: a caverna que havíamos descido, ora seca e com boa visibilidade estava agora completamente desconfigurada. A condição de novos cursos d'água, de dificuldades na respiração devido à alta humidade e de falta de visibilidade nos expunha à um ambiente novo e bem mais desafiador. A situação se agravava bastante psicologicamente, sobre a incerteza de quanto tempo a vazão da água lá embaixo seria suficiente para evitar que a gruta ficasse completamente submersa.
Levantei com um determinado grito vindo da Renata informando que a corda estava livre para minha subida. Vi sua luz desaparecer em um conduto de onde saía muita água, há mais de 20m acima.
Graças à técnica "hors crue" onde equipamos uma descida com a corda fora de um possível novo curso em caso de enchente, esta maior subida não estava tão difícil pois mesmo sob a forte cachoeira a corda ainda se mantinha longe da água. Por outro lado, alguns outros lances, antes secos e simples, se tornaram difíceis subidas com água caindo fortemente no meio do caminho. Muitas vezes a água ocupava quase toda a área em torno da corda e não havia opções de sair debaixo dos violentos chuveiros gelados. Enquanto nos movimentávamos a temperatura era bastante suportável, mas a medida em que o tempo em que estávamos molhados se prolongava e que permanecíamos parados mesmo que por poucos segundos o frio tomava conta de nossos corpos. As mochilas, já carregadas de equipamentos, ficaram ainda mais pesadas encharcadas e muitas vezes cheias d’água. Na medida em que a atividade foi se prolongando, nossos organismos iam ficando mais cansados e a subida foi ficando mais penosa. Era como se existisse um cronômetro e estivéssemos correndo contra o tempo. Foi preciso bastante energia para subir os constantes garrafões diante destas condições.
Apesar de todas as dificuldades nos mantivemos o tempo todo tranquilos. A caverna, por suas formações já muito belas se tornara ainda mais contemplativa diante do poder da água varrendo seu caminho nas entranhas da terra e mergulhando nas profundezas. Esta beleza, somada à esportividade da situação e domínio da técnica nos dava certo conforto possibilitando controle da situação e calma apesar das mudanças no ambiente e dos momentos delicados.
Entre todo o percurso, sem dúvida umas das passagens mais difíceis foi a subida do rampão, pois a água vinha com bastante violência dificultando fixarmos nossos pés na parede e nos manter bem posicionados. O penúltimo lance da caverna, apesar de curto também foi penoso. Um fracionamento suspenso exigia muito esforço bem debaixo de uma forte cachoeira. Obstáculo muito difícil uma vez cansados e com frio. Subida que poderia ter sido bem mais fácil caso tivéssemos nos atentado a fazer uma equipagem evitando o caminho da água. Fica como aprendizado... mesmo para tempos fora da época das chuvas esta é uma boa prática a ser seguida.
Saímos da caverna às 19hs e a chuva havia parado. Segundo o morador local, logo após nossa entrada iniciou-se uma forte chuva que permaneceu incessante por quase todo o dia. Condição climática bastante atípica para esta época do ano. Logo ao chegar na pousada soubemos que nossos amigos já haviam ligado e demonstrado preocupação.
Fica este relato, como aprendizado de cautela e antecipação. Uma caverna, mesmo que aparentemente fácil ou simples pode se tornar um pesadelo em épocas de chuva e com uma equipe mais numerosa ou lenta. Pequenos problemas podem se tornar relevantes agravantes e causar graves acidentes por reação em cadeia.
Nos dias que se seguiram convivi com uma incômoda dor de cabeça, daquelas típicas de dias de ressaca. Fiz e refiz várias vezes o levantamento mental dos detalhes da atividade, buscando no fundo da memória cada minuto dentro da cavenra e anotando nossos erros e acertos. Após esta criteriosa análise acho que encontrei o principal causador desta dor de cabeça: desidratação!
Mapa: Leda Zogbi
Fotos do Mapa: Regiane Velozo, Luiz Rocha e Leda Zogbi.
Na última saída paramos a exploração no início de um lance vertical. Havíamos levado
pouca corda pois, além de ser domingo, a caverna não prometia muito. Mas começamos a nos animar com o potencial da caverninha.
Desta vez voltamos com mais corda e disposição. Até o ponto em que paramos desc- emos sem qualquer dificuldade dois pequenos lances após uma caminhada rápida. O único problema é a água do rio que passa por uma casa e onde animados porcos passam seu tempo. O cheiro não é dos mais agradáveis.
Arrumamos um bom lugar para a ancoragem, longe do chuveiro e a Karen se candidatou a descer. Primeiro achamos que ela estava ama- relando :), mas a corda já estava no fim e não entendíamos nada do que ela gritava lá de baixo. Qualquer coisa que precisava de mais corda, que não via o fundo etc. O Luis desceu em seguida e se juntou a ela num pequeno patamar. O César foi o próximo e logo depois eu.
Todos empoleirados no minúsculo patamar na fenda, vertical nos primeiros 10m e depois uma rampa escorregadia até o patamar a 12m do fundo. Com mais 15m de corda para o último lance até o fundo. O Luis e a Karen desceram e confirmaram o que temíamos. Continua! Uma fenda no contato prometia não terminar tão cedo.
Eu e o Cesar voltamos até o carro para buscar mais corda, trocamos as duas cordas na fenda pela maior, para deixar um lance direto e logo estávamos juntos no fundo.
Havia mais uns 60m de corda em 3 pedaços, uma delas semi rompida na descida, provavelmente devido a um atrito por conta da rampa. Cortei a corda e equipamos até o início do lance seguinte.
O César fez as ancoragens e desceu, uma rampa inclinada até a beirada de um grande garrafão. A imagem era linda, mais de 20m abaixo, um salão largo e muito alto. Já era 16h e resolvemos iniciar a topografia deste ponto já que o abismo continuava além desse salão e novamente estávamos sem corda.
A subida foi lenta e aborrecida, a longa corda na rampa nos fazia parecer um io-io e o frio começava a pegar. Mas logo encontra- mos o pessoal da outra equipe do lado de fora, com 2 sacos cheios de lixo tirado da caverna e animados após visitar um outro abismo próximo.
Quem sabe o que a caverna vai aprontar conosco na próxima...
Equipe: César, Karen, Leandro, Leda, Luis, Marcos e Regiane.
Por Daniel Menin – 1 mês depois…
A primeira coisa que fiz após ler o relato do Marcos e ver o croquis do abismo foi marcar minha ida à São Paulo. A ansiedade era grande e a oportunidade apareceu cerca de um mês depois quando eu, o Marcos e a Renata conseguimos conciliar nossas agendas e nos reunir para em um final de semana em Itaóca. Como o tempo era escasso, pretendíamos explorar o restante do abismo e sair da caverna com ao menos toda a parte vertical topografada. Tudo isso em um só dia de atividade subterrânea.
Chegamos em Apiaí no Sábado a noite e separamos o Domingo para nossa incursão na caverna. Viajamos com as mochilas de caverna já prontas e fizemos apenas uma revisão pela manhã, o que agilizou o processo. Cerca de 230m de corda, muitas fitas, batedor, proteções de corda, spits, mosquetões, chapeletas e alguns equipamentos de técnicas leves. Água, comida, primeiro socorros e outros materiais menores. Tudo isto dividido em 4 mochilas (imagine o peso que elas ficaram...).
O tempo estava ameno. Fresquinho, com uma garoa fina, mas nada que prejudicaria os trabalhos na caverna.
Entramos na gruta às 10hs da manhã. O Marcos foi na frente, encarregado pela equipagem. Fui logo atrás dando o apoio necessário e a Renata seguiu descendo por último. Queríamos fazer tudo relativamente rápido e voltar até umas 4hs da tarde para não ficar muito cansativa à estrada de volta para São Paulo.
Cerca de duas horas depois chegamos ao amplo salão onde a equipe anterior havia parado por falta de corda, à -81m de profundidade. A partir deste ponto eu e o Marcos alteramos as posições. Passei a descer primeiro, equipando a caverna ao mesmo tempo em que fazia o trabalho de ponta de trena na topografia. O Marcos fazia as anotações e o croquis e a Renata a leitura dos equipamentos. A trena a laser facilitou muito o trabalho de topografia vertical viabilizando a equipagem e mapeamento ao mesmo tempo, apesar da equipe reduzida.
Assim que cheguei no fundo deste salão, encontrei uma base deixada pelo Cesar na topografia anterior. Uma estaca fixada na argila sobre um bloco bem no centro da sala. Mais adiante, uma desescalada entre blocos acessava mais uma descida livre. Fiz a segurança em um grande bloco e me debrucei para iluminar lá embaixo. Mesmo a forte luz da lanterna não foi o suficiente para ver o fundo do abismo. Enxergava-se cerca de 20m abaixo e, entre às laterais de rocha e blocos, um vazio negro indicava a promissora continuidade da caverna. Um calmo e contínuo filete de água vinha de cima e acompanhava a parede em umas das laterais do salão, a água infiltrava-se entre os blocos e aparecia mais abaixo seguindo por outra lateral.
Batemos um spit para duplicar a ancoragem, fizemos um desvio para evitar contatos indesejados da corda com a rocha e seguimos descendo e topografando com tranquilidade. Apenas escutávamos o barulho calmo da água descendo nas ranhuras da rocha na lateral esquerda do conduto. Descíamos com os pés na parede inclinada. Uma espécie de "rampão"vertical.
Além da corda em que estávamos pendurados, eu ainda carregava na mochila mais duas cordas não muito longas e esperava que as mesmas fossem suficientes para chegarmos a algum conduto ou area horizontal da gruta. Sorte ou acaso, os próximos dois lances verticais compreenderam exatamente ao mesmo comprimento das cordas. Mesmo com alguns fracionamentos e desvios ao longo do caminho, no final destas duas descidas, não sobrou nem faltou sequer um metro de corda.
Ao descer o último lance vertical à vista me deparei com mais um amplo salão. Não tão grande como as salas anteriores, mas o suficiente para se caminhar confortavelmente de pé. Apesar do volume, agora as possibilidades de continuação já não eram tão claras. Enquanto a Renata e o Marcos topografavam esta última descida eu resolvi dar uma rápida olhada buscando por alguma continuação. Eu estava tentando passar por entre os blocos de um desmoronamento quando escutei o Marcos, ainda pendurado na corda alguns metros acima, perguntar se o nível de água estaria aumentando. Me virei até ele e sem muita analise apurada respondi: "Impressão sua!". Mais alguns segundos e o barulho da água evidentemente começou a aumentar. Saí do desmoronamento e fiquei em pé no meio do salão. Foi quando pude sentir uma corrente de ar mais forte, indício de que algo se movimentava dentro da caverna diferentemente de antes. Olhei para a lateral do salão e na parede junto à corda eu não via mais apenas o filete de água escorrendo como antes. No lugar havia muito mais água descendo a parede violentamente junto à muita espuma. Foi questão de segundos mesmo. A este ponto a topografia já havia sido interrompida e a Renata, assim como o Marcos, ambos completamente molhados, desciam direto para o salão. Nas laterais da sala haviam várias áreas secas e lugares para nos abrigar caso a água aumentasse ainda mais. Contando com essas áreas de escape decidimos seguir um pouco adiante com a topografia e terminar logo o trabalho. Monitorando a variação fluvial da caverna mapeamos todo salão e também o restante dos condutos. Chegamos até a forçar alguma passagem seca, conduto lateral com alguns moradores morcegos, mas sem nenhuma continuação evidente. Toda a água que descia na caverna se infiltrava entre os blocos de rocha em dois diferentes pontos apertados no fundo do abismo. Diante da situação, demos por encerradas as possibilidades de exploração e mapeamento assim como a busca por continuidades.
Almoçamos e esperamos mais um tempo para analisar novamente o comportamento da água. O nível parecia estável, bastante volumoso, mas havia parado de aumentar. Tínhamos duas opções: iniciar a subida enfrentando a água, o que tornaria a volta à superfície claramente mais penosa ou aguardar o nível baixar para então começar a subir. Cabe lembrar que não estávamos no verão, época de constantes e fortes chuvas. Portanto, fora da época das inundações frequentes não estávamos muito preparados para passar dias aguardando a caverna "secar" ou ficar horas à fio molhados. Nesta época do ano, claramente havíamos sido pegos de surpresa. Aguardamos mais um pouco. Não observamos nenhum sinal de diminuição do volume de água, mas também nenhum sinal de aumento, então optamos por enfrentar a aguaceira toda e iniciar a subida.
Logo nos primeiros metros de corda já estávamos encharcados. Qualquer esforço a se manter seco era em vão.
A Renata foi subindo na frente enquanto que eu e o Marco nos alternávamos na desequipagem da caverna. Em alguns pontos, tentar enxergar o caminho afrente ou acima era impossível então nos guiávamos pela própria corda, presos por nossos equipamentos. Os movimentos, mesmos nas áreas mais horizontais ou amplas, deveriam ser realizados com calma e lentamente para evitar choques com saliências pontudas e afiados lapiás ao longo do caminho. Entre nós, tentávamos manter algum contato auditivo ou visual para saber se o companheiro estava bem e seguindo seu caminho. A cada lance de corda que eu escutava o companheiro de cima gritar "Liiiiivre!” me vinha um alívio duplo: era a indicação de que a corda estava livre para minha subida e de que a situação lá encima estava sob controle. Quando seu grito tardava a vir ou quando era de alguma maneira desproporcional eu já sabia que a subida tinha sido mais difícil que o usual.
Alguns lances verticais acima e chegamos ao maior salão da caverna. Como eu era o último da equipe a subir, rapidamente desamarrei a corda da ancoragem, guardei os equipamentos na mochila e em um raro momento de descanso pude contemplar a Renata subindo pela corda por uma parede à minha frente. Apaguei minha luz para economizar energias e confesso que vê-la subir por uma lisa parede de cerca de 20m verticais à frente de uma imponente cachoeira era uma visão espetacular. Pensei em fazer algumas fotos, mas tentar alguma comunicação com a Renata com o infernal barulho da água ou parar a subida para fazer fotos seria algo totalmente fora de cogitação. Cena difícil de descrever e mais difícil ainda de fotografar.
Naquele momento eu lembrava de algumas histórias de enchentes em grutas verticais e algumas técnicas para nos proteger delas. Passando pela experiência na própria pele eu podia me certificar de uma coisa: a caverna que havíamos descido, ora seca e com boa visibilidade estava agora completamente desconfigurada. A condição de novos cursos d'água, de dificuldades na respiração devido à alta humidade e de falta de visibilidade nos expunha à um ambiente novo e bem mais desafiador. A situação se agravava bastante psicologicamente, sobre a incerteza de quanto tempo a vazão da água lá embaixo seria suficiente para evitar que a gruta ficasse completamente submersa.
Levantei com um determinado grito vindo da Renata informando que a corda estava livre para minha subida. Vi sua luz desaparecer em um conduto de onde saía muita água, há mais de 20m acima.
Graças à técnica "hors crue" onde equipamos uma descida com a corda fora de um possível novo curso em caso de enchente, esta maior subida não estava tão difícil pois mesmo sob a forte cachoeira a corda ainda se mantinha longe da água. Por outro lado, alguns outros lances, antes secos e simples, se tornaram difíceis subidas com água caindo fortemente no meio do caminho. Muitas vezes a água ocupava quase toda a área em torno da corda e não havia opções de sair debaixo dos violentos chuveiros gelados. Enquanto nos movimentávamos a temperatura era bastante suportável, mas a medida em que o tempo em que estávamos molhados se prolongava e que permanecíamos parados mesmo que por poucos segundos o frio tomava conta de nossos corpos. As mochilas, já carregadas de equipamentos, ficaram ainda mais pesadas encharcadas e muitas vezes cheias d’água. Na medida em que a atividade foi se prolongando, nossos organismos iam ficando mais cansados e a subida foi ficando mais penosa. Era como se existisse um cronômetro e estivéssemos correndo contra o tempo. Foi preciso bastante energia para subir os constantes garrafões diante destas condições.
Apesar de todas as dificuldades nos mantivemos o tempo todo tranquilos. A caverna, por suas formações já muito belas se tornara ainda mais contemplativa diante do poder da água varrendo seu caminho nas entranhas da terra e mergulhando nas profundezas. Esta beleza, somada à esportividade da situação e domínio da técnica nos dava certo conforto possibilitando controle da situação e calma apesar das mudanças no ambiente e dos momentos delicados.
Entre todo o percurso, sem dúvida umas das passagens mais difíceis foi a subida do rampão, pois a água vinha com bastante violência dificultando fixarmos nossos pés na parede e nos manter bem posicionados. O penúltimo lance da caverna, apesar de curto também foi penoso. Um fracionamento suspenso exigia muito esforço bem debaixo de uma forte cachoeira. Obstáculo muito difícil uma vez cansados e com frio. Subida que poderia ter sido bem mais fácil caso tivéssemos nos atentado a fazer uma equipagem evitando o caminho da água. Fica como aprendizado... mesmo para tempos fora da época das chuvas esta é uma boa prática a ser seguida.
Saímos da caverna às 19hs e a chuva havia parado. Segundo o morador local, logo após nossa entrada iniciou-se uma forte chuva que permaneceu incessante por quase todo o dia. Condição climática bastante atípica para esta época do ano. Logo ao chegar na pousada soubemos que nossos amigos já haviam ligado e demonstrado preocupação.
Fica este relato, como aprendizado de cautela e antecipação. Uma caverna, mesmo que aparentemente fácil ou simples pode se tornar um pesadelo em épocas de chuva e com uma equipe mais numerosa ou lenta. Pequenos problemas podem se tornar relevantes agravantes e causar graves acidentes por reação em cadeia.
Nos dias que se seguiram convivi com uma incômoda dor de cabeça, daquelas típicas de dias de ressaca. Fiz e refiz várias vezes o levantamento mental dos detalhes da atividade, buscando no fundo da memória cada minuto dentro da cavenra e anotando nossos erros e acertos. Após esta criteriosa análise acho que encontrei o principal causador desta dor de cabeça: desidratação!
Mapa: Leda Zogbi
Fotos do Mapa: Regiane Velozo, Luiz Rocha e Leda Zogbi.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Ducano - Construção de equipamento para vencer lances verticais (1999)
Por: Dennys Corbo e Marcos Otavio Silverio
Escrito em junho de 1999.
Há anos pensávamos numa maneira de subir por aquele buraco no teto. Havia um grande escorrimento à margem do rio por onde podíamos subir e diminuir em mais de 2 metros os quase 6 metros totais a serem vencidos, mas a nova posição apenas servia para que percebessemos a continuação do conduto, localizado sobre o rio. Laçar alguma coisa ou escalar era impossível. Na ansiedade pensamos então em arrastar um tronco desde a parte externa da caverna para subir por ele. A idéia até que era boa mas evidentemente ela precisava ser melhorada.
Então nós e o Chico, que nos ajudou com idéias, solda e marreta, resolvemos fabricar um equipamento, com um cano mesmo, para subir. Ele precisava ser resistente e leve o bastante para podermos carregar e subir por ele. Depois de analisarmos as possibilidades em alguns depósitos de ferro-velho, compramos 2 canos galvanizados, do tipo utilizado em sustentação de placas de sinalização de ruas, com 3 metros cada e com roscas nas extremidades para uní-los.
Entretanto tínhamos de descobrir uma forma melhor para unir os canos pois uma batida na superfície de uma pedra danificaria a rosca irreversivelmente. Além disto a rosca fragiliza o tubo interno, que fica com parede menos espessa. A fragilidade fica quase que completamente corrigida quando se rosqueia a luva para emendar os tubos, mas os ˙últimos fios de rosca ficariam à mostra.
Foi então que decidimos utilizar um tubo com cerca de 40 cm, cujo diâmetro interno fosse ligeiramente maior que o diâmetro externo dos tubos a serem juntados. A junção seria feita com o auxílio de dois furos ortogonais (figura 1) e dois parafusos de aço 8,8 comuns na indústria automobilística. Este é o mesmo aço utilizado para a fixação de plaquetas em ancoragens.
Agora sim tínhamos a ”emenda perfeita”. Cortamos os tubos de 3 metros ao meio para que ficassem mais fáceis de serem carregados tanto na trilha (um por mochila) quanto nos condutos estreitos da parte interna da caverna. Furamos os tubos no arranjo desejado (um tubo dentro do outro) para garantirmos que os furos coincidissem e “voilá”. Tínhamos nas mãos 4 pedaços de 1,5 metros de cano que poderiam ser emendados fornecendo uma estrutura rígida com 6 metros de comprimento.
Para segurar cada pedaço do cano fizemos 2 furos próximos e passamos um pedaço de aço dobrado em "U", que foi soldado como alças conforme ilustra a figura 2. Estas alças seriam úteis para amarração na mochila e também dentro da caverna, evitando que a montagem escorregasse para os lados.
Para amarrar a corda ou escadinha na ponta do cano para a subida nós fizemos dois furos passando pelas duas paredes do cano e colocamos um pedaço de aço em forma de arco (fig 3). Apesar de estarem soldadas nós achamos melhor não confiar muito nestas alças. Assim nós passamos a corda por dentro da alça e por trás do cano (figura 4), assim a alça serviria mais para não deixar a corda correr e a solda seria menos tracionada.
No transporte do cano É interessante manter os parafusos nos furos do tubo mais largo e com as respectivas porcas, para não correr o risco de perdê-los, e levar sempre 2 chaves de boca.
Finalmente conseguimos atingir o tal buraco no teto (foto), aumentando o desenvolvimento da caverna em mais de 200 metros. Quanto à rigidez, nosso cano tem 6m e já entorta um pouco. Para grandes alturas seria necessária alguma modificação. Um agradecimento especial ao pessoal que apoiou a idéia e ajudou a carregar e a testar o equipamento. A propósito o salão se chama Ducano, em homenagem ao equipamento utilizado.
Escrito em junho de 1999.
Há anos pensávamos numa maneira de subir por aquele buraco no teto. Havia um grande escorrimento à margem do rio por onde podíamos subir e diminuir em mais de 2 metros os quase 6 metros totais a serem vencidos, mas a nova posição apenas servia para que percebessemos a continuação do conduto, localizado sobre o rio. Laçar alguma coisa ou escalar era impossível. Na ansiedade pensamos então em arrastar um tronco desde a parte externa da caverna para subir por ele. A idéia até que era boa mas evidentemente ela precisava ser melhorada.
Então nós e o Chico, que nos ajudou com idéias, solda e marreta, resolvemos fabricar um equipamento, com um cano mesmo, para subir. Ele precisava ser resistente e leve o bastante para podermos carregar e subir por ele. Depois de analisarmos as possibilidades em alguns depósitos de ferro-velho, compramos 2 canos galvanizados, do tipo utilizado em sustentação de placas de sinalização de ruas, com 3 metros cada e com roscas nas extremidades para uní-los.
Entretanto tínhamos de descobrir uma forma melhor para unir os canos pois uma batida na superfície de uma pedra danificaria a rosca irreversivelmente. Além disto a rosca fragiliza o tubo interno, que fica com parede menos espessa. A fragilidade fica quase que completamente corrigida quando se rosqueia a luva para emendar os tubos, mas os ˙últimos fios de rosca ficariam à mostra.
Foi então que decidimos utilizar um tubo com cerca de 40 cm, cujo diâmetro interno fosse ligeiramente maior que o diâmetro externo dos tubos a serem juntados. A junção seria feita com o auxílio de dois furos ortogonais (figura 1) e dois parafusos de aço 8,8 comuns na indústria automobilística. Este é o mesmo aço utilizado para a fixação de plaquetas em ancoragens.
Agora sim tínhamos a ”emenda perfeita”. Cortamos os tubos de 3 metros ao meio para que ficassem mais fáceis de serem carregados tanto na trilha (um por mochila) quanto nos condutos estreitos da parte interna da caverna. Furamos os tubos no arranjo desejado (um tubo dentro do outro) para garantirmos que os furos coincidissem e “voilá”. Tínhamos nas mãos 4 pedaços de 1,5 metros de cano que poderiam ser emendados fornecendo uma estrutura rígida com 6 metros de comprimento.
Para segurar cada pedaço do cano fizemos 2 furos próximos e passamos um pedaço de aço dobrado em "U", que foi soldado como alças conforme ilustra a figura 2. Estas alças seriam úteis para amarração na mochila e também dentro da caverna, evitando que a montagem escorregasse para os lados.
Para amarrar a corda ou escadinha na ponta do cano para a subida nós fizemos dois furos passando pelas duas paredes do cano e colocamos um pedaço de aço em forma de arco (fig 3). Apesar de estarem soldadas nós achamos melhor não confiar muito nestas alças. Assim nós passamos a corda por dentro da alça e por trás do cano (figura 4), assim a alça serviria mais para não deixar a corda correr e a solda seria menos tracionada.
No transporte do cano É interessante manter os parafusos nos furos do tubo mais largo e com as respectivas porcas, para não correr o risco de perdê-los, e levar sempre 2 chaves de boca.
Finalmente conseguimos atingir o tal buraco no teto (foto), aumentando o desenvolvimento da caverna em mais de 200 metros. Quanto à rigidez, nosso cano tem 6m e já entorta um pouco. Para grandes alturas seria necessária alguma modificação. Um agradecimento especial ao pessoal que apoiou a idéia e ajudou a carregar e a testar o equipamento. A propósito o salão se chama Ducano, em homenagem ao equipamento utilizado.
sábado, 8 de novembro de 2008
DESCOBERTA DO SIFÃO DO RALO - PROCAD II (Caverna do Diabo – 01.05.98)
Já eram mais de 20h quando nos separamos do grupo do Roberto / Beroaldo no Salão “Gigantes Caídos”. O Beroaldo ficou nos passando as informações necessárias para começarmos a topografia.
O objetivo inicial de topografar o Salão Philippe foi alterado devido ao avançado horário, precisaríamos de pelo menos 6h de topografia e contávamos com menos de 3h.
O Beroaldo nos deu as indicações de um salão superior, mas que também ficaria para uma próxima investida e do “Y” no nível do rio, que faríamos naquela noite.
Segundo ele uma das pernas do “Y” terminava num pequeno lago, pouco adiante. Decidimos começar a topo do final da galeria para o “Delta”.
Fomos caminhando até o final da galeria e nos arrastamos por um quebra-corpo, tendo o grande desmoronamento dos Gigantes Caídos a nossa direita. Chegamos a uma galeria pequena e com mais um lago. O lago continuava e tendia à esquerda saindo do eixo da galeria dos Gigantes Caídos.
A medida que avançávamos aumentavam as dimensões do lago. Passando por um teto baixo (40cm + ou -) chegamos ao maior salão de aproximadamente 20m de comprimento uns 7m de largura e 3 de altura (a partir da água) e uma profundidade maior que 2 metros (não fui até o fundo do salão pois nos parecia um sifão).
Não havia circulação de ar e a água nos pareceu parada também. Até uns 7 metros antes da parede final do salão há bastante areia no chão, mas a medida que vai se avançando ao final dele, o chão vai se inclinando de todos os lados para o centro (parecendo um ralo), o que nos causa a impressão de que ele quer nos puxar para si, e sem depósitos sedimentares (só pedra), ficando difícil de se manter em pé.
Tivemos a impressão de que o lago tem uma comunicação com outra galeria e que quando há uma inundação neste a água circula para o outro lado. Talvez valesse a pena uma exploração através de mergulho.
Percebemos a marca de inundações nas paredes, a água atinge facilmente o teto da galeria. Explorei uma pequena chaminé na entrada do lago mas não subi mais que 2 metros. O Chico deu uma olhada no lado do desmoronamento junto com o Renato, mas não avançou por entre os blocos. Ao todo a nova galeria deve acrescentar uns 50m à Caverna.
Começamos a topo do fundo do lago para o delta, como combinado anteriormente. Na 4ª visada demos uma olhada no relógio e já eram 22:30, estávamos em cima da hora para sairmos.
Por esse motivo abortamos a topografia, usamos o pouco tempo que tínhamos com a exploração da descoberta. Arrumamos nossas coisas e saímos correndo, já eram 23h. Havíamos combinado de voltar no dia seguinte, mas não conseguimos prosseguir com os trabalhos.
Equipe:
Francisco José Sarpa Lima - equipamentos
Renato Moreira Cavalcante – ponta de trena
Rosângela Rodrigues de Oliveira - anotações
Marcos Otavio Silverio - croquis
O objetivo inicial de topografar o Salão Philippe foi alterado devido ao avançado horário, precisaríamos de pelo menos 6h de topografia e contávamos com menos de 3h.
O Beroaldo nos deu as indicações de um salão superior, mas que também ficaria para uma próxima investida e do “Y” no nível do rio, que faríamos naquela noite.
Segundo ele uma das pernas do “Y” terminava num pequeno lago, pouco adiante. Decidimos começar a topo do final da galeria para o “Delta”.
Fomos caminhando até o final da galeria e nos arrastamos por um quebra-corpo, tendo o grande desmoronamento dos Gigantes Caídos a nossa direita. Chegamos a uma galeria pequena e com mais um lago. O lago continuava e tendia à esquerda saindo do eixo da galeria dos Gigantes Caídos.
A medida que avançávamos aumentavam as dimensões do lago. Passando por um teto baixo (40cm + ou -) chegamos ao maior salão de aproximadamente 20m de comprimento uns 7m de largura e 3 de altura (a partir da água) e uma profundidade maior que 2 metros (não fui até o fundo do salão pois nos parecia um sifão).
Não havia circulação de ar e a água nos pareceu parada também. Até uns 7 metros antes da parede final do salão há bastante areia no chão, mas a medida que vai se avançando ao final dele, o chão vai se inclinando de todos os lados para o centro (parecendo um ralo), o que nos causa a impressão de que ele quer nos puxar para si, e sem depósitos sedimentares (só pedra), ficando difícil de se manter em pé.
Tivemos a impressão de que o lago tem uma comunicação com outra galeria e que quando há uma inundação neste a água circula para o outro lado. Talvez valesse a pena uma exploração através de mergulho.
Percebemos a marca de inundações nas paredes, a água atinge facilmente o teto da galeria. Explorei uma pequena chaminé na entrada do lago mas não subi mais que 2 metros. O Chico deu uma olhada no lado do desmoronamento junto com o Renato, mas não avançou por entre os blocos. Ao todo a nova galeria deve acrescentar uns 50m à Caverna.
Começamos a topo do fundo do lago para o delta, como combinado anteriormente. Na 4ª visada demos uma olhada no relógio e já eram 22:30, estávamos em cima da hora para sairmos.
Por esse motivo abortamos a topografia, usamos o pouco tempo que tínhamos com a exploração da descoberta. Arrumamos nossas coisas e saímos correndo, já eram 23h. Havíamos combinado de voltar no dia seguinte, mas não conseguimos prosseguir com os trabalhos.
Equipe:
Francisco José Sarpa Lima - equipamentos
Renato Moreira Cavalcante – ponta de trena
Rosângela Rodrigues de Oliveira - anotações
Marcos Otavio Silverio - croquis
O SALÃO DEDITOS - PROCAD99 (01.05.99)
Estávamos voltando da topografia do salão das Pérolas Coloridas quando resolvemos dar uma olhada num escorrimento que o Beroaldo havia nos mostrado. Ele disse que ali poderia haver uma continuação.
O Roberto foi na frente, seguido pelo Dennys e por mim, subindo pelo escorregadio escorrimento. Ele subiu na lateral esquerda da galeria do rio próximo à parte turística. Uma pequena subida fácil num trecho inclinado e escorregadio, passando por um lance mais apertado e por baixo de um escorrimento. No fim da subida a uns 10m de altura há uma passagem estreita e alta que sai num patamar bem protegido, atrás de uma grande coluna. No sentido das Ostras podemos ver a galeria do rio, bem lá embaixo, do outro lado mais alguns escorrimentos e um indício de uma possível continuação.
Depois de uma rápida analisada resolvemos tentar. O pessoal da travessia encontrara conosco e o Roberto foi acompanhar a saída do pessoal junto com o Beroaldo. Eu sai em disparada atrás do Beroaldo que estava com a corda e se animou a voltar também. Lá em cima no patamar pudemos ver que havia um degrau bem acima de nós, subindo nas colunas atrás pudemos ver que havia uma continuação bem para o alto. Não perdemos tempo, ficamos revezando as tentativas de laçar umas estalagmites e uma laca lá em cima.
O Dennys finalmente conseguiu laçar, ajeitamos a corda e ancoramos uma ponta numa grande pedra, pela outra eu já subia animado com as possibilidades de uma descoberta. Eu resolvi dar uma olhada antes de equipar melhor a subida, o salão começa logo na lateral da galeria onde está o patamar, bem inclinado ele sobe muito e se apresenta bem ornamentado. Canudos pretos contrastam com outros brancos, e no chão vários repousam quebrados.
Logo no início da subida há uma outra passagem mais alta que aparentemente passa por cima da galeria do rio, mas que necessita de uma segurança maior para ser escalada. No outro lado lá em cima outra galeria de difícil acesso, pensamos em laçar uma mite mas seria muito difícil conseguirmos lançar uma corda há mais de 10m de altura. A esquerda existe uma páleo galeria bem horizontal que, quase na altura da parte turística, segue em direção a galeria do rio, encontrando-a numa cota bem elevada.
Voltando a subida eu coloquei outra corda amarrada a uma pedra para que o Dennys e o Beroaldo pudessem subir. Estimamos em mais de 150m o desenvolvimento desta galeria, e ainda falta explorar as duas subidas para as galerias mais altas. Ele apresenta vários espeleotemas se destacando os canudos pretos e os muito brancos. O chão é todo forrado deles. Há também algumas pequenas flores de calcita e escorrimentos.
É uma grande descoberta, não só pelas dimensões mas também por estar a apenas 15min da entrada turística. Em homenagem aos canudos pretos demos o nome de Deditos ao salão, deixamos lá uma corda para prosseguir com as explorações e com a topografia. Saímos cansados e já bem tarde, mas com sorrisos enormes nos rostos, valeu.
No Procad 2000 nós topografamos o salão Deditos e exploramos uma das paredes laterais, após uma escalada de 15m cheguei a um patamar e de lá eu consegui ver um grande salão se desenvolvendo sobre a galeria do rio no sentido da parte turística. Como estava sozinho lá em cima e depois de topografar o Deditos eu não arrisquei o último lance até o salão, o cansaço falou mais alto, ficou para a próxima.
O Roberto foi na frente, seguido pelo Dennys e por mim, subindo pelo escorregadio escorrimento. Ele subiu na lateral esquerda da galeria do rio próximo à parte turística. Uma pequena subida fácil num trecho inclinado e escorregadio, passando por um lance mais apertado e por baixo de um escorrimento. No fim da subida a uns 10m de altura há uma passagem estreita e alta que sai num patamar bem protegido, atrás de uma grande coluna. No sentido das Ostras podemos ver a galeria do rio, bem lá embaixo, do outro lado mais alguns escorrimentos e um indício de uma possível continuação.
Depois de uma rápida analisada resolvemos tentar. O pessoal da travessia encontrara conosco e o Roberto foi acompanhar a saída do pessoal junto com o Beroaldo. Eu sai em disparada atrás do Beroaldo que estava com a corda e se animou a voltar também. Lá em cima no patamar pudemos ver que havia um degrau bem acima de nós, subindo nas colunas atrás pudemos ver que havia uma continuação bem para o alto. Não perdemos tempo, ficamos revezando as tentativas de laçar umas estalagmites e uma laca lá em cima.
O Dennys finalmente conseguiu laçar, ajeitamos a corda e ancoramos uma ponta numa grande pedra, pela outra eu já subia animado com as possibilidades de uma descoberta. Eu resolvi dar uma olhada antes de equipar melhor a subida, o salão começa logo na lateral da galeria onde está o patamar, bem inclinado ele sobe muito e se apresenta bem ornamentado. Canudos pretos contrastam com outros brancos, e no chão vários repousam quebrados.
Logo no início da subida há uma outra passagem mais alta que aparentemente passa por cima da galeria do rio, mas que necessita de uma segurança maior para ser escalada. No outro lado lá em cima outra galeria de difícil acesso, pensamos em laçar uma mite mas seria muito difícil conseguirmos lançar uma corda há mais de 10m de altura. A esquerda existe uma páleo galeria bem horizontal que, quase na altura da parte turística, segue em direção a galeria do rio, encontrando-a numa cota bem elevada.
Voltando a subida eu coloquei outra corda amarrada a uma pedra para que o Dennys e o Beroaldo pudessem subir. Estimamos em mais de 150m o desenvolvimento desta galeria, e ainda falta explorar as duas subidas para as galerias mais altas. Ele apresenta vários espeleotemas se destacando os canudos pretos e os muito brancos. O chão é todo forrado deles. Há também algumas pequenas flores de calcita e escorrimentos.
É uma grande descoberta, não só pelas dimensões mas também por estar a apenas 15min da entrada turística. Em homenagem aos canudos pretos demos o nome de Deditos ao salão, deixamos lá uma corda para prosseguir com as explorações e com a topografia. Saímos cansados e já bem tarde, mas com sorrisos enormes nos rostos, valeu.
No Procad 2000 nós topografamos o salão Deditos e exploramos uma das paredes laterais, após uma escalada de 15m cheguei a um patamar e de lá eu consegui ver um grande salão se desenvolvendo sobre a galeria do rio no sentido da parte turística. Como estava sozinho lá em cima e depois de topografar o Deditos eu não arrisquei o último lance até o salão, o cansaço falou mais alto, ficou para a próxima.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Avaliação sobre diferentes movimentos de conversão em corda e auto-resgate
Eis mais um conteúdo interessante que eu tinha em meu micro e resolvi publicar aqui.
Trata-se de uma série de avaliações de Técnicas que fizemos enquanto escrevia o livro de Tecnicas Verticais. Serve para nos embasar. Obrigado a todos que participaram!
Técnicas de conversão e movimento de passagem de emenda de corda
Data: 23/10/2007
Local: Torre de bombeiros, GB Aeroporto;
Participantes:
Adilson
Caê
César
Cláudio
Daniel Menin
Jânio (espectador palpiteiro)
Ovo (espectador palpiteiro)
Sylvio Junior (espectador palpiteiro)
Renata Andrade
Renato Kbelo
Objetivo:
Avaliar algumas técnicas diferentes de conversão em subida e de movimento de passagem de emenda de corda em descida com a finalidade de validar vantagens e desvantagens de cada técnica além de identificar novos pontos ainda não percebidos.
Metodologia:
Cada participante foi convidado antes de qualquer avaliação a realizar os movimentos livremente da forma em que estava acostumado. Passado esta etapa os participantes realizaram novamente estes movimentos, porém agora seguindo o passo a passo das técnicas propostas.
Técnicas avaliadas e resultados obtidos:
1. Conversão em subida: Técnica A:
1. Interromper a subida e instalar o descensor na corda, abaixo do blocante ventral;
2. Verificar se o descensor está corretamente conectado à corda e bem fixado na Malha Rápida de cintura. Realizar a trava de segurança no descensor;
3. Se for necessário, baixar um pouco o blocante de punho na corda para que ele fique cerca de 10 a 20cm acima do blocante ventral;
4. Apoiando-se no estribo do blocante de punho, desconectar o blocante ventral da corda;
5. Descer o corpo lentamente, até que o seu peso esteja 100% no descensor;
6. Verificar novamente se o descensor está conectado corretamente à corda;
7. Remover o blocante de punho da corda, desfazer a trava de segurança e iniciar a descida.
Técnica B:
1. Interromper a subida;
2. Conectar o longe curto no blocante de punho e suspendê-lo até o longe ficar esticado;
Se apoiando no estribo, soltar o blocante ventral da corda e sentar novamente (ficando preso no longe curto);
3. Instalar o descensor na corda e realizar a trava de segurança;
4. Verificar se o descensor está corretamente conectado à corda e bem fixado na Malha Rápida de cintura;
5. Apoiando-se novamente no estribo do blocante de punho, levantar-se e retirar o longe curto, descendo para apoiar o peso no descensor travado;
6. Remover o blocante de punho da corda, desfazer a trava de segurança e iniciar a descida.
Observações Gerais:
Das 7 pessoas que participaram do treino 5 pessoas realizaram automaticamente a Técnica A como técnica já utilizada. As outras 2 pessoas não lembravam como realizar esta manobra e foram direto ao passo-a-passo proposto. Apenas uma pessoa teve problemas em uma das técnicas (B) no momento de recuperar o blocante de punho (ficou muito alto na corda).
Uma vez realizadas as 2 técnicas (A e B) a maioria das pessoas atribuiu nos quesitos rapidez e facilidade a técnica B porém também a colocaram como mais perigosa pois o indivíduo fica suspenso apenas por um blocante.
Sugestões:
Na Técnica B, o resultado foi melhor realizando a conexão do longe curto na parte superior do blocante de punho. Isto facilitou sua retirada da corda no momento em que o peso do espeleólogo estava no descensor.
Outra sugestão é verificar bem a altura do descensor na corda (deve este bem para cima) antes de soltar o longe curto do blocante.
Conclusão:
Concluímos que a Técnica B é mais fácil e rápida do que a Técnica A. Isto pois disponibiliza mais corda livre para a conexão do descensor o que facilita o trabalho além de evitar o mal colocamento deste na corda pela posição da mesma. Por outro lado, esta técnica apresenta um certo risco adicional uma vez que o espeleólogo fica por alguns segundos preso apenas por um blocante. Esta situação pode se agravar em atividades práticas em caverna e com lama, pois o blocante pode não funcionar direito ocasionando em queda.
2. Passagem de emenda de corda na descida: Técnica A:
1. Descer com o descensor até pouco antes nó;
2. Para segurança de backup, conectar o longe curto na alça do nó feito antecipadamente para este fim;
3. Conectar o blocante de punho acima do descensor;
4. Apoiando-se no estribo do blocante de punho, conectar o blocante ventral na corda (acima do descensor). Seu peso passou para o blocante.
5. Desconectar o descensor e o reconectá-lo na corda abaixo do nó, fazendo em seguida uma chave de segurança;
6. Posicionar o blocante de punho o mais para baixo possível, o suficiente para poder levantar-se utilizando o estribo;
7. Utilizando este apoio desconectar o blocante ventral da corda. Com este movimento, descer até que seu peso fique no descensor.
Técnica B:
1. Descer com o descensor até pouco antes nó;
2. Conectar o longe curto no blocante de punho e conectar este blocante na corda (acima do descensor);
3. Posicionar o blocante o mais acima possível (até esticar o longe curto);
4. Desconectar o longe longo do blocante e para segurança de backup conectá-lo na alça do nó feito antecipadamente para este fim;
5. Desconectar o descensor e o reconectá-lo na corda abaixo do nó, fazendo em seguida uma chave de segurança;
6. Utilizando o apoio do estribo desconectar o longe curto do blocante blocante e descer até que seu peso fique no descensor;
7. Recuperar o blocante de punho da corda, tirar o longe de segurança da alça do nó e reconectá-lo ao blocante;
8. Continuar a descida.
Técnica C:
1. Descer com o descensor até pouco antes nó;
2. Conectar blocante de punho na corda, um pouco acima do descensor;
3. Apoiando-se no estribo, conectar no blocante o longe curto de forma que seu peso fique neste blocante (pode-se conectar o longe no mosquetão do blocante ou na corda, acima do blocante – testar os 2 modos);
4. Desconectar o longe longo do blocante e para segurança de backup conectá-lo na alça do nó feito antecipadamente para este fim;
5. Desconectar o descensor e o reconectá-lo na corda abaixo do nó, fazendo em seguida uma chave de segurança;
6. Utilizando o apoio do estribo desconectar o longe curto do blocante blocante e descer até que seu peso fique no descensor;
7. Recuperar o blocante de punho da corda, tirar o longe de segurança da alça do nó e reconectá-lo ao blocante;
8. Continuar a descida.
Observações Gerais:
Das 7 pessoas em treinamento 3 pessoas realizaram automaticamente a técnica A (2 blocantes) e as outras 4 resolveram seguir diretamente para o passo a passo.
A diferença básica entre a Técnica A com a B e C é o fato de a primeira ser realizada através dos 2 blocantes enquanto que a B e a C são realizadas através do principio da conexão do longe curto no blocante de punho.
Na técnica A, apenas uma pessoa teve efetivamente problemas com a altura do blocante no momento de recuperá-lo enquanto que nas técnicas B e C este problema foi bastante freqüente. Cabe lembrar que em alguns casos teve-se que utilizar parte da técnica A (blocantes) para corrigir a técnica B ou C saindo de situações difíceis. No final desta etapa concluiu-se que apesar das técnica B ou C serem mais rápidas estas exigem mais treino e gera maiores riscos. 100% dos avaliadores preferiram a técnica A.
Segue uma lista de avaliação levantada nos treinamentos:
Técnica A: Vantagens:
- Mais fácil de regular a altura do blocante de punho para recuperá-lo depois;
- Não há risco de perder o blocante de punho, pois este está sempre conectado ao longe longo;
- Não há risco de continuar a descida com os longes trocados (longo solto e curto no blocante de punho) devido às trocas durante o movimento;
- Pode-se descer tranquilamente até bater com o descensor no nó (o que não pode acontecer na técnica B);
Desvantagens:
- A utilização de 2 blocantes pode ser um pouco fatigante no momento de bem posicioná-los na corda.
- O reposicionamento dos blocantes (abaixando-os sem abrir) pode causar pequenos machucados na corda devido aos dentes dos blocantes.
Técnica B ou C: Vantagem:
São mais rápidas e podem despender menos energia. A técnica C possui a vantagem de poder “bater” com o descensor no nó enquanto que a técnica B deve-se tomar mais este cuidado para isto não acontecer. O fato de parar com o descensor acima do nó dificulta ainda mais o processo de retirada do blocante em passos futuros, pois este vai ficar ainda mais acima na corda.
Desvantagens:
- Exige maior treino;
- Difícil de acertar a altura do blocante de punho;
- Pode possibilitar uma queda de maior fator durante a soltura do longe curto do blocante caso o espeleologo esteja muito cansado;
- Mantém o blocante de punho separado do longe longo podendo ocasionar na perda deste por esquecimento na corda ou deixando cair;
Sugestões:
Para a técnica B e C sugerimos conectar o longe curto na parte superior do blocante de punho (buraco para este fim ou na própria corda). Caso o longe curto esteja mais curto que o normal (por falta de regulagem) isto pode se tornar mais difícil. Neste caso é melhor conectá-lo na parte de baixo do blocante de punho.
Conclusão:
Ao final do treinamento todos os participantes optaram pela técnica A, pois é mais simples e as possibilidades de se enroscar são menores.
Trata-se de uma série de avaliações de Técnicas que fizemos enquanto escrevia o livro de Tecnicas Verticais. Serve para nos embasar. Obrigado a todos que participaram!
Técnicas de conversão e movimento de passagem de emenda de corda
Data: 23/10/2007
Local: Torre de bombeiros, GB Aeroporto;
Participantes:
Adilson
Caê
César
Cláudio
Daniel Menin
Jânio (espectador palpiteiro)
Ovo (espectador palpiteiro)
Sylvio Junior (espectador palpiteiro)
Renata Andrade
Renato Kbelo
Objetivo:
Avaliar algumas técnicas diferentes de conversão em subida e de movimento de passagem de emenda de corda em descida com a finalidade de validar vantagens e desvantagens de cada técnica além de identificar novos pontos ainda não percebidos.
Metodologia:
Cada participante foi convidado antes de qualquer avaliação a realizar os movimentos livremente da forma em que estava acostumado. Passado esta etapa os participantes realizaram novamente estes movimentos, porém agora seguindo o passo a passo das técnicas propostas.
Técnicas avaliadas e resultados obtidos:
1. Conversão em subida: Técnica A:
1. Interromper a subida e instalar o descensor na corda, abaixo do blocante ventral;
2. Verificar se o descensor está corretamente conectado à corda e bem fixado na Malha Rápida de cintura. Realizar a trava de segurança no descensor;
3. Se for necessário, baixar um pouco o blocante de punho na corda para que ele fique cerca de 10 a 20cm acima do blocante ventral;
4. Apoiando-se no estribo do blocante de punho, desconectar o blocante ventral da corda;
5. Descer o corpo lentamente, até que o seu peso esteja 100% no descensor;
6. Verificar novamente se o descensor está conectado corretamente à corda;
7. Remover o blocante de punho da corda, desfazer a trava de segurança e iniciar a descida.
Técnica B:
1. Interromper a subida;
2. Conectar o longe curto no blocante de punho e suspendê-lo até o longe ficar esticado;
Se apoiando no estribo, soltar o blocante ventral da corda e sentar novamente (ficando preso no longe curto);
3. Instalar o descensor na corda e realizar a trava de segurança;
4. Verificar se o descensor está corretamente conectado à corda e bem fixado na Malha Rápida de cintura;
5. Apoiando-se novamente no estribo do blocante de punho, levantar-se e retirar o longe curto, descendo para apoiar o peso no descensor travado;
6. Remover o blocante de punho da corda, desfazer a trava de segurança e iniciar a descida.
Observações Gerais:
Das 7 pessoas que participaram do treino 5 pessoas realizaram automaticamente a Técnica A como técnica já utilizada. As outras 2 pessoas não lembravam como realizar esta manobra e foram direto ao passo-a-passo proposto. Apenas uma pessoa teve problemas em uma das técnicas (B) no momento de recuperar o blocante de punho (ficou muito alto na corda).
Uma vez realizadas as 2 técnicas (A e B) a maioria das pessoas atribuiu nos quesitos rapidez e facilidade a técnica B porém também a colocaram como mais perigosa pois o indivíduo fica suspenso apenas por um blocante.
Sugestões:
Na Técnica B, o resultado foi melhor realizando a conexão do longe curto na parte superior do blocante de punho. Isto facilitou sua retirada da corda no momento em que o peso do espeleólogo estava no descensor.
Outra sugestão é verificar bem a altura do descensor na corda (deve este bem para cima) antes de soltar o longe curto do blocante.
Conclusão:
Concluímos que a Técnica B é mais fácil e rápida do que a Técnica A. Isto pois disponibiliza mais corda livre para a conexão do descensor o que facilita o trabalho além de evitar o mal colocamento deste na corda pela posição da mesma. Por outro lado, esta técnica apresenta um certo risco adicional uma vez que o espeleólogo fica por alguns segundos preso apenas por um blocante. Esta situação pode se agravar em atividades práticas em caverna e com lama, pois o blocante pode não funcionar direito ocasionando em queda.
2. Passagem de emenda de corda na descida: Técnica A:
1. Descer com o descensor até pouco antes nó;
2. Para segurança de backup, conectar o longe curto na alça do nó feito antecipadamente para este fim;
3. Conectar o blocante de punho acima do descensor;
4. Apoiando-se no estribo do blocante de punho, conectar o blocante ventral na corda (acima do descensor). Seu peso passou para o blocante.
5. Desconectar o descensor e o reconectá-lo na corda abaixo do nó, fazendo em seguida uma chave de segurança;
6. Posicionar o blocante de punho o mais para baixo possível, o suficiente para poder levantar-se utilizando o estribo;
7. Utilizando este apoio desconectar o blocante ventral da corda. Com este movimento, descer até que seu peso fique no descensor.
Técnica B:
1. Descer com o descensor até pouco antes nó;
2. Conectar o longe curto no blocante de punho e conectar este blocante na corda (acima do descensor);
3. Posicionar o blocante o mais acima possível (até esticar o longe curto);
4. Desconectar o longe longo do blocante e para segurança de backup conectá-lo na alça do nó feito antecipadamente para este fim;
5. Desconectar o descensor e o reconectá-lo na corda abaixo do nó, fazendo em seguida uma chave de segurança;
6. Utilizando o apoio do estribo desconectar o longe curto do blocante blocante e descer até que seu peso fique no descensor;
7. Recuperar o blocante de punho da corda, tirar o longe de segurança da alça do nó e reconectá-lo ao blocante;
8. Continuar a descida.
Técnica C:
1. Descer com o descensor até pouco antes nó;
2. Conectar blocante de punho na corda, um pouco acima do descensor;
3. Apoiando-se no estribo, conectar no blocante o longe curto de forma que seu peso fique neste blocante (pode-se conectar o longe no mosquetão do blocante ou na corda, acima do blocante – testar os 2 modos);
4. Desconectar o longe longo do blocante e para segurança de backup conectá-lo na alça do nó feito antecipadamente para este fim;
5. Desconectar o descensor e o reconectá-lo na corda abaixo do nó, fazendo em seguida uma chave de segurança;
6. Utilizando o apoio do estribo desconectar o longe curto do blocante blocante e descer até que seu peso fique no descensor;
7. Recuperar o blocante de punho da corda, tirar o longe de segurança da alça do nó e reconectá-lo ao blocante;
8. Continuar a descida.
Observações Gerais:
Das 7 pessoas em treinamento 3 pessoas realizaram automaticamente a técnica A (2 blocantes) e as outras 4 resolveram seguir diretamente para o passo a passo.
A diferença básica entre a Técnica A com a B e C é o fato de a primeira ser realizada através dos 2 blocantes enquanto que a B e a C são realizadas através do principio da conexão do longe curto no blocante de punho.
Na técnica A, apenas uma pessoa teve efetivamente problemas com a altura do blocante no momento de recuperá-lo enquanto que nas técnicas B e C este problema foi bastante freqüente. Cabe lembrar que em alguns casos teve-se que utilizar parte da técnica A (blocantes) para corrigir a técnica B ou C saindo de situações difíceis. No final desta etapa concluiu-se que apesar das técnica B ou C serem mais rápidas estas exigem mais treino e gera maiores riscos. 100% dos avaliadores preferiram a técnica A.
Segue uma lista de avaliação levantada nos treinamentos:
Técnica A: Vantagens:
- Mais fácil de regular a altura do blocante de punho para recuperá-lo depois;
- Não há risco de perder o blocante de punho, pois este está sempre conectado ao longe longo;
- Não há risco de continuar a descida com os longes trocados (longo solto e curto no blocante de punho) devido às trocas durante o movimento;
- Pode-se descer tranquilamente até bater com o descensor no nó (o que não pode acontecer na técnica B);
Desvantagens:
- A utilização de 2 blocantes pode ser um pouco fatigante no momento de bem posicioná-los na corda.
- O reposicionamento dos blocantes (abaixando-os sem abrir) pode causar pequenos machucados na corda devido aos dentes dos blocantes.
Técnica B ou C: Vantagem:
São mais rápidas e podem despender menos energia. A técnica C possui a vantagem de poder “bater” com o descensor no nó enquanto que a técnica B deve-se tomar mais este cuidado para isto não acontecer. O fato de parar com o descensor acima do nó dificulta ainda mais o processo de retirada do blocante em passos futuros, pois este vai ficar ainda mais acima na corda.
Desvantagens:
- Exige maior treino;
- Difícil de acertar a altura do blocante de punho;
- Pode possibilitar uma queda de maior fator durante a soltura do longe curto do blocante caso o espeleologo esteja muito cansado;
- Mantém o blocante de punho separado do longe longo podendo ocasionar na perda deste por esquecimento na corda ou deixando cair;
Sugestões:
Para a técnica B e C sugerimos conectar o longe curto na parte superior do blocante de punho (buraco para este fim ou na própria corda). Caso o longe curto esteja mais curto que o normal (por falta de regulagem) isto pode se tornar mais difícil. Neste caso é melhor conectá-lo na parte de baixo do blocante de punho.
Conclusão:
Ao final do treinamento todos os participantes optaram pela técnica A, pois é mais simples e as possibilidades de se enroscar são menores.
Techniques Légeres - Técnicas Leves em Espeleologia Vertical
Salve Salve caro leitor dos subterrâneos!
Segue aí um artigo que escrevi há algum tempo sobre Tecnicas Leves em Espeleologia Vertical. A mesma matéria foi publicada recentemente na revista O Carste (edição de Outubro/2008), mas aqui vai comalgumas imagens suplementares.
Espero que vcs gostem!
Um abs,
Daniel Menin
Técnicas Leves em Espeleologia Vertical
Os obstáculos verticais, de certa forma, sempre estiveram presentes na história da espeleologia. De um lado as fendas, abismos e complexas redes verticais se apresentavam como grandes desafios para os primeiros espeleólogos exploradores. Do outro, cabos de aço, escadas de ferro, canos, cordas de vários tipos e espessuras, homens e mais homens na segurança. Diversos eram os meios de projeção vertical utilizados para que a curiosidade humana não ficasse apenas na imaginação.
E muitos destes obstáculos subterrâneos ficaram décadas esperando que as técnicas e os equipamentos evoluíssem a ponto de possibilitarem ao homem a se aventurar nesses novos mundos.
Os espeleólogos sempre buscaram aprimorar suas técnicas e equipamentos, mas foi por volta da década de 50 que as explorações verticais mais se aperfeiçoaram e conseqüentemente geraram suas maiores descobertas. Em 12 anos de explorações a medida da caverna mais profunda do mundo praticamente dobrou de tamanho e esse resultado é, principalmente, conseqüência do surgimento de equipamentos mais adaptados à esse tipo de atividade e de técnicas mais precisas. Cordas melhores e mais resistentes, cadeirinhas de espeleologia, surgiram os freios e blocantes.
Na década de 70 padronizou-se o uso de corda simples como principal meio de transposição vertical e com ela difundiram-se as técnicas de progressão em corda que, de certa forma, utilizamos como base até hoje.
Observamos, nos últimos tempos, uma boa evolução tecnológica na produção de equipamentos (principalmente cordas), porém as técnicas de base tanto em progressão, quanto em amarragem continuaram bastante próximas às anteriores.
Explorações cada vez mais longas e profundas obrigam os espeleólogos a uma constante busca por materiais mais leves e que ofereçam ainda o mesmo grau de segurança e confiabilidade dos tradicionais equipamentos. No início da década de 90 alguns grupos já utilizavam materiais em seus kits que hoje se encaixam na lista de equipamentos ditos “leves”. Essa crescente utilização acompanhada por uma evolução industrial neste sentido fez com que a Federação Francesa de Espeleologia reconhecesse essas técnicas e, junto à Escola Francesa de Espeleologia, estudasse e estabelecesse padrões na utilização da mesma. Foi criado o título Thecniques Legéres que, de certa forma, trouxe um novo fôlego à espeleologia vertical. Surgiram algumas publicações sobre o tema (Arnaud et al, 2005) e hoje essas técnicas fazem parte da formação e especialização de espeleólogos nos estágios oferecidos pela EFS (Escola Francesa de Espeleologia).
Thecniques Legéres, como é chamada na França, se traduziria tendencialmente em Técnicas Ligeiras. Porém, talvez a tradução mais precisa e apropriada pode ser Técnicas de Utilização de Materiais Leves na Espeleologia Vertical. Isto porque Thecniques Legéres não se refere necessariamente a algo voltado à velocidade, mas principalmente ao peso.
O objetivo deste texto não é ensinar Thecniques Legéres, mas sim oferecer informações suficientes para que o leitor saiba de sua existência, reconheça seu material e identifique a necessidade ou não de sua aprendizagem. A Revista O Carste e o autor não se responsabilizam pelo uso indevido destas técnicas ou do equipamento aqui descrito.
Conceito:
Thecniques Legéres tem como conceito e objetivo básico oferecer ao espeleólogo a possibilidade de atingir uma maior PROFUNDIDADE em caverna utilizando MENOS PESO e MESMA SEGURANÇA em relação às técnicas tradicionais. Para tal adota-se a utilização de equipamentos específicos e técnicas adaptadas a esses tipos de equipamento.
O ganho de peso não é necessariamente um fator concreto e estático. Um espeleólogo pode carregar o mesmo peso que antes, porém a quantidade de material transportado em um mesmo kit lhe permitirá ir mais longe ou mais profundo em uma gruta.
O Equipamento:
Cordas de 8mm:
Por norma de fabricação, as cordas tradicionais (9mm, 10mm) são classificadas pela indústria como cordas tipo A ou B de acordo com sua elasticidade, durabilidade, resistência à fator de choque, resistência à abrasão, etc. Cordas de 8mm são classificadas (na França) como cordas de tipo “L“ (“Ligeiras”) e não se encaixam nas normas e padrões de fabricação como é o caso das cordas de tipo A ou B. A Federação Francesa acompanha e impõe, no seu país de origem, uma série de requisições de segurança na fabricação de cordas de 8mm e utiliza atualmente a marca Beal como referência para este tipo de corda.
Considerações:
O motivo da utilização da corda de 8mm é obvio. Sendo mais fina, é também mais leve e ocupa menos espaço. Porém exige alguns cuidados extras no seu uso. Deve-se prezar pela ausência absoluta de atrito com a rocha, seguir um pensamento constante de antecipação de rupturas e possíveis atritos e também ter uma boa prática na progressão evitando trancos ou velocidade descontrolada.
Micro conector ou Malha Rápida de abertura fácil (MR de Overture Vitte ):
Trata-se de um tipo de malha rápida de abertura mais fácil para ser usada em ancoragens ou derivações. Em formato assimétrico, tem uma rosca com menos voltas o que possibilita a abertura mais rapidamente e substitui o tradicional mosquetão.
Considerações:
É menor e mais leve que qualquer tipo de mosquetão tradicional. Exige cuidados extras principalmente no seu posicionamento. A rosca deve sempre estar posicionada para baixo, caso contrário, a lei da gravidade junto à movimentação natural da ancoragem pode fazer com que o MR se abra sozinho diminuindo consideravelmente sua resistência ou até fazendo com que ele se solte da ancoragem.
Pode ser utilizado na conexão entre chapeleta e corda ou na montagem de derivações junto à utilização de um cordelete de Dyneema;
Cordelete de Dyneema:
Sem dúvida nenhuma, dos equipamentos utilizados em Técnicas Leves, o cordelete de Dyneema com 5mm de diâmetro e alta resistência (através do sistema de amarragem com AS - Amarage Souple = "Amarragem flexível") é aquele que mais chama a atenção. Seu uso foi iniciado no início da década de 90. Espeleólogos o utilizavam na produção de estribos para o blocante de mão. Devido à sua alta resistência ao atrito, o cordelete de Dyneema passou também a ser usado em ancoragens naturais substituindo a tradicional fita. Na mesma década de 90 a Federação Francesa entrou em contato com a Beal e juntos desenvolveram um cordelete específico para o uso na espelologia (100% Dyneema, capa e alma).
Nasceu o codelete usado hoje para ancoragens e derivações na espeleologia moderna. Com resistência de cerca de 800 Kg e alta resistência ao atrito, o cordelete pode ser usado com o auxílio do AS (uma espécie de chapeleta desenvolvida especialmente para o cordelete), com as tradicionais plaquetas ou através de ancoragens naturais.
Considerações:
O cordelete de Dyneema substitui o mosquetão e oferece uma grande possibilidade de ancoragens diferentes, facilitando bastante o trabalho de equipagem. Pode ser conectado ao MR de abertura rápida ou diretamente na corda. Porém alguns cuidados especiais devem ser tomados:
O cordelete é 100% estático transferindo todo impacto da corda diretamente para a ancoragem. Por esse motivo o cuidado com os famosos “trancos” deve ser redobrado. As amaragens com o cordelete devem também estar totalmente tensionadas. Amarragens que não seguirem esse princípio correm o risco de gerar impacto sobrecarregando diretamente a ancoragem;
O cordelete de Dyneema é inflamável. Muito cuidado com a chama do carbureto quando estiver trabalhando com esse tipo de material;
Como acontece em qualquer tipo de corda, a resistência do cordelete cai bastante quando este é colocado em torção. Cuidado na confecção das ancoragens (e dos nós) para que o cordelete não fique “todo torcido”.
Usar em forma de anel e em ancoragens duplas. A grande maioria das aplicações do cordelete de Dyneema em ancoragens é através de confecção de um anel (unindo suas 2 pontas e o utilizando duplamente) e usando 2 pontos de fixação, ou seja, ancoragens duplas em “Y”. Um cordelete de cerca de 800kg de resistência produz um anel de cerca de 1600kg. Já uma ancoragem dupla com 2 anéis de Dyneema oferece uma boa margem de resistência.
Para fechar os anéis utilize nó de pescador duplo deixando ainda uma boa margem (mínimo uns 2,5cm) de sobra. Para uni-lo à corda, vários nós podem ser usados. O melhor nó depende da configuração da ancoragem;
Chapeletas:
A política de chapeletas não muda em relação às técnicas tradicionais. Utiliza-se com eficiência tanto as chapeletas tipo Coudées como as de tipo Vrillées. Sua escolha vai depender principalmente da superfície da rocha e configuração da ancoragem. Evita-se chapeletas de aço devido ao peso;
Considerações:
É importante ressaltar que 90% das chapeletas serão utilizadas com o MR (Malha Rapida Speedy) ou com um anel de cordelete de Dyneema. Bom senso na arrumação dos kits é o fator determinante na validação das técnicas e na economia de peso e espaço. Se estiver levando muitos AS, não serão necessárias muitas chapeletas;
Alguns princípios importantes no uso de materiais leves em espeleologia vertical:
É necessário que tenhamos claros alguns conceitos básicos antes de tentarmos nos aventurar na utilização desse tipo de material ou técnica. Devemos partir do princípio que todo material pode estar sujeito à ruptura, menos a corda. Esta deve estar protegida e precavida de todo tipo de causa que pode lhe gerar danos estando ainda conectada do início ao fim do abismo (salvo algumas exceções).
A melhor postura para essa atividade é a antecipação de rupturas das amaragens e derivações. Devemos constantemente nos colocar a questão: “o que acontecerá com a corda e com o espeleólogo caso esta amarragem se romper?”;
Praticamente todas as amarragens devem ser duplas e estar tensionadas. No caso de ruptura de uma das amarragens o trajeto da corda deve estar protegido.
É imprescindível que tenhamos uma iluminação eficiente e elétrica. Isto nos possibilita uma boa observação dos detalhes da caverna, a configuração do caminho de corda a seguir e a análise das possibilidades de ancoragens. Uma iluminação elétrica também evita o risco de incêndios subterrâneos.
Bom senso. Nunca force os limites sejam eles de qualquer natureza. Limites físicos, psicológicos, de equipamento ou de membros da equipe. Saber analisar a situação e identificar a necessidade de intervenção ou desistência é pré-requisito para um líder em uma atividade vertical envolvendo principalmente equipamentos e técnicas específicas;
Quando falamos em qualquer tipo de técnica avançada em espeleologia falamos também em equipes homogêneas no conhecimento destas técnicas. Não é acompanhando um grupo heterogêneo (contendo iniciantes) de espeleólogos que você treinará seus conhecimentos em técnicas específicas e o uso de material leve.
Boa organização na montagem das mochilas e kits. Um planejamento prévio e o hábito na utilização desses materiais fazem com que o espeleólogo organize seu kit de forma clara e eficiente transmitindo maior segurança e bons resultados na equipagem da caverna. Se já conhecer a caverna, criar uma ficha técnica com os equipamentos a utilizar pode economizar surpreendentemente o peso e volume de seus kits.
O uso de material leve na espeleologia vertical é aplicado no conjunto de equipamentos coletivos como conectores, cordas e sistemas de ancoragens. Os equipamentos individuais, salvo alguns detalhes não apontados neste texto, continuam os mesmos utilizados nas técnicas tradicionais.
Principais aplicações para as Técnicas Leves:
(Quando / Onde / Porque / Por quem)
Quando:
- Em todas as ocasiões onde os fatores equipamento e peso forem determinantes para o bom andamento da expedição;
- Em todas as atividades onde não há possibilidade de carregar grandes kits de equipamentos;
- Em viagens de prospecção e exploração a lugares distantes (outros estados ou países);
Onde:
- Em abismos profundos e difíceis no carregamento de material;
- Em cavernas ou abismos onde a caminhada de aproximação é longa e cansativa.
- Em investidas de prospecção e avaliação de continuidade vertical em áreas dentro de uma caverna;
Por que:
Para ganhar agilidade e praticidade;
Para ir mais longe carregando menos material e peso;
Por quem:
Por uma equipe homogênea e pequena;
Referências bibliográficas:
Judicaël ARNAUD, Sylvain BORIE, Nicolas CLEMENT, José MULOT. Groupe d'Etudes Techniques EFS. 2005. La cordelette Dyneema® et son utilisation en spéléologie. Spelunca n°97
Sergio Garcia – Dils De La Vega. 2004. Los Cordinos de alta resistencia y su aplicación en espeleología. Subterránea, 22: 40 – 41.
Nome, Nome. Groupe d'Etudes Techniques EFS. 2007. Les Thecniques « Legeres ». Em preparação.
(Um agradecimento especial à Remy Limagne e Delphine Molas (EFS))
Segue aí um artigo que escrevi há algum tempo sobre Tecnicas Leves em Espeleologia Vertical. A mesma matéria foi publicada recentemente na revista O Carste (edição de Outubro/2008), mas aqui vai comalgumas imagens suplementares.
Espero que vcs gostem!
Um abs,
Daniel Menin
Técnicas Leves em Espeleologia Vertical
Os obstáculos verticais, de certa forma, sempre estiveram presentes na história da espeleologia. De um lado as fendas, abismos e complexas redes verticais se apresentavam como grandes desafios para os primeiros espeleólogos exploradores. Do outro, cabos de aço, escadas de ferro, canos, cordas de vários tipos e espessuras, homens e mais homens na segurança. Diversos eram os meios de projeção vertical utilizados para que a curiosidade humana não ficasse apenas na imaginação.
E muitos destes obstáculos subterrâneos ficaram décadas esperando que as técnicas e os equipamentos evoluíssem a ponto de possibilitarem ao homem a se aventurar nesses novos mundos.
Os espeleólogos sempre buscaram aprimorar suas técnicas e equipamentos, mas foi por volta da década de 50 que as explorações verticais mais se aperfeiçoaram e conseqüentemente geraram suas maiores descobertas. Em 12 anos de explorações a medida da caverna mais profunda do mundo praticamente dobrou de tamanho e esse resultado é, principalmente, conseqüência do surgimento de equipamentos mais adaptados à esse tipo de atividade e de técnicas mais precisas. Cordas melhores e mais resistentes, cadeirinhas de espeleologia, surgiram os freios e blocantes.
Na década de 70 padronizou-se o uso de corda simples como principal meio de transposição vertical e com ela difundiram-se as técnicas de progressão em corda que, de certa forma, utilizamos como base até hoje.
Observamos, nos últimos tempos, uma boa evolução tecnológica na produção de equipamentos (principalmente cordas), porém as técnicas de base tanto em progressão, quanto em amarragem continuaram bastante próximas às anteriores.
Explorações cada vez mais longas e profundas obrigam os espeleólogos a uma constante busca por materiais mais leves e que ofereçam ainda o mesmo grau de segurança e confiabilidade dos tradicionais equipamentos. No início da década de 90 alguns grupos já utilizavam materiais em seus kits que hoje se encaixam na lista de equipamentos ditos “leves”. Essa crescente utilização acompanhada por uma evolução industrial neste sentido fez com que a Federação Francesa de Espeleologia reconhecesse essas técnicas e, junto à Escola Francesa de Espeleologia, estudasse e estabelecesse padrões na utilização da mesma. Foi criado o título Thecniques Legéres que, de certa forma, trouxe um novo fôlego à espeleologia vertical. Surgiram algumas publicações sobre o tema (Arnaud et al, 2005) e hoje essas técnicas fazem parte da formação e especialização de espeleólogos nos estágios oferecidos pela EFS (Escola Francesa de Espeleologia).
Thecniques Legéres, como é chamada na França, se traduziria tendencialmente em Técnicas Ligeiras. Porém, talvez a tradução mais precisa e apropriada pode ser Técnicas de Utilização de Materiais Leves na Espeleologia Vertical. Isto porque Thecniques Legéres não se refere necessariamente a algo voltado à velocidade, mas principalmente ao peso.
O objetivo deste texto não é ensinar Thecniques Legéres, mas sim oferecer informações suficientes para que o leitor saiba de sua existência, reconheça seu material e identifique a necessidade ou não de sua aprendizagem. A Revista O Carste e o autor não se responsabilizam pelo uso indevido destas técnicas ou do equipamento aqui descrito.
Conceito:
Thecniques Legéres tem como conceito e objetivo básico oferecer ao espeleólogo a possibilidade de atingir uma maior PROFUNDIDADE em caverna utilizando MENOS PESO e MESMA SEGURANÇA em relação às técnicas tradicionais. Para tal adota-se a utilização de equipamentos específicos e técnicas adaptadas a esses tipos de equipamento.
O ganho de peso não é necessariamente um fator concreto e estático. Um espeleólogo pode carregar o mesmo peso que antes, porém a quantidade de material transportado em um mesmo kit lhe permitirá ir mais longe ou mais profundo em uma gruta.
O Equipamento:
Cordas de 8mm:
Por norma de fabricação, as cordas tradicionais (9mm, 10mm) são classificadas pela indústria como cordas tipo A ou B de acordo com sua elasticidade, durabilidade, resistência à fator de choque, resistência à abrasão, etc. Cordas de 8mm são classificadas (na França) como cordas de tipo “L“ (“Ligeiras”) e não se encaixam nas normas e padrões de fabricação como é o caso das cordas de tipo A ou B. A Federação Francesa acompanha e impõe, no seu país de origem, uma série de requisições de segurança na fabricação de cordas de 8mm e utiliza atualmente a marca Beal como referência para este tipo de corda.
Considerações:
O motivo da utilização da corda de 8mm é obvio. Sendo mais fina, é também mais leve e ocupa menos espaço. Porém exige alguns cuidados extras no seu uso. Deve-se prezar pela ausência absoluta de atrito com a rocha, seguir um pensamento constante de antecipação de rupturas e possíveis atritos e também ter uma boa prática na progressão evitando trancos ou velocidade descontrolada.
Micro conector ou Malha Rápida de abertura fácil (MR de Overture Vitte ):
Trata-se de um tipo de malha rápida de abertura mais fácil para ser usada em ancoragens ou derivações. Em formato assimétrico, tem uma rosca com menos voltas o que possibilita a abertura mais rapidamente e substitui o tradicional mosquetão.
Considerações:
É menor e mais leve que qualquer tipo de mosquetão tradicional. Exige cuidados extras principalmente no seu posicionamento. A rosca deve sempre estar posicionada para baixo, caso contrário, a lei da gravidade junto à movimentação natural da ancoragem pode fazer com que o MR se abra sozinho diminuindo consideravelmente sua resistência ou até fazendo com que ele se solte da ancoragem.
Pode ser utilizado na conexão entre chapeleta e corda ou na montagem de derivações junto à utilização de um cordelete de Dyneema;
Cordelete de Dyneema:
Sem dúvida nenhuma, dos equipamentos utilizados em Técnicas Leves, o cordelete de Dyneema com 5mm de diâmetro e alta resistência (através do sistema de amarragem com AS - Amarage Souple = "Amarragem flexível") é aquele que mais chama a atenção. Seu uso foi iniciado no início da década de 90. Espeleólogos o utilizavam na produção de estribos para o blocante de mão. Devido à sua alta resistência ao atrito, o cordelete de Dyneema passou também a ser usado em ancoragens naturais substituindo a tradicional fita. Na mesma década de 90 a Federação Francesa entrou em contato com a Beal e juntos desenvolveram um cordelete específico para o uso na espelologia (100% Dyneema, capa e alma).
Nasceu o codelete usado hoje para ancoragens e derivações na espeleologia moderna. Com resistência de cerca de 800 Kg e alta resistência ao atrito, o cordelete pode ser usado com o auxílio do AS (uma espécie de chapeleta desenvolvida especialmente para o cordelete), com as tradicionais plaquetas ou através de ancoragens naturais.
Considerações:
O cordelete de Dyneema substitui o mosquetão e oferece uma grande possibilidade de ancoragens diferentes, facilitando bastante o trabalho de equipagem. Pode ser conectado ao MR de abertura rápida ou diretamente na corda. Porém alguns cuidados especiais devem ser tomados:
O cordelete é 100% estático transferindo todo impacto da corda diretamente para a ancoragem. Por esse motivo o cuidado com os famosos “trancos” deve ser redobrado. As amaragens com o cordelete devem também estar totalmente tensionadas. Amarragens que não seguirem esse princípio correm o risco de gerar impacto sobrecarregando diretamente a ancoragem;
O cordelete de Dyneema é inflamável. Muito cuidado com a chama do carbureto quando estiver trabalhando com esse tipo de material;
Como acontece em qualquer tipo de corda, a resistência do cordelete cai bastante quando este é colocado em torção. Cuidado na confecção das ancoragens (e dos nós) para que o cordelete não fique “todo torcido”.
Usar em forma de anel e em ancoragens duplas. A grande maioria das aplicações do cordelete de Dyneema em ancoragens é através de confecção de um anel (unindo suas 2 pontas e o utilizando duplamente) e usando 2 pontos de fixação, ou seja, ancoragens duplas em “Y”. Um cordelete de cerca de 800kg de resistência produz um anel de cerca de 1600kg. Já uma ancoragem dupla com 2 anéis de Dyneema oferece uma boa margem de resistência.
Para fechar os anéis utilize nó de pescador duplo deixando ainda uma boa margem (mínimo uns 2,5cm) de sobra. Para uni-lo à corda, vários nós podem ser usados. O melhor nó depende da configuração da ancoragem;
Chapeletas:
A política de chapeletas não muda em relação às técnicas tradicionais. Utiliza-se com eficiência tanto as chapeletas tipo Coudées como as de tipo Vrillées. Sua escolha vai depender principalmente da superfície da rocha e configuração da ancoragem. Evita-se chapeletas de aço devido ao peso;
Considerações:
É importante ressaltar que 90% das chapeletas serão utilizadas com o MR (Malha Rapida Speedy) ou com um anel de cordelete de Dyneema. Bom senso na arrumação dos kits é o fator determinante na validação das técnicas e na economia de peso e espaço. Se estiver levando muitos AS, não serão necessárias muitas chapeletas;
Alguns princípios importantes no uso de materiais leves em espeleologia vertical:
É necessário que tenhamos claros alguns conceitos básicos antes de tentarmos nos aventurar na utilização desse tipo de material ou técnica. Devemos partir do princípio que todo material pode estar sujeito à ruptura, menos a corda. Esta deve estar protegida e precavida de todo tipo de causa que pode lhe gerar danos estando ainda conectada do início ao fim do abismo (salvo algumas exceções).
A melhor postura para essa atividade é a antecipação de rupturas das amaragens e derivações. Devemos constantemente nos colocar a questão: “o que acontecerá com a corda e com o espeleólogo caso esta amarragem se romper?”;
Praticamente todas as amarragens devem ser duplas e estar tensionadas. No caso de ruptura de uma das amarragens o trajeto da corda deve estar protegido.
É imprescindível que tenhamos uma iluminação eficiente e elétrica. Isto nos possibilita uma boa observação dos detalhes da caverna, a configuração do caminho de corda a seguir e a análise das possibilidades de ancoragens. Uma iluminação elétrica também evita o risco de incêndios subterrâneos.
Bom senso. Nunca force os limites sejam eles de qualquer natureza. Limites físicos, psicológicos, de equipamento ou de membros da equipe. Saber analisar a situação e identificar a necessidade de intervenção ou desistência é pré-requisito para um líder em uma atividade vertical envolvendo principalmente equipamentos e técnicas específicas;
Quando falamos em qualquer tipo de técnica avançada em espeleologia falamos também em equipes homogêneas no conhecimento destas técnicas. Não é acompanhando um grupo heterogêneo (contendo iniciantes) de espeleólogos que você treinará seus conhecimentos em técnicas específicas e o uso de material leve.
Boa organização na montagem das mochilas e kits. Um planejamento prévio e o hábito na utilização desses materiais fazem com que o espeleólogo organize seu kit de forma clara e eficiente transmitindo maior segurança e bons resultados na equipagem da caverna. Se já conhecer a caverna, criar uma ficha técnica com os equipamentos a utilizar pode economizar surpreendentemente o peso e volume de seus kits.
O uso de material leve na espeleologia vertical é aplicado no conjunto de equipamentos coletivos como conectores, cordas e sistemas de ancoragens. Os equipamentos individuais, salvo alguns detalhes não apontados neste texto, continuam os mesmos utilizados nas técnicas tradicionais.
Principais aplicações para as Técnicas Leves:
(Quando / Onde / Porque / Por quem)
Quando:
- Em todas as ocasiões onde os fatores equipamento e peso forem determinantes para o bom andamento da expedição;
- Em todas as atividades onde não há possibilidade de carregar grandes kits de equipamentos;
- Em viagens de prospecção e exploração a lugares distantes (outros estados ou países);
Onde:
- Em abismos profundos e difíceis no carregamento de material;
- Em cavernas ou abismos onde a caminhada de aproximação é longa e cansativa.
- Em investidas de prospecção e avaliação de continuidade vertical em áreas dentro de uma caverna;
Por que:
Para ganhar agilidade e praticidade;
Para ir mais longe carregando menos material e peso;
Por quem:
Por uma equipe homogênea e pequena;
Referências bibliográficas:
Judicaël ARNAUD, Sylvain BORIE, Nicolas CLEMENT, José MULOT. Groupe d'Etudes Techniques EFS. 2005. La cordelette Dyneema® et son utilisation en spéléologie. Spelunca n°97
Sergio Garcia – Dils De La Vega. 2004. Los Cordinos de alta resistencia y su aplicación en espeleología. Subterránea, 22: 40 – 41.
Nome, Nome. Groupe d'Etudes Techniques EFS. 2007. Les Thecniques « Legeres ». Em preparação.
(Um agradecimento especial à Remy Limagne e Delphine Molas (EFS))
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Gouffre du Brizon - França
Cidade: Montrond le Château;
Departamento: Doubs;
Saída eme stágio junto a EFS de aprendizagem em técnicas ligeiras.
Dia 13 de julho de 2005
Departamento: Doubs;
Saída eme stágio junto a EFS de aprendizagem em técnicas ligeiras.
Dia 13 de julho de 2005
Após os primeiros dias de avaliação em autonomia em técnicas verticais demos enfim início ao estágio de aperfeiçoamento propriamente dito. Na tradicional reunião noturna, durante o segundo dia, nos foi colocado uma lista de opções para serem escolhidas. De acordo com o interesse de cada pessoa foram formadas equipes para os próximos dias. Minha opção foi de aprender e aperfeiçoar as técnicas ligeiras de exploração em vertical.
Na manhã do dia 13 foi formada a equipe me técnicas ligeiras: Eu, Jackie e a instrutora Delphine. Nos foi passado um briefing do um abismo que iríamos vizitar durante a tarde e a instrutora nos ajudou a preparar o material. Tive o primeiro contato ativo com os dynemmas, AS, MR de abertura rápida e outros mateirais de pequeno porte e peso (escrevi sobre técnicas ligeiras em um outro artigo específico sobre o assunto, um dia posto aqui no Blog).
Chegando ao abismo a Jackie começou a equipagem. Logo na entrada mais um aviso sobre o perigo de enchentes e “crue”. A segurança exterior é feita em árvores próximas à entrada. Um lançe de aproximadamente 4m tem sua amarragem facilitada por um tronco de árvore e dá início à descida subterrânea. Chegamos a um pequeno salão de onde sai um conduto que acessa uma série de outros garrafões não muito largos, porém perfeitamente arredondados. Claramente essa série de garrafões funciona como a porta de entrada de uma vasta rede aquática subterrânea. Em épocas de chuva funcionam como verdadeiros “tubos” condutores. Talvez justamente por este motivo não encontramos concentração de formações como tities, mities e etc. Por outro lado, é um abismo perfeito para treinar e aperfeiçoar novas técnicas justamente deviso à sua morfologia.
Enquanto Jackie equipava eu descia junto a Delphine que fazia suas observações referente às amarragens e equipamentos. Após alguns lances trocamos de posição. Começei a equipar os outros lances enquanto Jackie e Delphine vinham atrás. Em um salão, enquanto equipava um próximo lance, deixei cair na escuridão abaixo um MR de abertura rápida (Speedy) com uma plaqueta. Ficamos todos escutando o barulho das peças se debatendo nas paredes enquanto descia caverna abaixo. “Já era” pensei comigo mesmo começando ainda a imaginar o valor do material a ser reposto.
Mais um lançe de uns 20m com um fracionamento a 10m do solo e chegamos ao fundo de um poço e fim das cordas. Enquanto comíamos e conversávamos encontramos, ao lado de onde Jackie estava sentada, o MR e a plaqueta perdida. Delphine a pegou, examinou e a colocou a parte em um saco de equipamentos de resgate que ela levava. Pensei mais uma vez no preço de um MR e de uma plaqueta. Após um almoço de macarrão gelado com abricot vert e de uma rápidíssima ciesta fui encarregado a subir até a última amarragem para bater um spit e duplicá-la “A primeira e a última amarragem devem sempre serem duplicadas!”.
Bati o spit, dupliquei a amarragem e subi até um salão intermediário onde esperei que as duas chegassem. A demora foi, logo em seguida, explicada pelo ativamento da rede hídrica subterrânea devido à grande quantidade de líquido que ingerimos (aliás, quando alguém que ler este texto me encontrar, me pergunte o que é uma Pissetta e explico melhor esta passagem do texto).
As duas me passaram e seguiram abismo acima enquanto fiquei por último e encarregado por toda desequipagem (trabalho pra macho!). Como não poderia ficar atrás também dei munha contribuição ao ativamento hidrico da rede.
Saindo do abismo, na grama ao lado do carro, Delphine pegou o material que deixei cair, deu uma olhada e o recolocou junto com o resto dos equipamentos. OK! Esse tipo de equipamento é muito resistente e se não apresentar fissuras visíveis não há grandes problemas. Economizei alguns Euros...
Na manhã do dia 13 foi formada a equipe me técnicas ligeiras: Eu, Jackie e a instrutora Delphine. Nos foi passado um briefing do um abismo que iríamos vizitar durante a tarde e a instrutora nos ajudou a preparar o material. Tive o primeiro contato ativo com os dynemmas, AS, MR de abertura rápida e outros mateirais de pequeno porte e peso (escrevi sobre técnicas ligeiras em um outro artigo específico sobre o assunto, um dia posto aqui no Blog).
Chegando ao abismo a Jackie começou a equipagem. Logo na entrada mais um aviso sobre o perigo de enchentes e “crue”. A segurança exterior é feita em árvores próximas à entrada. Um lançe de aproximadamente 4m tem sua amarragem facilitada por um tronco de árvore e dá início à descida subterrânea. Chegamos a um pequeno salão de onde sai um conduto que acessa uma série de outros garrafões não muito largos, porém perfeitamente arredondados. Claramente essa série de garrafões funciona como a porta de entrada de uma vasta rede aquática subterrânea. Em épocas de chuva funcionam como verdadeiros “tubos” condutores. Talvez justamente por este motivo não encontramos concentração de formações como tities, mities e etc. Por outro lado, é um abismo perfeito para treinar e aperfeiçoar novas técnicas justamente deviso à sua morfologia.
Enquanto Jackie equipava eu descia junto a Delphine que fazia suas observações referente às amarragens e equipamentos. Após alguns lances trocamos de posição. Começei a equipar os outros lances enquanto Jackie e Delphine vinham atrás. Em um salão, enquanto equipava um próximo lance, deixei cair na escuridão abaixo um MR de abertura rápida (Speedy) com uma plaqueta. Ficamos todos escutando o barulho das peças se debatendo nas paredes enquanto descia caverna abaixo. “Já era” pensei comigo mesmo começando ainda a imaginar o valor do material a ser reposto.
Mais um lançe de uns 20m com um fracionamento a 10m do solo e chegamos ao fundo de um poço e fim das cordas. Enquanto comíamos e conversávamos encontramos, ao lado de onde Jackie estava sentada, o MR e a plaqueta perdida. Delphine a pegou, examinou e a colocou a parte em um saco de equipamentos de resgate que ela levava. Pensei mais uma vez no preço de um MR e de uma plaqueta. Após um almoço de macarrão gelado com abricot vert e de uma rápidíssima ciesta fui encarregado a subir até a última amarragem para bater um spit e duplicá-la “A primeira e a última amarragem devem sempre serem duplicadas!”.
Bati o spit, dupliquei a amarragem e subi até um salão intermediário onde esperei que as duas chegassem. A demora foi, logo em seguida, explicada pelo ativamento da rede hídrica subterrânea devido à grande quantidade de líquido que ingerimos (aliás, quando alguém que ler este texto me encontrar, me pergunte o que é uma Pissetta e explico melhor esta passagem do texto).
As duas me passaram e seguiram abismo acima enquanto fiquei por último e encarregado por toda desequipagem (trabalho pra macho!). Como não poderia ficar atrás também dei munha contribuição ao ativamento hidrico da rede.
Saindo do abismo, na grama ao lado do carro, Delphine pegou o material que deixei cair, deu uma olhada e o recolocou junto com o resto dos equipamentos. OK! Esse tipo de equipamento é muito resistente e se não apresentar fissuras visíveis não há grandes problemas. Economizei alguns Euros...
Material utilizado:
110m de corda de 8mm;
45m de corda de 9mm;
MRs de abertura rápida;
Chapeletas coudés e vrillés;
Cordonetes dynemma;
AS com cordonetes prontos;
Algumas fitas;
Alguns mosquetões.
110m de corda de 8mm;
45m de corda de 9mm;
MRs de abertura rápida;
Chapeletas coudés e vrillés;
Cordonetes dynemma;
AS com cordonetes prontos;
Algumas fitas;
Alguns mosquetões.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Gouffre la Belle Louise - França
Cidade: Montrond le Château;
Departamento: Doubs;
Saída em estágio junto a EFS de aperfeiçoamento em técnicas ligeiras.
Dia 16 de julho de 2005
Segunda saída com objetivo de utilizar as técnicas leves (Thecnique Legeres) em equipagem vertical. Após termos aprendido em teorias e também termos posto em prática em um ambiente real agora o objetivo foi de equipar e desequipar um abismo inteiro utilizando apenas estas novas técnicas.
O Abismo de La Belle Louise é uma linda cavidade. A entrada é por uma fenda onde observamos várias possibilidades de descida por 2 principais lances separados por um platô. Póximo à entrada tinha uma placa informando sobre a possibilidade de “crue” (tromba d´água) em dias de chuva forte. Estávamos preparando os equipamentos quando um senhor chegou com um trator e disse ter visto na meteorologia a previsão de fortes chuvas durante a tarde. Resolvemos a partir desta informação não seguir até o fundo do abismo mas equipar somente os primeiros e principais lances até atingir um pequeno conduto de “teto baixo” onde em caso de “crue” poderíamos ficar presos. A equipe, como da primeira vez foi formada por mim, Jackie e a instrutora Delphine (sabe muito essa mulher!). Fizemos 2 equipagens descendo em paralelo até o fundo dos principais lances. Jackie equipou o lado principal enquanto eu fui procurar uma descida lateral pelo menor acesso. Com muitos blocos instáveis acabei não encontrando amarragens seguras ao longo do platô e acabei subindo para equipar uma via próximo à de Jackie porém pela lateral do abismo. Como eu havia preparado uma ficha de equipamentos a partir da topografia, desta vez o trabalho foi muito mais organizado e de bons resultados que na primeira saída de técnicas ligeiras. Utilizei bastante os cordeletes de alta resistência de dynemmas e os AS e atingimos nossos objetivos sem maiores problemas. Após vários lances chegamos a uma área onde 2 garrafões paralelos se encontram e pasamos por uma espécie de janela entre eles. Maravilhoso esse abismo!. Como estávamos preocupados com a possibilidade de chuvas então deixamos o almoço no carro, para voltarmos antes. Comemos uma pequena barra de cereais no fundo destes lances e iniciamos nossa subida. A instrutora Delphine desceu pela minha via fazendo algumas correções necessárias e subiu pela via da Jackie também corrigindo eventuais imperfeições. Saindo do abismo comemos na grama, próximo do carro, revimos nós e teorias de amarragens ligeiras e voltamos para o alojamento. E a chuva..... essa nem apareceu...
Gouffre de Vauvougier - França
Cidade: Montrond le Château;
Departamento: Doubs;
Saída durante estágio junto a EFS (Escola Francesa de Espeleologia).
Após um dia de avaliação técnica em uma falésia dedicamos o primeiro dia embaixo da terra para também sermos avaliados em equipagem e desequipagem porém agora em um ambiente real, sobre as condições reais de uma caverna.
O Gouffre de Vauvougier é um lindo abismo que dá acesso a uma labiríntica rede subterrânea. Estávamos em 2 equipes de 4 pessoas sendo 3 alunos e 1 instrutor que apenas acompanhava os alunos intervindo no trabalho de equipagem quando pertinente.
A primeira equipe, a qual eu fazia parte, tinha como objetivo acessar a rede subterrânea e nós a profundidade pelos lances a esquerda do Puits du Pendule (ver mapa). Nossa equipe estava formada por Julian, Jackie, eu e a instrutora Cécile. Julian começou a equipagem descendo pela lateral direita de um enorme e volumoso abismo de entrada. Uma equipagem considerávelmente técnica uma vez que foi necessário vários pêndulos para acessar os spits nas paredes do abismo. A vista da luz externa em raios de sol entrando no abismo era algo de espetacular. Descemos cerca de 45m com alguns fracionamentos e ao chegar lá embaixo percebemos que havíamos passado um conduto lateral que deveríamos ter seguido e direção ao Puits du Pendule, como fez a outra equipe. Então subimos, aproveitamos as amarragens da outra equipe e acessamos ou outros abismos em direção ao nosso objetivo. A partir desse ponto fui o responsável pela equipagem. Equipei cerca de 40 a 50m até uma sala de onde saía um dos últimos lances. Equipagem feita em spits batidos sobre um grande bloco e desci o lance até a metade, onde me deparei com o nó de fim de corda. Era o fim de nossa descida. Jackie quis também descer para observar o belo lance pela metade. Almoçamos todos nessa sala e começamos a subir para voltar. Jackie e Julian desequiparam a parte equipada por mim e eu fiquei encarregado de desequipar os primeiros lances equipados por Julian. Ainda não sei as exatas sensações que tive ao desequipar diversos fracionamentos em pêndulo. A cada última desparafuzada na plaqueta era como se fosse um gatilho me pendulando em um belo vôo para o centro de um largo garrafão de quase 50m de altura. “Ao escolher os lugares para bater spits e equipar, pense na hora da desequipagem” pensei comigo mesmo.
Por ser o primeiro dia de atividade subterrânea resolvi não levar a máquina fotográfica mas me arrependi amargamente pois o abismo é seco, com grandes garrafões e perfeito para fotografias. Fica então essa dica para uma outra vez, um dia, quem sabe...
Gouffre Gros Gadeau - França
Cidade: Pequena vila próximo de Besançon – Montrond le Château;
Departamento: Dobs – Ao Norte da região do Jura;
Saída de final de semana junto ao Speleoclub de Paris.
Mais uma vez paramos o carro bem próximo à entrada da gruta. Após alguns passos (isto mesmo, o carro estava a metros da caverna) na beira da estrada chegamos à uma dolina e à cavidade. Logo na entrada da caverna, como já é de costume na região, podemos observar um cartaz de advertência dizendo os riscos e perigos da mesma prevenindo assim entrada de turistas ou espeleólogos não preparados. Ao adentrar na caverna um bonito lance de cerca de 15m da acesso a uma sala de onde continua-se a descida por outro poço mais à direita. Apesar de parecer bastante ativa, a caverna de Gros Gadeau não era conhecida como uma caverna perigosa até que em Novembro de 1996 foi palco de uma dramática operação de resgate durante o alagamento de suas galerias em uma tromba d´agua, frequente em épocas de chuva. Nossa descida foi relativamente tranquila. Olivier foi na frente equipando a caverna enquanto que eu e o outros espeleólogo seguíamos atrás. Descíamos sucessivos poços em meio a cachoeiras de pouco volume mas o suficiente para nos deixar completamente molhados já no primeiro lance. Olivier tanto estava compenetrado com as amarragens que nem percebeu a presença de uma serpente, em um pequeno lago, entre seus 2 pés e logo abaixo de dois spits. Ao meio do barulho d´água das cachoeiras e com um francês bem meia boca tentei explicar para ele a presença da cobra e perguntar se ele a tinha visto. Sem dar muita bola ou por não ter entendido ele sorriu e continuou a equipagem, descendo logo em seguida.
Chegamos até o fundo dos maiores puits, a cerca de 85 metros de profundidade. Caminhamos um pouco por uma galeria, desescalamos alguns pequenos lances, descansamos alguns minutos e começamos a subida de volta a superfície. Como já estava virando costume, fui o último a subir e, portanto, o responsável pela desequipagem. A cada lance que subia eu pensava na serpente da descida. Eu não me lembrava mais em que poço ela estava. Será que a água a carregou abismo abaixo ou será que ela continua no mesmo lugar? Será que eles a viram ao subir? Será venenosa? A resposta de onde ela estava não demorou a tardar. Durante a subida ela me aguardava na beira do penúltimo lançe com a cabeça levantada como que olhasse quem vinha subindo pela corda. Para evitar uma trombada de cara com na cobra tive que fazer um certo malabarismo escalando pela parede da esquerda, em oposição e ainda me mantendo sob tração na corda para evitar algum choque em caso de queda. Passado o obstáculo descobri que a cobra estava era atrás de iluminação pois a mesma vinha sempre em minha direção. Não tinha muito espaço para fugir uma vez que estávamos em um pequeno platô que dividia 2 lances verticais e onde se encontrava um pequeno lago e um fracionamento a ser desequipado. Experiência memorável porém não muito agradável esta de desparafusar o spit e fugir da serpente apagando minha lanterna de quando em quando para que ela parasse de me seguir.
Chegando ao carro mais uma vez fui perguntar da serpente mas ninguém a viu. “Tranquilos demais esses caras...” pensei comigo mesmo. No Brasil estamos sempre preocupados com serpentes e olhamos o tempo todo principalmente sa saída das cavernas mas na França pouco se tem a temes visto que raríssimos são os casos de cobras venenosas.
Depois de um banquete de Arricot vert, queijos e é claro, vinho, seguimos estrada para Paris, como sempre, sem tomar banho.
Gouffre des Ordons - França
Cidade: Pequena vila próximo de Besançon – Montrond le Château
Departamento: Doubs
Saída de final de semana junto ao Speleoclub de Paris.
13 de Junho de 2005;
O acesso à gruta é por por um pequena fissura no calcáreo. A amarragem inicial pode ser feita nas árvores ao redor do gouffre e pelos spits plantados logo no incício da descida.
Cerca de 4 metros adentro, têm-se acesso a uma fenda onde instala-se um corrimão para assegurar até o melhor ponto para a descida final. Trata-se do maior lance vertical da caverna (cerca de 25m) que dá acesso a um enorme salão repleto de estalagmities, velas e cortinas. Gouffre des ordons é uma descoberta recente e perfeito para iniciantes. Seus lances de verticais não são grandes, a instalação é bastante simples e a recompensa bela beleza da caverna em formações é garantida. Foram colocadas fitas de proteção para traçar um caminho de uma extremidade do salão a outra de modo a proteger as formações. Destaque para duas grandes velas que se encontram no centro da parte mais ampla do salão, próximo á descida da corda.
Estive com o espeleo clube de paris e realizei lindíssimas fotos mas que em uma desagradável descoberta percebi que as tinha feito em baixa resolução. Resultado: mudei para alta mas não tive suficiente tempo para tirar as mesmas fotos que já havia feito.
Por coincidência durante o ultimo dia do estágio na EFS acabamos voltando a essa gruta e pude realizar novamente mais fotos e desta vez, em alta resolução. Embora não tenha tido paciência e nem tempo suficiente para repetir as boas fotos da primeira vizita acho que consegui mostrar um pouco da amplitude e beleza desta caverna.
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