"E impelido pela minha ávida vontade, imaginando poder contemplar a grande abundância de formas várias e estranhas criadas pela artificiosa natureza, enredado pelos sombrios rochedos cheguei à entrada de uma grande caverna, diante da qual permaneci tão estupefato quanto ignorante dessas coisas. Com as costas curvadas em arco, a mão cansada e firme sobre o joelho, procurei, com a mão direita, fazer sombra aos olhos comprimidos, curvando-me cá e lá, para ver se conseguia discernir alguma coisa lá dentro, o que me era impedido pela grande escuridão ali reinante. Assim permanecendo, subitamente brotaram em mim duas coisas: medo e desejo; medo da ameaçadora e escura caverna, desejo de poder contemplar lá dentro algo que me fosse miraculoso"

Leonardo Da Vinci

domingo, 1 de dezembro de 2013

Bulha D'água - Novembro de 2013: caverna Lamalisa


Em Novembro estivemos em Bulha, mais uma vez, para dar continuidade aos trabalhos na região. Topografamos a recém descoberta Gruta Lamalisa, que rendeu um mapa bacana embora a caverna não tenha evoluído para além das galerias já exploradas. Também verificamos as não continuadas entradas encontradas na última viagem: dois abrigos entupidos de sedimento. Por fim, no Domingo, encontramos uma nova entrada. Próximo à casa do Zé.  Um buraco estreito, com blocos abatidos de onde sopra uma promissora corrente de vento. Nesta viagem foi impossível forçar a entrada por conta do tempo. Quem sabe na próxima?


(fotos: Alexandre Camargo - Iscoti)




(fotos: Daniel Menin)






segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Caverna Aorê-Jari

Imponente, com amplos condutos e salões, a caverna Aroê-Jari é a principal atração subterrânea do parque nacional da Chapada dos Guimarães, no estado do Mato Grosso.

O nome Aroê-Jari tem origem indígena e significa "morada das almas". A caverna fica muito próxima de outra cavidade, chamada Kiogo-Brado ("morada dos pássaros"). Ambas grutas abertas à visitação, desde que se contrate um guia loca, apesar das trilhas bem demarcadas do parque. A região abriga muitas outras cavernas, ainda pouco exploradas ou mapeadas, também em arenito.


As cavernas Aroê-Jari, bem como Kiogo-Brado foram mapeadas em uma expedição organizada pela SBE.

Em Outubro de 2013 estivemos na caverna para visita e levantamento fotográfico. Abaixo algumas imagens da viagem.

(Texto e fotos: Daniel Menin, 2013)









domingo, 6 de outubro de 2013

A Redespeleo Brasil e a Edição especial do Conexão Subterrânea N. 111

(Comissão Editorial, Setembro de 2013)

A ideia da Rede nasceu em Januária, Minas Gerais, em julho de 2003, após um Congresso de Espeleologia, quando grande  parte dos grupos de espeleologia mais ativos da época em conjunto com cientistas e entusiastas da área, sentiram a necessidade de criar uma organização de estrutura horizontal, que renovasse o panorama da espeleologia nacional, institucionalizando fóruns permanentes de intercâmbio e reflexão sobre a prática da espeleologia e ciências correlatas no Brasil.

Em 22/11/2003 foi fundada oficialmente a REDESPELEO BRASIL, instituição sem fins econômicos cuja missão era “Congregar pessoas e instituições interessadas na convivência em rede e contribuir para a descoberta, estudo, documentação e proteção das Cavidades Naturais Subterrâneas, bem como o seu meio ambiente externo relacionado, através da utilização de todas as ciências, atividades e técnicas correlatas à espeleologia, visando a conservar o patrimônio espeleológico nacional”. A instituição tinha também como objetivo funcionar como elo entre seus sócios, o Poder Público e a Sociedade Brasileira.

As principais metas definidas para a instituição eram:

1) a congregação, união, fortalecimento e aproximação dos sócios;

2) o intercâmbio de conhecimento e experiências de pesquisas, estudos e projetos das mais diversas áreas e disciplinas envolvendo as cavidades naturais subterrâneas e o ambiente cárstico;

3) a elaboração de projetos a serem desenvolvidos pelos sócios;

4) a realização de eventos visando capacitação técnica/ científica;

5) a criação de espaços para denúncias, apresentação de propostas referentes à legislação ambiental e políticas públicas referentes às cavidades naturais subterrâneas e ambientes cársticos;

6) a integração e aproximação com outras entidades, nacionais e internacionais voltadas à espeleologia;

7) A defesa, preservação e conservação das cavidades naturais subterrâneas e ambiente cárstico, visando a promoção do desenvolvimento sustentável.

Dez anos após aquele primeiro encontro em Januária, temos plena convicção de que grande parte destas metas foram alcançadas e estamos encerrando as atividades da Redepeleo Brasil com o sentimento de “Dever Cumprido”. 


Aqui você encontra um link para download da Edição 111 do Conexão Subterrânea, o último informativo digital da Redespeleo Brasil. Uma edição especial pois nele contêm um breve relato do que foi realizado pela instituição, para que todos rememorem e guardem a lembrança da bela Aventura que vivemos juntos.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Expedição São Mateus, Setembro de 2013

Acabamos de chegar de mais uma expedição de topografia no sistema de São Mateus, Imbira, em Terra Ronca. Desta vez, devido a distância das áreas subterrâneas o foco foi a ressurgência da caverna, com acampamento próximo à entrada e equipes dedicadas a topografar a conexão descoberta na última expedição. Mas o principal destaque desta viagem foi uma outra conexão, agora entre as cavernas S. Mateus II e III, realizada através de mergulho.

Com esta conexão e os mais de 10km de galerias mapeados na viagem, a caverna de São Mateus assume a posição de terceira maior caverna do Brasil (27km, ao todo, de linha de trena).

O sistema de São Mateus foi desde 1975l - quando descoberto - palco de expedições de diferentes grupos de espeleologia. O CEU (Centro Excursionista Universitário) iniciou as atividades na década de 70 embora não tenha realizado a conexão entre as cavernas ou produzido um mapa detalhado. Nos anos 90 o GREGEO, de Brasília, também realizou atividades de topografia na caverna de São Mateus, mas também sem conectar as grutas ou concluir o mapa realizado. Na década de 2000 o Grupo Bambuí iniciou o remapeamento da caverna e está prestes a terminar os trabalhos nesta importante caverna brasileira.

Com tempo curto e atividades intensas de exploração e mapeamento, poucos foram os momentos dedicados à fotografia, mas seguem abaixo algumas imagens captadas.


Chefe da expedição, averiguando a organização final dos equipamentos 
Parte dos integrantes antes da caminhada para a ressurgência
Carros estacionados no início da trilha e preparativos para a caminhada

Penosa caminhada por estrada de terra até se chegar a trilha da caverna
(poderíamos ter evitado essa parte...)


Acampamento-base, próximo à ressurgência

Entrada de grande galeria superior
Topografia de grande salão fóssil
Topografia das galerias superiores na ressurgência da São Matheus

Invasão de mosquitos
Equipe feliz da vida com a inesperada carona na volta da trilha

Céu estrelado em frente à Caverna Terra Ronca