Escalar
a Serra do Caraça para explorar as cavernas em seu cume é uma das atividades
mais próximas ao que podemos chamar de espeleologia alpina no Brasil. Como se
não bastasse as dificuldades da altitude e do difícil acesso, os espeleólogos
ainda têm que lidar com a complexidade das cavernas da região. Grandes fendas
de Quartzito (uma rocha instável e de difícil equipagem), que podem chegar a
centenas de metros de profundidade. A mais profunda, a Gruta do Centenário, tem
mais de 484 metros de profundidade mapeados estando entre as mais profundas
cavernas do mundo nesta litologia. Estas dificuldades fazem do pico do
Inficionado , no Caraça, um dos locais onde a atividade torna-se a mais extrema
e adversa em nosso país.
O
grupo Bambuí vem há mais de uma década explorando e mapeando as estas profundas
cavernas e a expedição de Maio foi mais uma dentre tantas outras vezes que os
espeleólogos lidaram com tamanhas dificuldades.
Subimos o Caraça no final da tarde da Sexta-feira, 17 de
Maio de 2013. Devido a uma chuva repentina e frio durante a subida, chegamos no
cume na madrugada de Sábado. Acampamento realizado, investimos o final de
semana em equipagens e início de topografia de novas cavernas. A descida foi
realizada no Domingo ao longo do dia, após a exploração de uma fenda
identificada e explorada parcialmente em uma viagem anterior. Parece termos retornado
com mais pendências do que quando iniciamos a expedição o que indica que serão
necessários ainda muitos anos e energia para explorar e documentar todas as
cavernas desta região.
Escrevo este texto alguns dias após nosso retorno, ainda sentindo dores no corpo e as pernas fracas diante de todo esforço aplicado. Mas apesar do desgaste físico, escrevo feliz de poder ter participado de mais esta aventura, desta vez sobre as nuvens e ao mesmo tempo nos subterrâneos!
(Fotos Daniel Menin)
(Fotos Rafael Camargo, "Rafinha")