Texto: Thomaz Rocha e Sila (Vagalumne) e Fabio Von Tein
Fotos: Adrian Boiller
Na quarta feira, 19 de dezembro, após 2 dias de cavernadas,
Zé Guapiara, eu (Vagalume) e Adrian fomos para uma incursão no morro onde está
a caverna Los Três Amigos. Eram dois objetivos: georreferenciar e topografar a
Gruta da Borboleta, pendência de uma viagem de 2015, e georreferenciar,
explorar e topografar uma fenda encontrada pelo Zé Guapiara e Fábio von Tein
quinze dias antes, com potencial de ser uma nova entrada para o Los Três
Amigos.
A topografia da Gruta da Borboleta, de pouco mais de 50m de
linha de trena, foi tranquila e levou tempo suficiente para o Zé encontrar mais
duas cavidades a menos de 100 metros dali. As duas pequenas cavidades estão
lado a lado e são inversas. A Gruta achatada, de 15m de desenvolvimento, é
completamente horizontal, enquanto o Buraco do Sapo, 6 metros distante da
primeira, consiste em uma entrada no fundo de uma dolina íngreme levando por um
canudo completamente vertical de 7 metros de profundidade e 1,5m de diâmetro.
Como só foi possível constatar essas dimensões ao chegar na boca do abismo, uma
vez que a dolina era muito íngreme, o Vagalume teve de equipar e ancorar para a
curta descida, que foi frustrante já que estávamos bem acima da grande caverna.
Rumamos finalmente para a fenda descoberta na viagem
anterior, por uma trilha que corta caminho, mas atravessa passagens muito
íngremes enlameadas no meio de samambaiaçus (o que significa espinhos em todos
os lugares). Ao chegarmos, constatamos um grande paredão formando uma cavidade
de quase 30 metros de comprimento. O Zé nos falou que exploraram o primeiro
nível da fenda e que haveria continuações à direita e à esquerda, sendo a da
direita mais promissora. Optamos então por realizar a exploração e voltar
topografando, iniciando pela direita. A descida é íngreme e o desnível é
passível de acidente, principalmente pela quantidade e tamanho de blocos
soltos, mas isso também indica que houve pouca frequência humana. Ao descermos,
constatamos que há um primeiro nível, com vários acessos ao que seria um
segundo nível inferior. O da direita chegou a um pequeno salão que fechou.
Voltamos topografando o nível superior, deixando indicadas as possíveis
descidas. Ao chegar ao canto esquerdo, junto à parede, encontramos atrás de um
grande bloco uma descida de aproximadamente 6 metros quase negativa em bloco
liso, o que nos fez instalar um spit para maior segurança. Ao descermos, a topo
retornava o azimute reverso do nível superior, demonstrando que realmente se
trava de níveis. No entanto este logo se fechou. Porém, seguindo a linha
vertical do paredão à esquerda, ainda descemos para o que parece ser uma outra
galeria, cujo acesso passa por um quebra corpo sem vento por baixo de blocos
soltos. Já completávamos 9 horas de atividade e, no terceiro dia seguido de
cavernada, o cansaço e projeção da trilha da volta nos frearam. Optamos por
aguardar a plotagem da linha de trena para verificar o quão promissor é o
local.
Para nossa alegria, a linha de trena demonstra que o local
que paramos está a aproximadamente 40 metros do último ponto de topografia do
Los três Amigos! Em breve realizaremos uma incursão de ataque ao local para
tentearmos esta conexão.
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