"E impelido pela minha ávida vontade, imaginando poder contemplar a grande abundância de formas várias e estranhas criadas pela artificiosa natureza, enredado pelos sombrios rochedos cheguei à entrada de uma grande caverna, diante da qual permaneci tão estupefato quanto ignorante dessas coisas. Com as costas curvadas em arco, a mão cansada e firme sobre o joelho, procurei, com a mão direita, fazer sombra aos olhos comprimidos, curvando-me cá e lá, para ver se conseguia discernir alguma coisa lá dentro, o que me era impedido pela grande escuridão ali reinante. Assim permanecendo, subitamente brotaram em mim duas coisas: medo e desejo; medo da ameaçadora e escura caverna, desejo de poder contemplar lá dentro algo que me fosse miraculoso"

Leonardo Da Vinci
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domingo, 2 de fevereiro de 2025

O que os sedimentos nas cavernas podem nos contar sobre o passado?

Como era o clima há algumas dezenas de milhares de anos atrás? Como era a vegetação e a fauna onde esta caverna está localizada?

Costumo dizer que cavernas são como máquinas do tempo. Ao explorar esses ambientes, exploramos também o passado.

As fotografias abaixo foram realizadas durante uma expedição científica às cavernas de Iraquara, Bahia, na Chapada Diamantina. O objetivo da viagem foi a observação e coleta de sedimentos para pesquisas sobre os paleoambientes daquela região. Através de datações radiométricas nos cristais de quartzo contidos nestes sedimentos é possível saber quando essa "areia" foi trazida para dentro da caverna por grandes inundações. Junto com ela, uma série de informações dos paleoambientes também podem ser extraídas.

Datações radiométricas calculam o decaimento radioativo de alguns minerais ao longo dos anos, como o quartzo. Através dela, é possível saber quando esses minerais receberam os últimos raios solares. Existem também as radiações cosmogênicas, elas conseguem identificar em minerais (como o Berilo, por exemplo) a radiação que eles receberam vinda do universo profundo. Sim, porque não é somente o sol que emite radiações, mas as estrelas também.  

A pesquisa de sedimentologia realizada na região faz parte de uma parceria entre o Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGc-USP), a Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) e a Universidade do Vale do São Francisco (UNIVASF).

Fotos: Daniel Menin.
Antes de reproduzir, consulte a fonte e converse com o autor.

 
















quinta-feira, 9 de março de 2023

Qualificação de cavernas para uso em geoconservação

Recentemente foi publicada na revista internacional Springer Geoheritage um artigo propondo um novo método para qualificação de cavernas. Criado para responder a demandas de geoconservação, comunicação científica e educação, o método foi aplicado no Vale do Ribeira, em SP e em outras regiões cársticas da Bahia.

Entre os diferenciais deste método destaca-se o caráter coletivo durante o processo avaliativo, que contempla também os saberes locais sobre as cavernas avaliadas. Além disso, o método busca apresentar uma alternativa mais simples e de menor custo para a obtenção de uma caracterização inicial sobre o patrimônio espeleológico de uma determinada região. Aspectos como subjetividade também foram tratados com cuidado para que os resultados apresentassem dados consistentes e confiáveis.

A descrição do método e alguns resultados pode ser lida em detalhes no artigo original.


Clique na imagem para acessar o artigo

Região do Alto Vale do Ribeira, composta por 4 Unidades de Conservação, onde o método foi aplicado.



Saída principal dos dados: 4 Valores Espeleológicos e 1 Alerta de Conservação, ambos alimentados por 14 critérios avaliados independentemente.