"E impelido pela minha ávida vontade, imaginando poder contemplar a grande abundância de formas várias e estranhas criadas pela artificiosa natureza, enredado pelos sombrios rochedos cheguei à entrada de uma grande caverna, diante da qual permaneci tão estupefato quanto ignorante dessas coisas. Com as costas curvadas em arco, a mão cansada e firme sobre o joelho, procurei, com a mão direita, fazer sombra aos olhos comprimidos, curvando-me cá e lá, para ver se conseguia discernir alguma coisa lá dentro, o que me era impedido pela grande escuridão ali reinante. Assim permanecendo, subitamente brotaram em mim duas coisas: medo e desejo; medo da ameaçadora e escura caverna, desejo de poder contemplar lá dentro algo que me fosse miraculoso"

Leonardo Da Vinci
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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Fotografia da Gruta do Agenor é premiada em concurso do CNPq



A fotografia acima, da Sala de Verne na Caverna do Agenor em Iporanga ficou em terceiro lugar no IV Prêmio de Fotografia - Ciência & Arte organizado pelo CNPq na categoria Imagens produzidas por câmeras fotográficas: ambiente silvestre e antrópico.

A foto foi tirada durante uma expedição fotográfica para a caverna oito anos após a conclusão da sua topografia. O relato da viagem pode ser visto aqui: http://terrasubespeleo.blogspot.com.br/2014/06/caverna-do-agenor-retorno-cheio-de.html

Link para o site do prêmio e as demais premiadas: http://www.premiofotografia.cnpq.br/

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Caverna do Agenor: retorno cheio de histórias e lembranças

Retornar a Caverna do Agenor depois de oito anos da descoberta foi uma grande emoção. Uma máquina do tempo que nos fez reviver as sensações vividas nos trabalhos de exploração e topografia.

Esta viagem tinha como objetivos a documentação fotográfica de áreas visitadas somente na ocasião da topografia, quando não foi possível se dedicar as fotos. Tínhamos também a intenção de voltar em regiões remotas da caverna, exploradas uma só vez e sem muito empenho. A distância, as dificuldades técnicas e a vontade de fazer tudo com calma nos levou a organizar um bivuaque, entrando na caverna Sábado de manhã e saindo no Domingo a tarde.

A atividade contou com a participação de 4 espeleólogos, dos quais 3 fizeram parte da história de exploração da gruta. Foi emocionante chegar nos lugares mais distantes e encontrar a caverna exatamente como estava em nossa memória. Cada passagem, cada escalada, cada rappel. Tudo repleto de lembranças e história.

Em uma região central, deixamos o mapa e uma carta a espeleólogos do futuro.

A Caverna do Agenor foi descoberta durante o projeto Paçoca e Arredores, que mapeou grutas importantes da região do Lajeado (PETAR), sobre o aquífero cárstico do Córrego Fundo. Uma equipe chegou na entrada da gruta quando procurava um acesso alternativo para a caverna Paçoca. Logo na primeira exploração, os espeleólogos se surpreenderam com o tamanho e diversidade da caverna. O nome é uma homenagem ao Sr Agenor, dono e morador da terra onde a gruta se encontra. A caverna teve seu mapa produzido entre 2006 e 2008. Com cerca de 4km de linha de trena e uma morfologia de condutos e salas fósseis em diferentes níveis, é uma  importante caverna da região. Todo o material produzidos durante as atividades de exploração encontra-se em documento entregue aos órgãos competentes. Os relatos e fotos das atividades, estão publicados aqui neste mesmo site.



(Fotos: Daniel Menin, Marcos Silverio e Carlos Grohmann)








 

 













segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Cavernas do Lageado (PETAR) na revista O Carste!

Acabou de ser publicado a revista O Carste, Volume 23 N1. 
Revista do Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleologicas.

Esta edição para mim é mais do que especial. Isso porque apresenta o resultado de cerca de cinco anos de um projeto que, junto com bons amigos, toquei na região do Lageado, no PETAR, em SP. Além dos relatos das viagens e histórico detalhado das descobetas, o artigo mostra fotos e publica os mapas gerados durante o projeto. Foram muitas viagens, muito suor na mata e dedicação debaixo da terra. Aventuras que geraram conhecimento, história, kilomentros de topografia, novas cavernas e boas decobertas.

Fica aqui este registro para quem já é assinante da revista e também inspiração para aqueles que ainda não conhecem este trabalho.

Um abraço e boa leitura,
Daniel Menin

Nota: para assinar a revista O Carste escreva para: azuias@yahoo.com.br

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quebra-cabeça

Mais uma peça para nosso Quebra-cabeça.
Aos poucos vamos juntando as partes e preenchendo a região com seus mapas subterrâneos...

(mapa de parte do Lajeado, PETAR e algumas de suas cavernas plotadas)

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Alguns Absimos no Lageado

Desde a primeira vez em que estive no PETAR me apaixonei pela região do Lageado. Não é a toa que há anos batemos mato naquela área topografando, retopografando e descobrindo várias cavernas. O Projeto Juvenal, de 2001 a 2005 só veio adicionar mais tempero nessa relação. Me aproximei de outros excelentes espeleologos e conheci melhor um dos mais profundos abismos do Brasil.
Mas não é sobre o Juvenal que escrevo a seguir, mas sim sobre algumas cavernas que, durante estes anos, foram encontradas, perdidas, reencontradas, perdidas novamente...
Algumas delas foram cadastradas, outras ficaram somente na referência. Muitas foram realmente mapeadas, outras, ainda estão em mapeamento e ainda outras, talvez nunca cheguem a ser mapeadas.

Com frequencia outras pessoas batem mato e reencontram cavernas já exploradas e mapeadas. Isto é comum e por isto mesmo devemos ter bastante cautela para não reescrevermos uma história já existente. Mas sem dúvida nenhuma, a pior das hipóteses é quando a caverna é descoberta, explorada, mapeada e depois de anos e anos o trabalho simplesmente se perde. E isto acontece ou proque surgem novas tecnologias que deixam os registros anteriores obsoletos ou porque o autor (ou grupo), por descaso acaba perdendo o trabalho em alguma gaveta ou (mais modernamente) pasta esquecida...

Dentro do grupo (GPME), por mais que prezávamos pela topografia imediata, no momento da descoberta ou da exploração de um abismo, por exemplo, nem sempre isto acontece e mapas que poderiam existir ficam para outras ocasiões.

Pois vamos então parar de lero-lero e deixar aqui alguns mapas desta região. Resolvi postar mapas pequenos e que tenho aqui comigo. Acontece que nos últimos anos estivemos bem ativos na região não somente retomando trabalhos antigos mas começando novos e alguns mapas ainda não foram publicados. Por hora, coloco abaixo mapas de alguns abismos que recentemente estivemos.

Enjoy!

Este aqui é de um abisminho (ainda sem nome) que descemos em 2006, acho. Eu havia passado por ele há uns 6 ou 7 anos e coincidentemente o Marcos e o Dennys também. Pois após N vezes que combinamos de voltar para descer e mapear acabamos conseguindo fazê-lo somente em 2006. Como de costume descemos equipando e explorando e subimos mapeando posi estávamos somente em 3 pessoas (Eu a Re e o Marcos... o Dennys furou).

Nesta mesma viagem, acabamos encontrando mais um abismo, bem pertinho deste. Trata-se de uma fenda, longa e bem promissora. Até acho que era esse que eu tinha vindo na ocasião dos tempos remotos e não o anterior.
Descemos equipando e subimos mapeando. Apesar de promissor, o abismo fechou com apenas cerca de 65m de profundidade. Nenhum vestígio de presença humana. Nem pegadas, nem spits batidos...


Ambos estes 2 abismos ficam bem próximos à estrada do lageado, menos de 1km após o trevo com a estrada Bairro de Serra-Apiaí.
Caverna de Pascoa:

A caverna de Pascoa foi uma boa dica do Ditinho, guia e amigo do PETAR. Ao saber que estávamos trabalhando na área da Passoca o Dito nos contou que havia descido um abismo, no fim da caverna, e encontrado uma pequena passagem. Tão pequena, que devido à sua "falta de forma" não conseguiu passar deixando a suposta continuação da caverna para um espelelogo mais "magrelo".
Marcamos uma viagem para mapear a caverna e tentar encontrar a tal passagem pequena.


Logo na primeira investida topografamos boa parte da gruta. Na segunda investida, esta com 2 equipes descemos o abismo e topografamos boa parte das galerias inferiores. Em uma terceira viagem eu e a Renata, em 2 dias de atividades, averiguamos todas as possíveis continuações intermediárias (entre o stor superior e o fundo do abismo) em um complexo vertical cheio de passagens e condutos apertados.


Em mais uma viagem, agora em um feriadão prolongado, conseguimos unir uma excelente equipe vertical e vencemos o extremo Norte da caverna e em uma série de escaladas (cerca de 40m escalados). Foi desta vez, através de uma fenda e abaixo de uma boa chuva que, eu e o Renato encontramos um grande salão e... outra boca! Mapeamos tudo neste feriado mesmo. Para maiores detalhes busque neste Blog mesmo os relatos da Pascoa.

Segue o mapa finalizado desta bela travessia.


Outros mapas da região estão espalhados pelo Blog ou em outras postagens ou junto aos relatos de trabalhos.

Mapa da Agenor

Opa! Encontramos aqui no Blog, diversos relatos, além do resumo das atividades nos 2 anos de trabalho na caverna do Agenor. Mas estava faltando algo... não havíamos colocado o resultado disto tudo.

Pois aí o primeiro mapa, quando descobrimos a caverna ...


... e o resultado final, depois de muito suor, dezenas de viagens e muitos e muitos dias subterrâneos.

terça-feira, 25 de março de 2008

Gruta Agenor - Resumo atividades 2006/2007

Resumo das atividades:

- 10/2006: Descoberta a entrada da caverna e topografados 150m pelo caminho principal até atingirmos o Salão Pegáguas.

- 11/2006: Topografia do o Salão Pagáguas e escalada do fim deste salão. Topografia do conduto das aranhas até o lago dos bichos. Encontrada uma serpente Jararacuçu em um trecho de teto-baixo no início do conduto dos bichos. Topografia do Setor do Barbeiro-Múmia e desobstrução da linha 6 (4m cavados) possibilitando a descoberta do salão Banco-Central.

- 11/2006: O conduto principal foi retopografado. Iniciado a topografia de algumas galerias labirínticas próximas a entrada da caverna. Nesta viagem um espeleólogo deslocou seu ombro dentro da caverna (felizmente próximo à saída).

- 02/2007: Realizada a escalada do Banco-Central acessando as galerias superiores e topografado até a Sala de Jantar. Deixadas muitas galerias em aberto sem topografia nem exploração. Uma forte chuva ocasionou o sifonamento da passagem desobstruída (linha 6) impedindo nossa passagem. Foram topografados outros condutos em aberto próximos à entrada.

- 03/2007: Com equipes de fundo foi topografado o Salão Corneto e as principais galerias do setor. Topografamos o superespreme. Deixamos pendentes várias passagens labirínticas.

- 04/2007: Em 2 equipes terminamos a topografia das áreas labirínticas e do Setor Corneto acessando ainda outros níveis diferentes e labirínticos. Existem erros de fechamento nas bases JH devido à interferência de lanterna.

- 05/2007: Em trabalho de fechamento das pendências decobrimos a passagem para toda uma nova rede incluindo a Rede de Verne. Estávamos decobrindo a maior área em volume da caverna. Topografamos em apenas 1 dia e em 2 equipes cerca de 1km de novas galerias.

- 05/2007: Voltamos a rede de Verne e topografamos a área inferior ao grande desmoronamento. Deixamos em aberto o ralo. Também equipamos e descemos o poção topografando sua continuação.

- 07/2007: Voltamos para descer o Ralo abaixo do grande desmoronamento na Rede Verna e fazer algumas fotos. Nenhuma das pendências verificadas na atividade continuaram e acabamos não topografando nada.

- 09/2007: Topografamos novos condutos próximo ao Baixão e descobrimos o setor Tobogã do Demo por onde acessamos mais um lago subterrâneo.

- 09/2007: Fechamos outras pendências em aberto e descemos os poços do Baixão, que estava
completamente obstruídos.

Topografia: Daniel Menin (15), Renata Andrade (15), Renato Dias (5), Leda Zogbi (4), Adilson Macari (3), Carlos Eduardo Martins (3), Cesar Simões (3), Elisabeth Kinguti (3), Flavio Candeias (3), Gelson Igual (3), Marcos Silvério (3), Maria Cristina Albuquerque (3), Allan Callux (2), Carlos Maldaner (2), Claudio Genthner (2), Daisy Oliveira (2), Dennys Corbo (2), Erica Luna (2), Ericson Igual (2), Fernanda Almeida (2), Francisco Sarpa Lima (2), Jânio (2), Renata Shimura (2), Ademir (1), Bia Boucinhas (1), Camila Ribas (1), Carlos Grohmann (1), Ingo Wahnfried (1), Sylvio Jr. (1), Toni Cavalheiro (1).
Participações: João Mallet (2), Luis Rocha (GEEP-Açungui) (1), “Rato” (EGRIC) (1).

15-16 de setembro de 2007 Grutas do Agenor e Santana

por Daniel Menin

Fizemos mais uma saída para o PETAR nesse fim de semana. Os objetivos eram fechar pendências na Gruta do Agenor, uma delas verificar a continuidade de um abismo no fundo do salão desmoronado (“Baixão”) e dependendo do cansaço, topografar o abismo São Jorge na Santana, aproveitando o domingo.

Sábado – Gruta do Agenor

Equipe: Daniel (croquis), Renata (trena), Marcos (leitura), Lalas (ponta) e Camila (anotação).
Duas pendências curtas foram fechadas. A topografia do “conduto do cotovelo” e um fechamento no “setor do jantar”. Descemos também o abismo no fundo do “baixão”, mas esse estava obstruído. Na volta passamos no lago dos bichos para averiguar uma possível passagem devido ao nível baixo da água. O Marcos mergulhou, mas também não foi possível passar o sifão.
Ainda restam algumas pendências, mas ao que tudo indica a caverna está no fim da sua exploração e topografia.

Domingo – Gruta Santana

Equipe: Daniel (croquis), Marcos (leitura), Renata (ponta) e Lalas (anotação).
Aproveitando o dia no domingo e o pessoal com equipamento vertical, resolvemos voltar à Gruta Santana e continuar a topografia de onde paramos no fim de semana passado. A partir de ancoragem natural, descemos topografando o abismo São Jorge (cerca de 20 metros de desnível), e parte da galeria intermediária. Seguimos topografando pela possível “galeria do futuro” e voltamos descendo pelo rio e ligando nossa topografia à base deixada pela equipe do Bedu em uma saída anterior. Esta topografia gerou uma enorme poligonal (a Leda passará as infos mais precisas sobre os resultados da topo). Está em aberto para topografia uma parte da galeria intermediária, que pode ser alcançada através de uma escalada a partir do rio (base BB20). No total Topografamos cerca de 200m entre o abismo de São Jorge, a galeria do futuro, parte do setor intermediário e 2 descidas para o Rio.

7 de setembro de 2007 - Agenor e a descoberta do Tobogã do Demo

por Daniel Menin

Agenor:
Equipe estava formada por mim (Daniel) pela Renata, pelo Sylvio e pela Erica.
Logo ao entrarmos na caverna fomos até o Lago dos Bichos para averiguar no nível da água. Como trata-se de um sifão este poderia estar baixo o suficiente (ou até mesmo seco) nesta época do ano de poucas chuvas. Ao chegarmos no lago vimos que a água estava bastante baixa mas como nossa intenção não era se molhar completamente resolvemos não entrar na água para tentar a passagem.
Os outros objetivos eram de fechar as pendências deixadas na área próxima à “Sala Corneto”, onde sabíamos que existiam caminhos alternativos até o “Baixão”. Nossa intenção era topografar um destes caminhos e também o “Cotovelo”, um conduto deixado em aberto e que também segue em direção ao “Baixão”. Topografamos cerca de 80m até fecharmos com uma base próximo aos poços no fundo do “Baixão”. Antes de voltarmos para topografar o Cotovelo resolvi averiguar as condições da descida para dos poços e para a minha surpresa vi um conduto de proporções médias, mas o suficiente para não subestimar escondido bem na beira de um dos poços. Resolvi entrar para dar uma olhada. Alguns metros a beira de escorrimentos e uma tímida bifurcação á direita. O caminho á frente terminava em um teto baixo estreito demais para a passagem de um ser humano mas a opção da direita na bifurcação acessava uma espécie de antigo conduto freático em forma de um estreito tobogã que serpenteando descia caverna abaixo. Juntamos toda a equipe e começamos a topografar. Para descer o tobogã foi fácil pois a força da gravidade ajudou bastante. Bastou deitar de barriga para cima e ir direcionando a descida com os pés. Logo acessamos uma sala maior e de lá um conduto grande que continuava descendo. Estávamos claramente em uma área de proporções surpreendentes. Como caberia ainda esta parte da caverna no mapa em uma região já tão preenchida? Seguimos topografando até atingir outro salão, este maior ainda. Água! Este conduto continha dunas de lama e um lago. Em uma de sua extremidade estava o fim do salão, obstruído por muita lama. Do outro, o lago continuava até uma estreita curva. Como mais uma vez não quisermos nos molhar deixamos esta passagem em aberto para uma próxima oportunidade.
Pelos nossos cálculos estávamos na parte mais baixa da caverna, no mesmo nível do “Lago dos Bichos”. Aliás, pela direção que havíamos seguido deveríamos estar bem próximo a esse lago senão no próprio lago. Deveremos voltar para nadar e averiguar!Agora era hora de voltar e pagamos todos os pecados do ano para subir o tobogã... dificuldade que nos faz jurar não pagar essa penitência novamente tão cedo e acabou dando nome ao lugar: “tobogã do demo”

26-27 maio de 2007

por Daniel Menin

Havíamos marcado de retornar na caverna do Agenor na primeira oportunidade. Os objetivos principais eram descer e topografar o poção antes do grande conduto, topografar os condutos laterais deixados no lado da direita do grande conduto, averiguar melhor a parede de escorrimento no final da área da esquerda e continuar os condutos inferiores de lama. Bastante trabalho para um só dia de caverna (Sábado).
A equipe praticamente se manteve a mesma da última viagem com exceção do Chico e do João mergulhador, que não puderam comparecer, e com a presença do César que viajou conosco após a reabilitação de sua cirurgia no ombro esquerdo.
Chegando na caverna nos dirigimos diretamente até o Poção. Um pouco antes, porém, iniciamos a desobstrução de um pequeno acesso a um conduto superior no “salão carioca”, porém deixamos para continuar esta investida em outra viagem.
Enquanto eu e o Dennys desobstruíamos este conduto, o Marcos bateu um spit e montou a ancoragem para descer o poção. Desceram ele e a Renata na frente e logo desapareceram, o que apontava continuações. Uma vez de volta resolvemos topografar a descida e as continuações. Deixamos nossas mochilas no fundo do poção e seguimos topografando por um estreito conduto de teto baixo. Este conduto acessou mais um salão de tamanho animador. Sabíamos que estávamos entre o grande conduto e todo o restante da caverna e que não tínhamos muito espaço para grandes continuações, mas mais uma vez os condutos continuavam. Estava difícil de entender. Este salão estava dividido entre uma área mais acima, entre grandes blocos desmoronados e uma área inferior, com muita lama. Estranhamente encontramos alguns ossos de morcegos em locais bastante improváveis. Apesar do tamanho do salão os condutos em suas extremidades terminaram seja em apertados desmoronamentos, seja em obstrução de argila e sedimentos.
Terminada a topografia desta área voltamos ao poção e rumamos para o grande conduto. Fechamos todas as continuidades laterais - nenhuma delas realmente continuava - e seguimos para a parte inferior da área da esquerda. Forçamos um pouco a parede de escorrimento e seguimos para a parte mais profunda desta área. Topografamos os condutos de lama e deixamos 2 continuidades de potencial. Uma delas é o grande “ralo” no salão das lamas e a outra é no meio do desmoronamento da extremidade esquerda. Ambos os pontos precisarão de corda e equipagem de vertical.
A cada dia as continuidades ficam menos prováveis e difíceis, o que nos aponta que ainda gastaremos algumas viagens e muito suor para terminar o mapa. Por outro lado a caverna foi até agora toda descoberta através destas passagens improváveis o que nos aponta que não podemos prever um término tão próximo.

segunda-feira, 24 de março de 2008

29 de abril a 01 de maio de 2007

por Daniel Menin

No Feriado de maio realizamos mais uma viagem ao PETAR. O grupo estava fortemente representado e tinha cerca de 25 pessoas na casa da Cris mais algumas na pousada da Idaty.

Os objetivos no Projeto Passoca e arredores era terminar algumas pendências deixadas na Caverna do Agenor, se possível todas e inicia a topografia do Abismo da Passoca.
O mapa da caverna do Agenor estava quase pronto havendo apenas cerca de 4 ou 5 pequenas entradas a se averiguar.
Foi separada uma equipe logo no primeiro dia (Eu, Renata, Chico, Cris Albuqerque e João mergulhador carioca) e fomos até a caverna do Agenor. Os primeiros fechamentos foram as duas entradas, logo após a segunda corda. Em uma delas seguimos por uma fenda até um pequeno salão de onde observávamos um conduto superior a cerca de 5 metros acima. Eu, o João e o Chico escalamos esta passagem enquanto que a Cris e a Renata acharam melhor ficar aguardando para não se exporem à escalada e colocarem o papo em dia. Uma vez lá em cima acessamos mais um salão de onde partiam outros 5 condutos em diversas direções. Topografamos o maior deles que acessou o salão desmoronado, na área nova. De certa forma já conhecíamos este conduto, porém penetrá-lo através do salão era difícil pois há um abismo separando os dois.
Terminado a topografia deste conduto resolvemos topografar mais um dos outros 4 restantes. Alguns metros adiante e verificamos que 3 destes condutos levavam à mesma área. Um pequeno salão de teto baixo que após um pequeno ressalto escondia um belo poço de cerca de 10m de profundidade. A princípio, lá de cima não podíamos ver continuidades, mas já estava certo que deveríamos voltar outro dia com equipamento apropriado.
Deste salão saia mais um conduto de proporções animadoras, porém ainda de teto baixo. Alguns metros de rastejamento e este conduto começou a abrir. Iluminando a minha frente eu podia ver uma série de estalactities brancas e atrás delas um profundo vazio. Não era possível! Me aproximei mais um pouco, iluminei mais uma vez a continuação do conduto e pude verificar que a caverna abria mais e mais. Tentei reconhecer a área, mas a cada metro eu me certificava que não era uma área conhecida, mas mais um grande salão. Maravilha ! Deixei a novidade para se desvendar à medida em que a topografia avançasse e voltei para prosseguir o trabalho. Vamos seguir a topo por este conduto !, avisei o Chico e o João que contemplavam o poção pensando na melhor maneira de descer.
Topografamos o conduto que dava acesso a esse salão. O conduto estava próximo ao teto, portanto deveríamos descer por uma fenda para efetivamente acessar a continuidade da caverna. Avançamos mapeando até um primeiro patamar, já sobre ume montanha de travertinos bastante escorregadia. Desta parte pude iluminar mais à lateral, para onde o salão tinha seu maior desenvolvimento. Deste ponto podíamos ter idéia das dimensões desta área. A uns 30m de distância pudemos ver um altar de calcita, mais travertinos com grandes estalactities e mities. Topografamos até a base deste primeiro salão e resolvemos dar uma olhada no resto daquela área. Tivemos um pouco de dificuldade de acessar este altar, pois o mesmo, de calcita e argila é bastante frágil e não queríamos deixar muitas marcas. Uma vez em sua lateral pudemos verificar um grande vazio dos dois lados do altar. Estávamos no centro de um grande conduto de proporções ainda desconhecidas. Sem dúvida era até agora a área mais vasta da caverna. Mais vasta que o Salão das Pegáguas ou que o Banco-Central. Descemos do altar e seguimos primeiro pela parte da direita. Um chão plano e de argila estava todo marcado por profundas gretas. Pisávamos com cuidado para deixar o mínimo de marcas possíveis. Seguimos por este conduto até chegarmos em um outro salão bastante ornamentado e um desmoronamento.
Neste dia já estávamos cansados, pensamos na Renata e na Cris que ficaram nos esperando antes da escalada. Resolvemos voltar e deixar o resto deste salão, assim como a continuidade do outro lado do altar para a topo de outro dia.
Diversas vezes havíamos considerado praticamente o fim dos trabalhos na Caverna do Agenor. Restavam apenas pequenos fechamentos ou verificações de condutos que no final das contas acabaram continuando e abrindo outros caminhos. Mais uma vez saímos da caverna com muito mais trabalho do que entramos...

No Dia seguinte seguimos para caverna de Areias topografar a bifurcação nova, próximo ao fim da área da direita.

No último dia do feriado montamos novamente uma equipe para a caverna do Agenor. Daniel, Renata, Chico, Dennys, João e Marcos. Como estávamos com a trena a Laser resolvemos fazer duas equipes para o fechamento de mais 2 condutos na área do poção e para topografar a área do grande conduto novo. Partimos a topo do último ponto na base do primeiro salão. Em 2 equipes resolvemos topografar a área da direita seguindo o conduto principal e deixando condutos laterais em aberto. Uma equipe (Daniel, Chico e Dennys) seguiu a parede da direita enquanto que a outra equipe (Marcos, Renata e João) seguiu pela esquerda. Fechamos as duas topos na extremidade deste conduto, acima do desmoronamento e uma área bem próximo a uma saída. Escalando e forçando a passagem em alguns pontos pude sentir o vento exterior e o cheiro do mato, mas era impossível transpor pois tratava-se um teto de pequenos blocos desmoronados e instáveis. Forçando outro ponto cheguei a um deslizamento de argila onde, na parte mais superior, pude verificar no teto a raiz de árvores o que mais uma vez indica a proximidade da superfície. Pequenas conchas e animais também indicavam o contato com o meio exterior, mas em nenhum ponto identificamos alguma evidência de que esta passagem poderia ser maior do que alguns centímetros.Uma vez terminada esta parte seguimos para o altar, no meio do conduto e topografamos a continuidade da esquerda. Chegamos até o suposto fim do conduto em uma grande parede de escorrimento. À nossa direita uma enorme descida de blocos parecia contornar o conduto e voltar por um andar inferior. Topografamos esta decida deixando mais alguns pontos em aberto. Acessamos uma área de condutos menores, labirínticos e repletos de lama o que indica uma vazão não muito antiga de água. Nesta área, a base de um salão forma um enorme “ralo” para onde fatalmente a água escorre. A outra extremidade desta área entra em um quebra-corpo. Também existem condutos a princípio labirínticos que deixamos para topografar em outra ocasião. Estávamos exaustos em um dia onde topografamos cerca de 750 metros de caverna. Um recorde nos dias de hoje em cavernas novas no PETAR.

Páscoa - abril 2007

por Daniel Menin

Sexta-feira - Caverna do Agenor:
Na ultima investida na caverna deixamos vários condutos em aberto que prometiam um verdadeiro labirinto em alguns níveis diferentes.
Dividimos as áreas de trabalho em 6 quadros com cerca de 20 continuações possíveis...
No Sábado foram formadas 2 equipes sendo uma de fundo, que iria até a parte mais extrema da caverna averiguando os 3 últimos quadros e outra que ficaria um pouco mais atrás. As 2 equipes estavam nas áreas descobertas durante as ultimas viagens (salão das elictities, baixão e continuações).
A primeira equipe se dirigiu diretamente para um longo conduto de teto baixo (o “Superespreme”) que apontava diretamente para a área fora do perímetro da caverna o que o tornava bastante promissor. Havíamos topografado seu início na ultima viagem retornado antes de atingir seu fechamento. A equipe topografou o conduto até atingir uma área bastante “enlameada” e de proporções reduzidas a ponto de deixar um tatu com claustrofobia. Desistimos então daquele ponto e iniciamos a volta fechando as entradas laterais. Acessamos um grande labirinto onde quase todos os condutos se interligam em algum momento. Aparentemente esta área era um grande conduto que foi, um dia, entupido de sedimentos sendo desobstruído com o tempo e formando muitos condutos e passagens de forma caótica e em diversos níveis.
A equipe 2 topografou outras continuações onde também pôde atingir esta área confusa e unir a topo com a outra equipe em alguns pontos.
Muitos dos fechamentos foram realizados não ficando nenhum grande conduto em aberto.
Trabalhamos por cerca de 8hs na caverna e pela primeira vez saímos com menos trabalho do que entramos !
Ainda faltam alguns condutos interessantes a serem verificados, o histórico da caverna nos aponta que em qualquer um destes condutos podemos encontrar outras continuações e continuações...

Sábado:
Na Sexta foi realizada uma assembléia extraordinária e todos os participantes da expedição se rebelaram com a idéia de voltar para a Agenor, devido a canseira do dia anterior ( espeleoidosos é fogo! ).
Desta forma, o grupo foi dividido onde uma parte seguiu para as cavernas do Bethary topografando a Gruta do Gastão (é isso Guano ?) e outra partiu a procura do Abismo Doriana, também naquela região. A segunda equipe bateu-mato insistentemente, mas não encontrou o abismo resolvendo desistir da empreitada.



Para não perder a arrumação das malas a equipe resolveu “dar uma passada” no Abismo do Mastodonte para averiguar uma possível e quase remota continuação, super apertada, dentro da água, no fim de um longo conduto de teto baixo, o qual na primeira ocasião eu jurei que não voltaria nunca mais...


Fomos até o abismo, equipamos, descemos e seguimos pelo conduto até a passagem mais apertada. Depois de uns 200m de teto baixo o conduto acaba em um pequeno lago onde mal é possível colocar a cabeça para ver se continua... de certa forma este foi exatamente o problema.


Depois de uma rápida discussão para definir quem seria o “mergulhador” eu acabei aceitando (em troca da desequipagem do abismo) e entrei no laguinho. Depois de estar completamente dentro da água, com a cabeça virada tentando respirar no pequeno espaço do conduto alagado verifiquei que a continuação abria um pouco. Mais cerca de 1m de desespero e pude sair do conduto e ficar em pé em um outro conduto perpendicular de proporções animadoras. Tratava-se de um conduto ativo de rio com plena continuação dos dois lados.
Chamei o Renato que acabou também tendo que passar pelo “ralo de privada” e exploramos o conduto nos certificando que esta fecha dos dois lados a algumas dezenas de metros adiante. Não topografamos pois estávamos sem equipamento. Pela dificuldade de acesso provavelmente esta área ficará somente no croquis (acrescentarei em breve).
Fica uma sugestão de topografia para o ano de 2900 quando os espeleólogos já tiverem mapeado todas as cavernas do universo.

Nesta empreitada estavam eu, o Renato e a Renata.

Eu e o Renato exploramos esta continuação e a Renata ficou entusiasticamente esperando fora do conduto, próximo à corda...
No Domingo acordamos, arrumamos as coisas e enfrentamos um dos maiores congestionamentos da história da humanidade. Esta que, a cada dia insiste em crescer e se multiplicar...

Carnaval 2007: descoberta da segunda entrada da Gruta de Pascoa e Mapeamento do labirinto na Agenor

Texto Daniel Menin
Fotos Renato Kbelo


Durante o feriado de carnaval de 2007, atuamos nas cavernas de Páscoa e Agenor dando continuidade ao projeto Passoca e arredores, no PETAR em SP.

Na gruta da Páscoa:

Nosso objetivo do feriado nesta caverna foi cumprido com êxito. Quem leu o relatório anterior, com o mapa em anexo viu que pretendíamos escalar uma possível continuação por um conduto superior. Após 2 dias de trabalho na caverna conseguimos não somente encontrar a continuação mas também outras galerias superiores com um grande salão e.....
outra saída da caverna! Abaixo foto da equipe bastante exaltada após a escalada e descoberta da saída.


Ao todo escalamos cerca de 40m divididos em 4 ou 5 lances, mapeamos todo o percurso (quase que dobrando o tamanho da caverna). Ainda é preciso retornar pela boca do abismo e equipar o percurso em sentido contrário (de cima para baixo). Isto fará com que a caverna fique melhor equipada se tornando uma ótima opção de travessia com 2 equipes para atividades de treinamento, aprimoramento, batismo ou novas pesauisas.

No salão maior (perto da saída do abismo) encontramos vários ossos de animais, provavelmente vítimas da entrada vertical. Fica aqui publicado esta dica para futuros trabalhos de paleontologia.


Na caverna do Agenor:

Para quem não sabe, o objetivo neste carnaval era escalarmos a parede do salão Banco-central (extremo nordeste da caverna) através do qual descobrimos uma boa continuação da gruta.


Mapeamos até onde foi possível devido ao tempo e deixamos vários condutos continuando em aberto.
No último dia do feriado formamos 2 equipes e seguimos para a área nova porém, devido às fortes chuvas no dia anterior nos deparamos com um sifão não convencional: a linha 6, conduto que havíamos desobstruído possibilitando o acesso ao Banco-Central estava cheio d'água. Tentamos por um momento esvaziá-lo, mas achamos de bom-senso desistir da empreitada e seguir com outras atividades (o que foi prudente pois recomeçou a chover algumas horas depois). Aproveitamos o imprevisto e mapeamos todo o labirinto próximo à entrada da caverna, com galerias e desmoronamentos em 3 níveis diferentes. Aliás, foi uma excelente iniciativa, pois estas galerias estavam virando lenda após várias tentativas e desistências.

02 de novembro de 2006

por Daniel Menin

Participaram da viagem:
Daniel, Renata Andrade, Renata Shimura, Leda, Ovo, Gelson, Adilson, Beth e Flávio (primos da Cris), Cris Albuquerque, Caê, Daisy, Cláudio, Carlos e Jânio... espero não ter me esquecido de ninguém !

Visto a variedade de pessoas e diferentes horários de chegada na Quinta-feira, resolvemos focar as atividades na região da Passoca em apenas 2 dias de trabalho (Sexta e Sábado). Na Quinta, portanto, resolvemos nos dedicar a apenas um bom churrasco no quiosque da pousada do Jura. Churrasco que durou até cair uma forte chuva e descobrirmos que o telhado do quiosque está precisando de uma urgente reforma...

Negociamos o transporte com um morador do Lageado, dono de uma Kombi de carreto que ficou encarregado de levar e buscar as pessoas por R$ 3,00 o percurso. Também fomos de Jipe como carro de apoio e com as pessoas que não couberam na Kombi.

Na Sexta Feira foram divididas 3 equipes para atuar na caverna do Agenor e o intuito principal era de terminar as áreas em aberto e topografar o grande salão.
De última hora foi formada mais uma equipe que acabou ficando fora da caverna e batendo mato próximo ao paredão. Foram encontrados vários sumidouros, mas nenhum com possibilidade clara de acesso...

Uma equipe formada por mim (Daniel), Re Andrade, Re Shimura e o Flavio, ficou com os condutos em aberto próximo à entrada da caverna e alguns condutos superiores que também encontram o salão.
Outra equipe, com a Leda, ficou de topografar o conduto ativo do rio após o salão. E a equipe do Ovo ficou de topografar o salão e escalar uma passagem superior para bater um spit e averiguar com maiores detalhes. Na expedição anterior pudemos escalar esta passagem e ver uma possível continuação mas, por falta de equipamento acabamos não prosseguindo.
Utilizando a trena a Laser, a equipe do Ovo realizou com sucesso e certa rapidez a topografia do salão sobrando mais tempo para a averiguada da possível continuação.

A escalada foi realizada pelo Carlos que foi também quem bateu o spit para o resto da equipe subir.
Após a passagem superior a equipe encontrou uma sala desmoronada onde existia um conduto obstruído por argila de onde saia uma sugestiva ventania. Ficou evidente que no próximo dia, precisaríamos de uma equipe de desobstrução para cavar o conduto e investigar de onde vinha todo aquele vento.

A equipe da Leda, logo no início da topografia após o salão teve uma surpresa: deram de cara com uma Jararacuçu de mais de um metro de comprimento atravessando o conduto. Certamente levada pela água das últimas chuvas, a cobra teria um péssimo encontro com espeleólogos rastejadores se a equipe não a tivesse surpreendido antes...
Sem muita alternativa a equipe foi obrigada a sacrificar o animal pela segurança de todos e diminuição do próprio sofrimento da cobra que com certeza, não sobreviveria na escuridão da caverna por muito tempo.

O Conduto do rio foi 100% topografado até o “lago dos bichos” que pelo nome, já se sabe o que se encontra em seu interior e entorno.
Também foi topografado um inclinado conduto lateral “escorregador” com belas formações.

Em uma das passagens superiores nossa equipe (do Daniel) acabou descobrindo, após uma passagem estreita, belos condutos e salas superiores que acabamos não topografando na ocasião por falta de tempo.

No segundo dia tínhamos várias pendências mas apenas 2 equipamentos completos de topografia (um dos clinômetros não estava preciso). O grupo de 15 pessoas (acho) foi dividido em 4 equipes sendo uma externa de prospecção, uma de desobstrução da passagem do vento (cavar mesmo!) e outras duas de topografia.

O Ovo e a Daisy ficaram na equipe externa, formada também pelo Sr. Agenor e seu fiel companheiro de trilha, o cachorro Sultão. Essa equipe prospectou alguns buracos na região, entre eles a “Gruta da Lapinha” do Lageado e um abismo também bem próximo à entrada da Passoca que foi nomeado em homenagem ao cachorro. A “Gruta da Lapinha” e o “Abismo do Sultão” foram croquisados pelo Ovo, mas ainda precisamos pegar as coordenadas. Existe também outro pequeno abismo bem próximo da área que eles estiveram que precisa ter seu devido croquis, eu e o César estivemos neste abismo e já temos as coordenadas (acho eu...). Na oportunidade exploramos um pouco o abismo e em uma primeira olhada concluímos ele não prossegue muito. O Ovo tbém produziu um mapinha com as localizações mais do que exatas destas grutas. Pra que GPS ?

Nas equipes internas: topografamos os condutos e salões próximos à entrada encontrados no primeiro dia, mas deixamos em aberto outros condutos que levam a um verdadeiro labirinto horizontal e vertical...

A outra equipe de topografia terminou um conduto perpendicular ao conduto principal do rio antes do salão, este conduto acabou se unindo com um dos condutos fósseis topografado no dia anterior. A equipe topografou também outro conduto do “segundo andar” de médias proporções.

A equipe da desobstrução não desapontou. Com uma colher de pedreiro, cavaram horizontalmente cerca de 4 metros e algumas horas após terem começado conseguiram uma passagem onde foi possível se espremer e passar para o outro lado.

A passagem se abriu em mais um grande salão. Este salão além das dimensões apresenta uma grande parede coberta por escorrimento de calcita e um solo coberto por micro travertinos e frágeis formações suspensas. Topografamos também este salão que aumentou bastante o desenvolvimento da caverna. A princípio o salão acaba e a única possibilidade de continuidade é através de uma escalada artificial em uma das paredes pois observamos um promissor conduto superior a uns 4m acima... Devido ao túnel cavado (linha 6 ) o salão foi nomeado de Banco Central.
Uma vez lançados os dados o mapa começa a aparecer e podemos já adiantar algumas informações:
Em linha de trena a caverna está com cerca de 1000m de desenvolvimento (considerando as radiações do salão);
O desnível é de cerca de 50m;
As áreas mais altas são a entrada e o conduto “escorregador” perpendicular ao conduto do rio.
A área mais remota da caverna (distante da entrada) ainda é o “lago dos bichos” que fica no fim da galeria do rio.

A caverna apresenta em algumas áreas bastantes sedimentos trazidos de fora como pedaços de galhos e folhas. Também observamos uma grande quantidade de animais. Muitas aranhas marrons, sapos, caranguejos e outros animais que podem terem sidos trazidos de fora pela água ou podem estar utilizando a caverna como abrigo. Algumas regiões da caverna, pela quantidade destes animais, tem grande potencial de estarem ligadas ao exterior por alguma passagem não muito distante.

Próximas viagens:
Para próximas viagens ficaram algumas pendências:
- Começar uma escalada artificial no Banco Central para acessar uma área superior;
- Refazer a topografia central do conduto do rio (problemas de fechamento);
- Refazer o fechamento da entrada;
- Começar a topografia do labirinto da entrada;

Precisamos também fazer uma viagem de prospecção exterior com promissora possibilidade de encontrar novas entradas ou outras cavernas. A área a ser verificada é a parte superior do morro onde a caverna se encontra, subindo o paredão pela sua esquerda.
Também será de boa utilidade mapas e croquis dos pequenos abismos e sumidouros encontrados na região e próximos à Passoca. Bater mato próximo a trilha após a caverna da Páscoa é uma boa chance para encontrar novos e promissores buracos.

Feriado de 12 de outubro de 2006 / A Descoberta da Caverna do Agenor

por Daniel Menin



Neste feriado prolongado de 12 de outubro houve mais uma viagem ao PETAR.
Estavam presentes Eu, a Renata, Gelson, Toni, Cris, Caê e Daisy.

A descoberta da Agenor

Entre outras atividades pretendíamos continuar com os trabalhos na caverna Passoca e arredores. Um dos objetivos era de iniciar uma escalada artificial na caverna para tentar acessar uma possível continuação em condutos superiores. Outro objetivo era prospectar as proximidades da Passoca buscando novas cavernas ou possíveis entradas que evitassem a escalada subterrânea. Apesar daquela região ser bastante promissora, existem poucas cavernas cadastradas ou conhecidas próximo à Passoca.
Como a chuva não deu muita trégua, acabamos não entrando na Passoca e dedicamos mais tempo no entorno. A região apresenta certo potencial vertical, todas as cavernas que conhecemos naquela área se desenvolvem consideravelmente neste sentido.

No primeiro dia batemos bastante mato e acabamos encontrando algumas entradas tentadoras.


Exploramos um pequeno abismo bastante próximo da caverna Passoca, porém, este não revelou resultados mais expressivos. Entre outras entradas estreitas nos afloramentos de calcáreo da região, encontramos uma fenda vertical que deu acesso a uma caverna bem promissora. A Descida é realizada em uma desescalada meio desajeitada, mas que pode ser vencida sem o auxílio de equipamentos. Descemos eu e a Renata para dar uma olhada enquanto que o César e a Daisy preferiram ficar do lado de fora. Após a passagem de um desmoronamento acessamos um amplo conduto fóssil. Saíam outros condutos menores em várias direções, mas resolvemos seguir pelo caminho mais evidente.


O conduto descia até acessar uma fenda, em forma de cuia onde era preciso desescalar pelas laterais, rodeando a "cuia" pelas bordas. Já neste pontos escutávamos um forte barulho de queda d'água. Ao descer a "cuia" acessamos uma cachoeira, pela parte de cima. Desescalamos pela lateral, por tráse de um grande bloco até chegarmos a uma fenda, de solo com seixos e teto bastante alto. Exploramos com uma certa pressa pois metade da equipe tinha ficado do lado de fora. Seguimos por esta fenda até chegarmos a uma parte onde havia um acúmulo de água parada no solo e para transpô-lo teríamos que nos molhar mais um pouco. Resolvemos voltar a partir dali e deixar para nos molhar da próxima vez. Confesso que decidir voltar quando a caverna continua é bem difícil, mas também já havíamos explorado o suficiente para um dia todo de topografia. Neste dia a equipe estava pequena e a chuva bem forte este foi o outro motivo de explorarmos apenas uma parte da caverna deixando vários condutos e uma promissora continuação para os dias seguintes. Esta foi a primeira descida na caverna do Agenor. Por sorte ou capricho do destino haviamos parado a poucos metros do grande Salão das Pegáguas. Na ocasião, não tinhamos ideia do que nos aguardava à frente e talvez tenha sido melhor assim. Ao longo do Blog veremos muitas outros relatos desta caverna que nos rendeu muitas viagens ao longo de cerca de 2 anos de intensa atividade.

O início da topografia na Gruta de Páscoa

No segundo dia, antes de iniciar as topografias na caverna recém descoberta, voltamos à nosso objetivo principal (encontrar o rio da Passoca!) e fomos em 2 grupos topografar a Gruta de Páscoa que fica bem próxima à Passoca. Enquanto o Toni, Daisy, Caê, César, Gelson e Cris topografavam os salões e condutos superiores, eu e a Renata descemos um abismo que acessa uma pequena rede inferior a cerca de 30m abaixo.

A intenção era mesmo de encontrar alguma conexão com a Passoca e a expectativa era grande. Fui aconselhado por um guia (o Ditinho) a ir para a Páscoa e investigar uma certa passagem estreita que fica após esse abismo.

Na ocasião da exploração, esse guia “entalou” nesta passagem e a mesma ficou pendente para alguém menor. Apesar dos apertos a caverna não se estendeu muito mais após essa passagem.


 Nesta ocasião topografamos até o abismo, terminando com uma visada até o fundo. Profundidade do lance na trena: 28m. Ficou pendente mapear as galerias inferiores.

O Retorno à Agenor e a descoberta do Salão Pegáguas

O terceiro dia do feriado foi dedicado à caverna encontrada no primeiro dia (Agenor!).
Mapeamos cerca de 150m e deixamos várias pendências e condutos em aberto. A topo seguiu o desenvolvimento principal da caverna até encontrar o rio. Depois seguimos pelo conduto ativo, acessamos uma fenda, atravessamos a água parada (ponto de retorno do primeiro dia) e resolvemos desencanar de topografar quando, a alguns metros após a água-parada, nossas luzes encontraram um enorme vazio. Era um grande salão que não foi encontrado no primeiro dia por questão de alguns metros.


O potencial da caverna estava naquele momento revelado. Exploramos algumas passagens e planejamos as próximas investidas. O chão de “dunas” de areia tinha marcas que pareciam pegadas e que na verdade foram formadas pelo gotejamento de água (as “pegáguas”).


Deixamos em aberto um conduto que teria que ser acessado com equipamentos de vertical e uma pequena escalada. Sem dúvida o salão era uma ótima oportunidade para a recém adquirida trena a Laser. Os que estavam nesta ocasião faziam suas apostas: "50m de diâmetro, uns 20 de altura"...

A gruta foi cadastrada como Caverna do Agenor e nela dedicaríamos um bom tempo dos anos seguintes.

Ah! A origem do nome da caverna foi uma homenagem ao morador local, que havia nomeado as outras grutas em sua terra com os nomes de alguns parentes, mas que ainda faltava uma homenagem à sua própria pessoa. Um agradecimento pequeno diante das inúmeras vezes que o Sr Agenor nos acolheu em sua casa sempre com muita simpatia e atenção!


Um forte sobrevivente de uma área cheia de história e incertezas. Em breve compilaremos a hsitoria deste local e deste forte homem.