"E impelido pela minha ávida vontade, imaginando poder contemplar a grande abundância de formas várias e estranhas criadas pela artificiosa natureza, enredado pelos sombrios rochedos cheguei à entrada de uma grande caverna, diante da qual permaneci tão estupefato quanto ignorante dessas coisas. Com as costas curvadas em arco, a mão cansada e firme sobre o joelho, procurei, com a mão direita, fazer sombra aos olhos comprimidos, curvando-me cá e lá, para ver se conseguia discernir alguma coisa lá dentro, o que me era impedido pela grande escuridão ali reinante. Assim permanecendo, subitamente brotaram em mim duas coisas: medo e desejo; medo da ameaçadora e escura caverna, desejo de poder contemplar lá dentro algo que me fosse miraculoso"

Leonardo Da Vinci

segunda-feira, 24 de março de 2008

Feriado de 12 de outubro de 2006 / A Descoberta da Caverna do Agenor

por Daniel Menin



Neste feriado prolongado de 12 de outubro houve mais uma viagem ao PETAR.
Estavam presentes Eu, a Renata, Gelson, Toni, Cris, Caê e Daisy.

A descoberta da Agenor

Entre outras atividades pretendíamos continuar com os trabalhos na caverna Passoca e arredores. Um dos objetivos era de iniciar uma escalada artificial na caverna para tentar acessar uma possível continuação em condutos superiores. Outro objetivo era prospectar as proximidades da Passoca buscando novas cavernas ou possíveis entradas que evitassem a escalada subterrânea. Apesar daquela região ser bastante promissora, existem poucas cavernas cadastradas ou conhecidas próximo à Passoca.
Como a chuva não deu muita trégua, acabamos não entrando na Passoca e dedicamos mais tempo no entorno. A região apresenta certo potencial vertical, todas as cavernas que conhecemos naquela área se desenvolvem consideravelmente neste sentido.

No primeiro dia batemos bastante mato e acabamos encontrando algumas entradas tentadoras.


Exploramos um pequeno abismo bastante próximo da caverna Passoca, porém, este não revelou resultados mais expressivos. Entre outras entradas estreitas nos afloramentos de calcáreo da região, encontramos uma fenda vertical que deu acesso a uma caverna bem promissora. A Descida é realizada em uma desescalada meio desajeitada, mas que pode ser vencida sem o auxílio de equipamentos. Descemos eu e a Renata para dar uma olhada enquanto que o César e a Daisy preferiram ficar do lado de fora. Após a passagem de um desmoronamento acessamos um amplo conduto fóssil. Saíam outros condutos menores em várias direções, mas resolvemos seguir pelo caminho mais evidente.


O conduto descia até acessar uma fenda, em forma de cuia onde era preciso desescalar pelas laterais, rodeando a "cuia" pelas bordas. Já neste pontos escutávamos um forte barulho de queda d'água. Ao descer a "cuia" acessamos uma cachoeira, pela parte de cima. Desescalamos pela lateral, por tráse de um grande bloco até chegarmos a uma fenda, de solo com seixos e teto bastante alto. Exploramos com uma certa pressa pois metade da equipe tinha ficado do lado de fora. Seguimos por esta fenda até chegarmos a uma parte onde havia um acúmulo de água parada no solo e para transpô-lo teríamos que nos molhar mais um pouco. Resolvemos voltar a partir dali e deixar para nos molhar da próxima vez. Confesso que decidir voltar quando a caverna continua é bem difícil, mas também já havíamos explorado o suficiente para um dia todo de topografia. Neste dia a equipe estava pequena e a chuva bem forte este foi o outro motivo de explorarmos apenas uma parte da caverna deixando vários condutos e uma promissora continuação para os dias seguintes. Esta foi a primeira descida na caverna do Agenor. Por sorte ou capricho do destino haviamos parado a poucos metros do grande Salão das Pegáguas. Na ocasião, não tinhamos ideia do que nos aguardava à frente e talvez tenha sido melhor assim. Ao longo do Blog veremos muitas outros relatos desta caverna que nos rendeu muitas viagens ao longo de cerca de 2 anos de intensa atividade.

O início da topografia na Gruta de Páscoa

No segundo dia, antes de iniciar as topografias na caverna recém descoberta, voltamos à nosso objetivo principal (encontrar o rio da Passoca!) e fomos em 2 grupos topografar a Gruta de Páscoa que fica bem próxima à Passoca. Enquanto o Toni, Daisy, Caê, César, Gelson e Cris topografavam os salões e condutos superiores, eu e a Renata descemos um abismo que acessa uma pequena rede inferior a cerca de 30m abaixo.

A intenção era mesmo de encontrar alguma conexão com a Passoca e a expectativa era grande. Fui aconselhado por um guia (o Ditinho) a ir para a Páscoa e investigar uma certa passagem estreita que fica após esse abismo.

Na ocasião da exploração, esse guia “entalou” nesta passagem e a mesma ficou pendente para alguém menor. Apesar dos apertos a caverna não se estendeu muito mais após essa passagem.


 Nesta ocasião topografamos até o abismo, terminando com uma visada até o fundo. Profundidade do lance na trena: 28m. Ficou pendente mapear as galerias inferiores.

O Retorno à Agenor e a descoberta do Salão Pegáguas

O terceiro dia do feriado foi dedicado à caverna encontrada no primeiro dia (Agenor!).
Mapeamos cerca de 150m e deixamos várias pendências e condutos em aberto. A topo seguiu o desenvolvimento principal da caverna até encontrar o rio. Depois seguimos pelo conduto ativo, acessamos uma fenda, atravessamos a água parada (ponto de retorno do primeiro dia) e resolvemos desencanar de topografar quando, a alguns metros após a água-parada, nossas luzes encontraram um enorme vazio. Era um grande salão que não foi encontrado no primeiro dia por questão de alguns metros.


O potencial da caverna estava naquele momento revelado. Exploramos algumas passagens e planejamos as próximas investidas. O chão de “dunas” de areia tinha marcas que pareciam pegadas e que na verdade foram formadas pelo gotejamento de água (as “pegáguas”).


Deixamos em aberto um conduto que teria que ser acessado com equipamentos de vertical e uma pequena escalada. Sem dúvida o salão era uma ótima oportunidade para a recém adquirida trena a Laser. Os que estavam nesta ocasião faziam suas apostas: "50m de diâmetro, uns 20 de altura"...

A gruta foi cadastrada como Caverna do Agenor e nela dedicaríamos um bom tempo dos anos seguintes.

Ah! A origem do nome da caverna foi uma homenagem ao morador local, que havia nomeado as outras grutas em sua terra com os nomes de alguns parentes, mas que ainda faltava uma homenagem à sua própria pessoa. Um agradecimento pequeno diante das inúmeras vezes que o Sr Agenor nos acolheu em sua casa sempre com muita simpatia e atenção!


Um forte sobrevivente de uma área cheia de história e incertezas. Em breve compilaremos a hsitoria deste local e deste forte homem.

Um comentário:

Priscilla.N disse...

vcs são totalmente lokos.....

como ki conseguem fikar no meio de tantos insetos e num lugar mto abafado?

só dom de Deus mesmo...

admirei muito o trabalho de vcs...

bjO