"E impelido pela minha ávida vontade, imaginando poder contemplar a grande abundância de formas várias e estranhas criadas pela artificiosa natureza, enredado pelos sombrios rochedos cheguei à entrada de uma grande caverna, diante da qual permaneci tão estupefato quanto ignorante dessas coisas. Com as costas curvadas em arco, a mão cansada e firme sobre o joelho, procurei, com a mão direita, fazer sombra aos olhos comprimidos, curvando-me cá e lá, para ver se conseguia discernir alguma coisa lá dentro, o que me era impedido pela grande escuridão ali reinante. Assim permanecendo, subitamente brotaram em mim duas coisas: medo e desejo; medo da ameaçadora e escura caverna, desejo de poder contemplar lá dentro algo que me fosse miraculoso"

Leonardo Da Vinci
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quarta-feira, 25 de junho de 2014

Caverna do Agenor: retorno cheio de histórias e lembranças

Retornar a Caverna do Agenor depois de oito anos da descoberta foi uma grande emoção. Uma máquina do tempo que nos fez reviver as sensações vividas nos trabalhos de exploração e topografia.

Esta viagem tinha como objetivos a documentação fotográfica de áreas visitadas somente na ocasião da topografia, quando não foi possível se dedicar as fotos. Tínhamos também a intenção de voltar em regiões remotas da caverna, exploradas uma só vez e sem muito empenho. A distância, as dificuldades técnicas e a vontade de fazer tudo com calma nos levou a organizar um bivuaque, entrando na caverna Sábado de manhã e saindo no Domingo a tarde.

A atividade contou com a participação de 4 espeleólogos, dos quais 3 fizeram parte da história de exploração da gruta. Foi emocionante chegar nos lugares mais distantes e encontrar a caverna exatamente como estava em nossa memória. Cada passagem, cada escalada, cada rappel. Tudo repleto de lembranças e história.

Em uma região central, deixamos o mapa e uma carta a espeleólogos do futuro.

A Caverna do Agenor foi descoberta durante o projeto Paçoca e Arredores, que mapeou grutas importantes da região do Lajeado (PETAR), sobre o aquífero cárstico do Córrego Fundo. Uma equipe chegou na entrada da gruta quando procurava um acesso alternativo para a caverna Paçoca. Logo na primeira exploração, os espeleólogos se surpreenderam com o tamanho e diversidade da caverna. O nome é uma homenagem ao Sr Agenor, dono e morador da terra onde a gruta se encontra. A caverna teve seu mapa produzido entre 2006 e 2008. Com cerca de 4km de linha de trena e uma morfologia de condutos e salas fósseis em diferentes níveis, é uma  importante caverna da região. Todo o material produzidos durante as atividades de exploração encontra-se em documento entregue aos órgãos competentes. Os relatos e fotos das atividades, estão publicados aqui neste mesmo site.



(Fotos: Daniel Menin, Marcos Silverio e Carlos Grohmann)








 

 













segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Cavernas do Lageado (PETAR) na revista O Carste!

Acabou de ser publicado a revista O Carste, Volume 23 N1. 
Revista do Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleologicas.

Esta edição para mim é mais do que especial. Isso porque apresenta o resultado de cerca de cinco anos de um projeto que, junto com bons amigos, toquei na região do Lageado, no PETAR, em SP. Além dos relatos das viagens e histórico detalhado das descobetas, o artigo mostra fotos e publica os mapas gerados durante o projeto. Foram muitas viagens, muito suor na mata e dedicação debaixo da terra. Aventuras que geraram conhecimento, história, kilomentros de topografia, novas cavernas e boas decobertas.

Fica aqui este registro para quem já é assinante da revista e também inspiração para aqueles que ainda não conhecem este trabalho.

Um abraço e boa leitura,
Daniel Menin

Nota: para assinar a revista O Carste escreva para: azuias@yahoo.com.br

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quebra-cabeça

Mais uma peça para nosso Quebra-cabeça.
Aos poucos vamos juntando as partes e preenchendo a região com seus mapas subterrâneos...

(mapa de parte do Lajeado, PETAR e algumas de suas cavernas plotadas)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Publicado novo mapa do Abismo da Marreca

A Caverna ou Abismo da Marreca (SP-50) é uma importante caverna localizada na região do Lajeado, no PETAR, SP. Sua importância dá-se principalmente a seu valor historico e localização.

O Acesso à caverna é realizado através da descida de um abismo com cerca de 20m e exige o auxílio de corda e conhecimento de técnicas verticais. Após a descida dá-se acesso a seus condutos e salões até chegar a mais uma íngreme descida (necessário cordas) para acessar um grande salão na parte de maior desnível da gruta. 

Com visitas mais frequentes na decada de 60, a caverna apresenta em algumas partes uma serie de inscrições (predatorias) datadas daquela época e alguns acessórios antigos deixados no interior da gruta (detalhe para uma lâmpada calcificada e já totalmente incrustada nas concreções). A caverna apresenta também salões volumosos, com a presença de ossos e formações delicadas. Detalhes para algumas grandes colunas e escorrimentos um belo “disco”, formação não muito frequente.


Em meados de Março de 1966 a caverna teve seu mapeamento realizado pelo Espeleo Grupo de Londrina e também outras tentativas de continuidade realizadas no mesmo ano pelo CAP (Clube Alpino Paulista), durante expedições que se passavam na Gruta de Areias.

Mapa do Abismo da Marreca (Espeleo Grupo de Londrina - 1966)


Mapa do Abismo da Marreca (CAP 1966)


Através do Projeto Paçoca e Arredores (Sistema Corrego-Fundo) observamos a necessidade de remapear a caverna seguindo os mesmos criterios de detalhamento das outras cavernas mapeadas na região.

Os trabalhos de tropografia e mapeamento foram realizados no início de 2010 e o novo mapa publicado em Julho deste mesmo ano.

Para este mapa demos especial atenção a representar a caverna além de sua planta, mas também realizando um corte em perfil detalhado. Desta forma é possível ter uma imagem bastante próxima à realidade não somente da morfologia da gruta, mas também da localização de pontos importantes na caverna (ossos, disco, abismos, pérolas, etc...). Cabe lembrar que a qualidade do mapa só reflete a riqueza destes detalhes na caverna porque os mesmos foram cuidadosamente bem representados em um excelente croquis, obra do nosso amigo arquiteto Marcos. Valeu Marcão!



Mapa atual do Abismo da Marreca (2010- Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleologicas)

O mapa está disponível na Mapoteca da Redespeleo Brasil e as informações detalhadas sobre o histórico da caverna encontra-se no Projeto Paçoca e Arredores (pdf disponibilizado ao governo e entidades competentes).

União de projetos entre caverna Paçoca e Corrego Fundo dá maior abrangência a trabalhos no PETAR

Republicação de artigo do Conexão Subterrânea N. 77 (14/04/2010),  com adição de mais dados e imagens.

Em meados de março uma equipe de espeleólogos do (GBPE) Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas realizou uma viagem à Região da Caverna Paçoca, no Vale do Ribeira em São Paulo. O objetivo da viagem foi dar continuidade a dois importantes projetos que vinham sendo realizados na região: o Projeto Paçoca e arredores, coordenado por Daniel Menin e Renata Andrade (iniciado quando ambos pertenciam ao GPME (Grupo Pierre Martin de Espeleologia), e os trabalhos de mapeamento no Sistema Córrego Fundo, realizados pelo Grupo Bambuí para a publicação do livro As Grandes Cavernas do Brasil (2001, Auler. A, Rbbioli.E, Brandi,R). Estas duas frentes são bastante complementares, visto que a Gruta Córrego Fundo e a Caverna da Paçoca representam pontos de recarga de um mesmo aquífero cárstico, com drenagem no Bairro da Serra, e pertencem  portanto, ao mesmo sistema hídrico.


Mapa Aquíferos Carstico - PETAR (destaque para Sistema Corrego-Fundo - Maiores Informações vide Projeto Corrego-Fundo (GBPE) - Fonte primária: Revista do Instituto Geológico, São Paulo, 2003.

Vale lembrar que, entre outros resultados, o Projeto Paçoca gerou o re-mapeamento detalhado desta caverna com a inclusão de novas continuidades e galerias; o mapeamento da Gruta de Páscoa com a descoberta de uma nova saída da caverna e a descoberta da Caverna do Agenor, importante gruta da região, com quase 3 km de desenvolvimento. Na ocasião desta última viagem, foi remapeado o Abismo da Marreca, utilizando o mesmo padrão de detalhamento dos mapas que foram produzidos pelo projeto e também foi iniciada  a escalada da  cachoeira situada na caverna Paçoca, que era uma pendência do projeto, até então. 
A compilação de todos os dados do Projeto Paçoca e arredores com os mapas atualizados e a adição de novos dados históricos sobre a região está pronta e já foi  encaminhada  às entidades competentes (caso tenha interesse em obter o estudo entre em contato com os coordenadores do projeto).
Esta união dos dois projetos traz um novo fôlego para os trabalhos a serem realizados na região e promete outras descobertas e belos mapas nos anos que virão. Agradecemos ao Parque Estadual do Alto do Ribeira (PETAR), ao CECAV, ao GBPE (Grupo Bambuí) e a todos aqueles que acreditam e participam de forma positiva destes trabalhos espeleológicos.




sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Alguns Absimos no Lageado

Desde a primeira vez em que estive no PETAR me apaixonei pela região do Lageado. Não é a toa que há anos batemos mato naquela área topografando, retopografando e descobrindo várias cavernas. O Projeto Juvenal, de 2001 a 2005 só veio adicionar mais tempero nessa relação. Me aproximei de outros excelentes espeleologos e conheci melhor um dos mais profundos abismos do Brasil.
Mas não é sobre o Juvenal que escrevo a seguir, mas sim sobre algumas cavernas que, durante estes anos, foram encontradas, perdidas, reencontradas, perdidas novamente...
Algumas delas foram cadastradas, outras ficaram somente na referência. Muitas foram realmente mapeadas, outras, ainda estão em mapeamento e ainda outras, talvez nunca cheguem a ser mapeadas.

Com frequencia outras pessoas batem mato e reencontram cavernas já exploradas e mapeadas. Isto é comum e por isto mesmo devemos ter bastante cautela para não reescrevermos uma história já existente. Mas sem dúvida nenhuma, a pior das hipóteses é quando a caverna é descoberta, explorada, mapeada e depois de anos e anos o trabalho simplesmente se perde. E isto acontece ou proque surgem novas tecnologias que deixam os registros anteriores obsoletos ou porque o autor (ou grupo), por descaso acaba perdendo o trabalho em alguma gaveta ou (mais modernamente) pasta esquecida...

Dentro do grupo (GPME), por mais que prezávamos pela topografia imediata, no momento da descoberta ou da exploração de um abismo, por exemplo, nem sempre isto acontece e mapas que poderiam existir ficam para outras ocasiões.

Pois vamos então parar de lero-lero e deixar aqui alguns mapas desta região. Resolvi postar mapas pequenos e que tenho aqui comigo. Acontece que nos últimos anos estivemos bem ativos na região não somente retomando trabalhos antigos mas começando novos e alguns mapas ainda não foram publicados. Por hora, coloco abaixo mapas de alguns abismos que recentemente estivemos.

Enjoy!

Este aqui é de um abisminho (ainda sem nome) que descemos em 2006, acho. Eu havia passado por ele há uns 6 ou 7 anos e coincidentemente o Marcos e o Dennys também. Pois após N vezes que combinamos de voltar para descer e mapear acabamos conseguindo fazê-lo somente em 2006. Como de costume descemos equipando e explorando e subimos mapeando posi estávamos somente em 3 pessoas (Eu a Re e o Marcos... o Dennys furou).

Nesta mesma viagem, acabamos encontrando mais um abismo, bem pertinho deste. Trata-se de uma fenda, longa e bem promissora. Até acho que era esse que eu tinha vindo na ocasião dos tempos remotos e não o anterior.
Descemos equipando e subimos mapeando. Apesar de promissor, o abismo fechou com apenas cerca de 65m de profundidade. Nenhum vestígio de presença humana. Nem pegadas, nem spits batidos...


Ambos estes 2 abismos ficam bem próximos à estrada do lageado, menos de 1km após o trevo com a estrada Bairro de Serra-Apiaí.
Caverna de Pascoa:

A caverna de Pascoa foi uma boa dica do Ditinho, guia e amigo do PETAR. Ao saber que estávamos trabalhando na área da Passoca o Dito nos contou que havia descido um abismo, no fim da caverna, e encontrado uma pequena passagem. Tão pequena, que devido à sua "falta de forma" não conseguiu passar deixando a suposta continuação da caverna para um espelelogo mais "magrelo".
Marcamos uma viagem para mapear a caverna e tentar encontrar a tal passagem pequena.


Logo na primeira investida topografamos boa parte da gruta. Na segunda investida, esta com 2 equipes descemos o abismo e topografamos boa parte das galerias inferiores. Em uma terceira viagem eu e a Renata, em 2 dias de atividades, averiguamos todas as possíveis continuações intermediárias (entre o stor superior e o fundo do abismo) em um complexo vertical cheio de passagens e condutos apertados.


Em mais uma viagem, agora em um feriadão prolongado, conseguimos unir uma excelente equipe vertical e vencemos o extremo Norte da caverna e em uma série de escaladas (cerca de 40m escalados). Foi desta vez, através de uma fenda e abaixo de uma boa chuva que, eu e o Renato encontramos um grande salão e... outra boca! Mapeamos tudo neste feriado mesmo. Para maiores detalhes busque neste Blog mesmo os relatos da Pascoa.

Segue o mapa finalizado desta bela travessia.


Outros mapas da região estão espalhados pelo Blog ou em outras postagens ou junto aos relatos de trabalhos.