"E impelido pela minha ávida vontade, imaginando poder contemplar a grande abundância de formas várias e estranhas criadas pela artificiosa natureza, enredado pelos sombrios rochedos cheguei à entrada de uma grande caverna, diante da qual permaneci tão estupefato quanto ignorante dessas coisas. Com as costas curvadas em arco, a mão cansada e firme sobre o joelho, procurei, com a mão direita, fazer sombra aos olhos comprimidos, curvando-me cá e lá, para ver se conseguia discernir alguma coisa lá dentro, o que me era impedido pela grande escuridão ali reinante. Assim permanecendo, subitamente brotaram em mim duas coisas: medo e desejo; medo da ameaçadora e escura caverna, desejo de poder contemplar lá dentro algo que me fosse miraculoso"
Leonardo Da Vinci
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sábado, 30 de agosto de 2014
Catedral iluminada
Foi publicada na seção fotolab da Revista Pesquisa Fapesp de agosto de 2014 uma foto da Caverna do Diabo referente à pesquisa de mestrado na FAUUSP sobre o uso público de cavernas.
Apesar da beleza da caverna os danos causados pelas estruturas de visitação são notáveis e servem de aprendizado para o que não se deve fazer nas cavernas. Estruturas de concreto armado e a iluminação elétrica fixa "ainda" causam grande impacto ao ambiente.
link para a revista
http://revistapesquisa.fapesp.br/2014/08/21/catedral-iluminada/
terça-feira, 29 de maio de 2012
Fotos do Vale do Ribeira
Fotos tiradas durante aula de campo da disciplina Geologia de Terrenos Cársticos do IGc-USP em maio de 2012.
Gruta da Tapagem (Caverna do Diabo)
Vale do Betari - Núcleo Santana Iporanga / SP
Gruta da Tapagem (Caverna do Diabo)
segunda-feira, 19 de março de 2012
Caverna do Diabo
"Bem que o Marcos disse que seria divertido". Repeti mentalmente essa frase várias vezes durante as atividades do final de semana dos dias 2 e 3 de Março.
Estávamos ajudando os estudos de campo do Mestrado de nossa amiga Bruna, mas devido a atividade ser em caverna tão ilustre, a ação foi bem além de minhas expectativas.
Entramos pela entrada turística, seguimos por uma bela rede fóssil da caverna para as áreas de coleta de sedimentos. Acessamos diversos lances verticais, escaladas, cordas, desmoronamentos e abismos até chegarmos ao grande conduto do rio. Por ele seguimos transpondo cachoeiras, passagens a nado, desmoronamentos e grandes salões até chegarmos quase no final da gruta. Voltamos no mesmo dia para a entrada turística e deixamos as cordas para serem retiradas no dia seguinte. Estávamos cansados. Na verdade, exaustos. Mas também estávamos felizes da vida por mais um belo dia de espeleologia. Fui dormir e por mais rápido que o sono tenha vindo ainda deu tempo de repetir mais uma vez silenciosamente: "bem que o Marcos disse que seria divertido".
Fotos de Daniel Menin e Marcos Silverio
sábado, 8 de novembro de 2008
DESCOBERTA DO SIFÃO DO RALO - PROCAD II (Caverna do Diabo – 01.05.98)
Já eram mais de 20h quando nos separamos do grupo do Roberto / Beroaldo no Salão “Gigantes Caídos”. O Beroaldo ficou nos passando as informações necessárias para começarmos a topografia.
O objetivo inicial de topografar o Salão Philippe foi alterado devido ao avançado horário, precisaríamos de pelo menos 6h de topografia e contávamos com menos de 3h.
O Beroaldo nos deu as indicações de um salão superior, mas que também ficaria para uma próxima investida e do “Y” no nível do rio, que faríamos naquela noite.
Segundo ele uma das pernas do “Y” terminava num pequeno lago, pouco adiante. Decidimos começar a topo do final da galeria para o “Delta”.
Fomos caminhando até o final da galeria e nos arrastamos por um quebra-corpo, tendo o grande desmoronamento dos Gigantes Caídos a nossa direita. Chegamos a uma galeria pequena e com mais um lago. O lago continuava e tendia à esquerda saindo do eixo da galeria dos Gigantes Caídos.
A medida que avançávamos aumentavam as dimensões do lago. Passando por um teto baixo (40cm + ou -) chegamos ao maior salão de aproximadamente 20m de comprimento uns 7m de largura e 3 de altura (a partir da água) e uma profundidade maior que 2 metros (não fui até o fundo do salão pois nos parecia um sifão).
Não havia circulação de ar e a água nos pareceu parada também. Até uns 7 metros antes da parede final do salão há bastante areia no chão, mas a medida que vai se avançando ao final dele, o chão vai se inclinando de todos os lados para o centro (parecendo um ralo), o que nos causa a impressão de que ele quer nos puxar para si, e sem depósitos sedimentares (só pedra), ficando difícil de se manter em pé.
Tivemos a impressão de que o lago tem uma comunicação com outra galeria e que quando há uma inundação neste a água circula para o outro lado. Talvez valesse a pena uma exploração através de mergulho.
Percebemos a marca de inundações nas paredes, a água atinge facilmente o teto da galeria. Explorei uma pequena chaminé na entrada do lago mas não subi mais que 2 metros. O Chico deu uma olhada no lado do desmoronamento junto com o Renato, mas não avançou por entre os blocos. Ao todo a nova galeria deve acrescentar uns 50m à Caverna.
Começamos a topo do fundo do lago para o delta, como combinado anteriormente. Na 4ª visada demos uma olhada no relógio e já eram 22:30, estávamos em cima da hora para sairmos.
Por esse motivo abortamos a topografia, usamos o pouco tempo que tínhamos com a exploração da descoberta. Arrumamos nossas coisas e saímos correndo, já eram 23h. Havíamos combinado de voltar no dia seguinte, mas não conseguimos prosseguir com os trabalhos.
Equipe:
Francisco José Sarpa Lima - equipamentos
Renato Moreira Cavalcante – ponta de trena
Rosângela Rodrigues de Oliveira - anotações
Marcos Otavio Silverio - croquis
O objetivo inicial de topografar o Salão Philippe foi alterado devido ao avançado horário, precisaríamos de pelo menos 6h de topografia e contávamos com menos de 3h.
O Beroaldo nos deu as indicações de um salão superior, mas que também ficaria para uma próxima investida e do “Y” no nível do rio, que faríamos naquela noite.
Segundo ele uma das pernas do “Y” terminava num pequeno lago, pouco adiante. Decidimos começar a topo do final da galeria para o “Delta”.
Fomos caminhando até o final da galeria e nos arrastamos por um quebra-corpo, tendo o grande desmoronamento dos Gigantes Caídos a nossa direita. Chegamos a uma galeria pequena e com mais um lago. O lago continuava e tendia à esquerda saindo do eixo da galeria dos Gigantes Caídos.
A medida que avançávamos aumentavam as dimensões do lago. Passando por um teto baixo (40cm + ou -) chegamos ao maior salão de aproximadamente 20m de comprimento uns 7m de largura e 3 de altura (a partir da água) e uma profundidade maior que 2 metros (não fui até o fundo do salão pois nos parecia um sifão).
Não havia circulação de ar e a água nos pareceu parada também. Até uns 7 metros antes da parede final do salão há bastante areia no chão, mas a medida que vai se avançando ao final dele, o chão vai se inclinando de todos os lados para o centro (parecendo um ralo), o que nos causa a impressão de que ele quer nos puxar para si, e sem depósitos sedimentares (só pedra), ficando difícil de se manter em pé.
Tivemos a impressão de que o lago tem uma comunicação com outra galeria e que quando há uma inundação neste a água circula para o outro lado. Talvez valesse a pena uma exploração através de mergulho.
Percebemos a marca de inundações nas paredes, a água atinge facilmente o teto da galeria. Explorei uma pequena chaminé na entrada do lago mas não subi mais que 2 metros. O Chico deu uma olhada no lado do desmoronamento junto com o Renato, mas não avançou por entre os blocos. Ao todo a nova galeria deve acrescentar uns 50m à Caverna.
Começamos a topo do fundo do lago para o delta, como combinado anteriormente. Na 4ª visada demos uma olhada no relógio e já eram 22:30, estávamos em cima da hora para sairmos.
Por esse motivo abortamos a topografia, usamos o pouco tempo que tínhamos com a exploração da descoberta. Arrumamos nossas coisas e saímos correndo, já eram 23h. Havíamos combinado de voltar no dia seguinte, mas não conseguimos prosseguir com os trabalhos.
Equipe:
Francisco José Sarpa Lima - equipamentos
Renato Moreira Cavalcante – ponta de trena
Rosângela Rodrigues de Oliveira - anotações
Marcos Otavio Silverio - croquis
O SALÃO DEDITOS - PROCAD99 (01.05.99)
Estávamos voltando da topografia do salão das Pérolas Coloridas quando resolvemos dar uma olhada num escorrimento que o Beroaldo havia nos mostrado. Ele disse que ali poderia haver uma continuação.
O Roberto foi na frente, seguido pelo Dennys e por mim, subindo pelo escorregadio escorrimento. Ele subiu na lateral esquerda da galeria do rio próximo à parte turística. Uma pequena subida fácil num trecho inclinado e escorregadio, passando por um lance mais apertado e por baixo de um escorrimento. No fim da subida a uns 10m de altura há uma passagem estreita e alta que sai num patamar bem protegido, atrás de uma grande coluna. No sentido das Ostras podemos ver a galeria do rio, bem lá embaixo, do outro lado mais alguns escorrimentos e um indício de uma possível continuação.
Depois de uma rápida analisada resolvemos tentar. O pessoal da travessia encontrara conosco e o Roberto foi acompanhar a saída do pessoal junto com o Beroaldo. Eu sai em disparada atrás do Beroaldo que estava com a corda e se animou a voltar também. Lá em cima no patamar pudemos ver que havia um degrau bem acima de nós, subindo nas colunas atrás pudemos ver que havia uma continuação bem para o alto. Não perdemos tempo, ficamos revezando as tentativas de laçar umas estalagmites e uma laca lá em cima.
O Dennys finalmente conseguiu laçar, ajeitamos a corda e ancoramos uma ponta numa grande pedra, pela outra eu já subia animado com as possibilidades de uma descoberta. Eu resolvi dar uma olhada antes de equipar melhor a subida, o salão começa logo na lateral da galeria onde está o patamar, bem inclinado ele sobe muito e se apresenta bem ornamentado. Canudos pretos contrastam com outros brancos, e no chão vários repousam quebrados.
Logo no início da subida há uma outra passagem mais alta que aparentemente passa por cima da galeria do rio, mas que necessita de uma segurança maior para ser escalada. No outro lado lá em cima outra galeria de difícil acesso, pensamos em laçar uma mite mas seria muito difícil conseguirmos lançar uma corda há mais de 10m de altura. A esquerda existe uma páleo galeria bem horizontal que, quase na altura da parte turística, segue em direção a galeria do rio, encontrando-a numa cota bem elevada.
Voltando a subida eu coloquei outra corda amarrada a uma pedra para que o Dennys e o Beroaldo pudessem subir. Estimamos em mais de 150m o desenvolvimento desta galeria, e ainda falta explorar as duas subidas para as galerias mais altas. Ele apresenta vários espeleotemas se destacando os canudos pretos e os muito brancos. O chão é todo forrado deles. Há também algumas pequenas flores de calcita e escorrimentos.
É uma grande descoberta, não só pelas dimensões mas também por estar a apenas 15min da entrada turística. Em homenagem aos canudos pretos demos o nome de Deditos ao salão, deixamos lá uma corda para prosseguir com as explorações e com a topografia. Saímos cansados e já bem tarde, mas com sorrisos enormes nos rostos, valeu.
No Procad 2000 nós topografamos o salão Deditos e exploramos uma das paredes laterais, após uma escalada de 15m cheguei a um patamar e de lá eu consegui ver um grande salão se desenvolvendo sobre a galeria do rio no sentido da parte turística. Como estava sozinho lá em cima e depois de topografar o Deditos eu não arrisquei o último lance até o salão, o cansaço falou mais alto, ficou para a próxima.
O Roberto foi na frente, seguido pelo Dennys e por mim, subindo pelo escorregadio escorrimento. Ele subiu na lateral esquerda da galeria do rio próximo à parte turística. Uma pequena subida fácil num trecho inclinado e escorregadio, passando por um lance mais apertado e por baixo de um escorrimento. No fim da subida a uns 10m de altura há uma passagem estreita e alta que sai num patamar bem protegido, atrás de uma grande coluna. No sentido das Ostras podemos ver a galeria do rio, bem lá embaixo, do outro lado mais alguns escorrimentos e um indício de uma possível continuação.
Depois de uma rápida analisada resolvemos tentar. O pessoal da travessia encontrara conosco e o Roberto foi acompanhar a saída do pessoal junto com o Beroaldo. Eu sai em disparada atrás do Beroaldo que estava com a corda e se animou a voltar também. Lá em cima no patamar pudemos ver que havia um degrau bem acima de nós, subindo nas colunas atrás pudemos ver que havia uma continuação bem para o alto. Não perdemos tempo, ficamos revezando as tentativas de laçar umas estalagmites e uma laca lá em cima.
O Dennys finalmente conseguiu laçar, ajeitamos a corda e ancoramos uma ponta numa grande pedra, pela outra eu já subia animado com as possibilidades de uma descoberta. Eu resolvi dar uma olhada antes de equipar melhor a subida, o salão começa logo na lateral da galeria onde está o patamar, bem inclinado ele sobe muito e se apresenta bem ornamentado. Canudos pretos contrastam com outros brancos, e no chão vários repousam quebrados.
Logo no início da subida há uma outra passagem mais alta que aparentemente passa por cima da galeria do rio, mas que necessita de uma segurança maior para ser escalada. No outro lado lá em cima outra galeria de difícil acesso, pensamos em laçar uma mite mas seria muito difícil conseguirmos lançar uma corda há mais de 10m de altura. A esquerda existe uma páleo galeria bem horizontal que, quase na altura da parte turística, segue em direção a galeria do rio, encontrando-a numa cota bem elevada.
Voltando a subida eu coloquei outra corda amarrada a uma pedra para que o Dennys e o Beroaldo pudessem subir. Estimamos em mais de 150m o desenvolvimento desta galeria, e ainda falta explorar as duas subidas para as galerias mais altas. Ele apresenta vários espeleotemas se destacando os canudos pretos e os muito brancos. O chão é todo forrado deles. Há também algumas pequenas flores de calcita e escorrimentos.

No Procad 2000 nós topografamos o salão Deditos e exploramos uma das paredes laterais, após uma escalada de 15m cheguei a um patamar e de lá eu consegui ver um grande salão se desenvolvendo sobre a galeria do rio no sentido da parte turística. Como estava sozinho lá em cima e depois de topografar o Deditos eu não arrisquei o último lance até o salão, o cansaço falou mais alto, ficou para a próxima.
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