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St-Antonin - Montagne Ste-Victoire;
Cidade: Aix-en-Provence
Departamento: Alpes de haute Provence;
Visita de treinamento técnico vertical;
27 de Fevereiro de 2005 – Grupo CAF ( Clube Alpin Francaise – contact Richard);
Eis a primeira caverna que efetivamente visitei na França. Após participar de algumas reuniões no CAF (Clube Alpino Frances) mostrando fotos e algumas revistas do Brasil fui convidado a acompanhar uma turma em uma saída de treinamento. Cabe lembrar que fazia pouco tempo que eu estava no país e a comunicação com as pessoas em francês não estava lá grande coisa.
Consegui entender que a caverna ficava no Mont Sant Victoire e que deveríamos nos encontrar em uma avenida, perto da casa em que eu estava hospedado, às 5hs da manhã, em ponto.
O resto, não entendi muito bem mas não poderia deixar de ser detalhes insignificantes.
Na manhã combinada e no local exato encontrei o Richard e o Christofe e outros integrantes do CAF em um tradicional velho furgão branco de espeleólogo, digamos de passagem, carro adequadíssimo à atividade.
Uma meia hora de estrada e já estávamos a beira do maciço de Sant Victoire, uma imponente montanha de calcário completamente exposto com cerca de 800m de altura de sua base a seu cume.
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Iniciamos a trilha de subida antes mesmo que eu pudesse me preparar psicologicamente. “Hoje será um dia daqueles!”, pensei comigo mesmo.
A subida, que por si já penante, foi obviamente agravada pelo peso dos equipamentos de vertical, cordas e tudo o mais. Até certo ponto caminhamos sobre o calcário, em trilhas bastante íngremes. Depois, iniciamos vias mais inclinadas e passando a “escalaminhar”.
A beleza era deslumbrante e contribuiu bastante para que o tempo passasse rápido. Na verdade, a subida nem foi tão pesada como eu imaginava (nada como um pessimismo nestas horas!). O clima frio, o céu absolutamente azul e a beleza do lugar compensavam o esforço. As montanhas vizinhas, outrora altas, agora não passavam de pequenos morrotes, lá embaixo.
Cerca de 3 horas depois de iniciarmos a subida já estávamos praticamente no cume. Paramos para comer em um pequeno platô há alguns metros da parte mais alta da montanha.
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Almoçamos ali, entre uma deslumbrante vista. Segundo os franceses, podíamos sentir a brisa do mar de Marseille, há cerca de 50km a Sul. As vezes um forte vento dava rajadas nervosas. Era o Mistral, que pode atingir enormes velocidades derrubando escaladores desavisados. Após uma boa sessão de queijos e vinhos, perfeito para o lugar, nos equipamos e iniciamos a descida do abismo, agora pela parte interior da montanha.
Maravilha!
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Trata-se de um abismo clássico, todo equipado e com diversas escolhas de ancoragem. Dois sucessivos poços acessam o fundo desmoronado de um grande salão. Um fracionamento negativo na metade do segundo lance exige um pouco de técnica do espeleólogo, porém, de forma geral o abismo pode ser considerado fácil.
Algumas galerias bastante ornamentadas nas partes mais profundas. Uma inscrição dos primeiros exploradores e os restos das escadas utilizadas nas primeiras explorações são encontradas no fundo do abismo. Ao chegar na inscrição notamos uma assombrosa coincidência: Estávamos exatamente à 67 anos do dia em que o abismo foi explorado.
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No momento de subida me vi em uma situação um pouco inusitada: um dos espeleólogos, bastante cansado, não conseguiu transpor o fracionamento aéreo e se enroscou entre seus equipamentos e as cordas. Como eu era a pessoa abaixo mais próxima coube a mim prestar o devido socorro. Subi até ele, que estava suspenso na metade do maior lance, há cerca de 40m do fundo. Realizamos uma espécie de contra-peso para conseguir desenroscar o fulano e reconectá-lo à corda de subida. Ele não era tão leve mas confesso que a maior dificuldade não foi de levantá-lo e realizar a manobra mas sim de conseguir explicar em francês, o que eu estava fazendo.
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